vinhedo, Chandon
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Desde a sua chegada ao país em 1973, a Chandon foi pioneira em diversas iniciativas que marcaram e desenvolveram a viticultura nacional. Em 1977, lançou seu primeiro espumante, o Chandon Brut. No ano de 1998, a marca se destacou ao tornar-se a primeira vinícola brasileira 100% voltada para a elaboração de espumantes.

A empresa no Brasil vem acelerando o lançamento de novos espumantes nos últimos anos. O Chandon Passion é um espumante especialmente pensado para agradar o paladar brasileiro, feito com uvas aromáticas Moscato Canelli e Malvasia de Cândia, um toque de Pinot Noir e um blush rosado na cor. Com produção apenas no Brasil, Chandon Passion é um espumante único, fruto de uma inovação local.

Também para a compor com os produtos no mercado, nasceu o Chandon Excellence, a expressão máxima da marca, elaborado com as melhores uvas Chardonnay e Pinot Noir. Este assemblage entra em segunda fermentação e amadurece no mínimo 12 meses em tanques com as leveduras e, depois, 18 meses na garrafa. É um espumante excepcional, equilibrado e complexo.

Segundo Arnaud de Seignes, presidente global da Chandon, a empresa tem espírito pioneiro, atuando em países com diferentes culturas e características de solo e clima. Hoje, com operações no Brasil, Argentina, Austrália, China, Índia e Estados Unidos, a empresa busca criar espumantes que unem qualidade e magia, respeitando as características de cada local. “Nossos vinhos buscam a conexão com as pessoas, transmitindo conhecimentos adquiridos desde a França”, ressalta Arnaud.

“Nossos vinhos buscam a conexão com as pessoas, transmitindo conhecimentos adquiridos desde a França”

Arnaud de Seignes

CHANDON BRASIL AGREGA NOVO PRODUTO EM CELEBRAÇÃO DOS 50 ANOS

Philippe Mével, enólogo-chefe da Chandon Brasil, há mais de trinta anos se dedica a entender profundamente todo o processo de produção de uvas no Brasil e como transformá-las em bons espumantes. As inovações e os cuidados que ele propôs ao longo do tempo criaram fortes laços de respeito e reconhecimento com os produtores de uvas.

Desde o preparo da terra, passando pelo plantio, cuidados e colheita, tudo passa pelo acompanhamento de Philippe e seu time de agrônomos, que estão sempre conectados com os produtores.

O enólogo agora celebra o novo vinho comemorativo. O Chandon Cuvée 50 anos, lançado em comemoração da data, é fruto de muita pesquisa e degustações.

“Nós enólogos ficamos pensando muito sobre como poderíamos sintetizar os 50 anos de Brasil e as experiências acumuladas. Tínhamos que somar conhecimento sobre como fazer um espumante diferenciado”, reflete Philippe.

O time de enólogos chegou inicialmente ao entendimento que o espumante teria que ter as principais uvas: Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. “Começamos a pensar neste espumante em 2019, para que as leveduras pudessem ficar 50 meses maturando em tanque”, complementa.

Completando o ciclo em torno do número 50, a produção foi limitada a 50 mil garrafas.

A empresa também reinaugurou a Casa Chandon, em Garibaldi, como parte de sua celebração de aniversário. Após uma grande reforma, o espaço ficará aberto a todos para poderem visitar, degustar e adquirir os produtos.

RELACIONAMENTO PRÓXIMO AO PRODUTOR PERMITE MANTER A MOTIVAÇÃO NA ATIVIDADE E A QUALIDADE

A Chandon definiu a segurança do produtor como sua ocupação. Para tanto, investe na valorização das famílias produtoras.

São 80 famílias de viticultores produtores, que atuam em 500 hectares de vinhedos. A empresa atualmente adquire as uvas de 60 produtores, somando 2,5 milhões de quilos, e tem produção própria de mais 1 milhão de quilos.

Para se ter um parâmetro, o Estado do Rio Grande do Sul produz o total de 700 milhões de quilos uvas para processamento. Destas, 15 milhões são das variedades viníferas Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. O cultivo de 3,5 milhões de quilos de Pinot Noir é liderado pela Chandon, com um trabalho de artesão para realizar o manejo.

Os produtores Paulo e Daiane Panizzi, de Monte Belo do Sul, são um exemplo da parceria e relacionamento que vem desde 1995/1996. A Chandon forneceu as mudas vindas da França, buscando chegar à qualidade que necessitava. Posteriormente, deu suporte na renovação integral do método de plantio.

As propriedades de 5 a 10 hectares têm o tamanho ideal para as famílias conseguirem administrar a produção na área, sem ter que depender de contratação de terceiros. Geralmente, somente trabalham em família, por vezes apenas um casal faz todo o trabalho, que é o caso deles.

Os produtores indicam alguns motivos para tanto. O principal é o cuidado com as videiras, que exige dedicação, cuidado e conhecimento sobre trato, e tudo isso nem sempre ocorre em tempo que pode ser programado, mas a burocracia e a legislação trabalhista para o setor são complicadas também.

“Não temos como manter uma pessoa contratada em tempo integral devido aos custos e burocracias trabalhistas. Por vezes, necessitamos de algum suporte por apenas 10 a 15 dias, e não justifica a contratação”, explica Paulo.

Essa situação gera carga adicional de trabalho aos proprietários, mas ainda assim conseguem ser solidários com outros produtores nas vizinhanças. “Quando temos uma brecha de tempo em nossa propriedade, corremos aos nossos vizinhos que podem estar necessitando ajuda para colher as uvas, por exemplo”, comenta.

Não acomodados com todo o trabalho que têm com as uvas viníferas próprias e a ajuda comunitária, quando sobra tempo produzem uvas de mesa de variedade americana destinada para sucos. Por serem mais resistentes, complementam o portfólio e garantem alguma renda caso tenham algum problema na safra das outras variedades viníferas.

Paulo e Daiane Panizzi, à frente de suas uvas, em Monte Belo do Sul – RS (Crédito: Juliano Palma)

PARÂMETRO QUALITATIVO FICA MAIS ELEVADO NO MERCADO NACIONAL DE VINHOS

O programa de qualidade na Chandon Brasil foi iniciado em 1996, com o apoio de Philippe. O processo de melhoria de qualidade é usado para definir o valor a ser pago aos produtores. São nove parâmetros avaliados, que resultam numa nota para a uva. Tal nota define o valor a ser pago ao produtor.

A parceria dos produtores locais com a empresa promove o crescimento da quantidade de produção e da qualidade das uvas. A empresa verifica todo o processo: solo, amarração, uso de insumos de fertilizante e defensivos.

A melhor qualidade obtida acaba puxando todo o mercado para cima, estabelecendo novos parâmetros de preço. Toda a assistência técnica que realiza irradia para a produção de 20 milhões de quilos de uva, para poderem selecionar e adquirir as melhores.

O valor pago ao produtor de uvas chega a R$ 7,00 por kg para as melhores uvas na variedade Pinot Noir, que são mais difíceis de cultivar. Outros produtores de vinhos pagam de R$ 2,50 a 4,00, podendo eventualmente chegar a valores superiores para Pinot Noir.

Chandon faz os primeiros testes de cultivo em sua propriedade em Encruzilhada do Sul, onde leva os produtores para conhecer e vivenciar as inovações. Todas as inovações, quando validadas, acabam sendo irradiadas para todos os outros produtores, mesmo não sendo fornecedores da Chandon.

Tudo é monitorado com o uso de aplicativo digital, próprio para cultivo de videiras, que foi personalizado pela Chandon. Hoje, o aplicativo é usado por todo o mercado. Contam também com as mensagens diretas e as visitas. A comunicação é contínua entre os produtores e a empresa.

Paulo afirma que, fazendo todo o planejamento e seguindo todas as orientações, a compra é garantida. Apesar de apenas nove produtores terem contrato com Chandon no momento, a empresa tem planos de estendê-los a outros produtores à medida que os parâmetros de qualidade vão sendo atingidos.

Crédito: Juliano Palma

PREVISIBILIDADE GARANTE INVESTIMENTOS E EXPANSÃO

A Chandon é sempre a primeira empresa na região a realizar o pagamento aos fornecedores de uvas, na 1ª quinzena de abril. Isso permite a previsibilidade para o produtor, que pode programar os investimentos.

A família De Villa atesta a informação. É produtora de uvas também em Monte Belo do Sul, reunindo três gerações na propriedade, cuidando das vinhas e mantendo a cultura da viticultura.

Em seis pessoas, consegue colher de oito a nove mil quilos de uva em um dia! Tanto trabalho e esforço poderia afugentar muita gente. No entanto, a nova geração traz uma nova visão sobre a relação com as parreiras, buscando opções mais sustentáveis e o trabalho mais ameno.

Entre as iniciativas, pesquisam junto com a Chandon opções de biofertilizantes e biodefensivos. Bruna De Villa, neta do Sr. Rosalino que iniciou a relação com a Chandon em 1976, adota com o marido Gustavo Berselli a visão mais humanista e moderna.

As tecnologias, máquinas e outras inovações ajudam muito no cultivo em espaldeira, inclusive para o manejo humano. Bruna, que é psicóloga de formação, entende que “existe individualidade das videiras, cada uma tem uma vida e suas particularidades”. Com isso, os cuidados devem ser igualmente adequados para cada uma das plantas.

A aplicação desse manejo cuidadoso, os investimentos em equipamentos e máquinas, na aplicação de bioinsumos e biofertilizantes demandam muito investimento ao longo do ano. E, por vezes, basta uma chuva de granizo para colocar tudo a perder (felizmente, todos os produtores da região contam com seguro granizo para diminuir tais prejuízos).

Ao invés de herbicidas, estão experimentando a cobertura verde do solo com o plantio de amendoim forrageiro, aveia e outras gramíneas. Desta forma, conservam a umidade do solo e, mantendo a altura das plantas abaixo das parreiras, evitam sombra e contaminação das folhas.

Na visão de Gustavo, os impactos climáticos se mostram complicados. “Não temos como nos acostumar com as mudanças. Temos que descobrir novos métodos para prevenir e remediar os impactos. Anos de seca e anos de chuva são incentivos para buscarmos alternativas”, reflete.

“Sabemos o valor estimado e quando vamos receber pelas nossas uvas, o que ajuda a programar os investimentos. Ajuda muito na nossa motivação para cuidar da qualidade e nos nossos compromissos na aquisição de equipamentos e de insumos”, ressalta Gustavo. Essa previsibilidade no recebimento é fator relevante para manter a atratividade dos jovens na atividade.

Segundo relataram, o mesmo não ocorre com as outras indústrias de vinho na região. Normalmente realizam a entrega das uvas sem saber quanto será pago por quilo de produto e quando ocorrerá o pagamento. O mais comum nas indústrias na região é irem pagando ao longo do ano, aleatoriamente.

Família De Villa e Gustavo Berselli (Crédito: Juliano Palma)

O INVESTIMENTO EM SUSTENTABILIDADE, MENSURADO

Chandon faz sempre os primeiros testes em sua propriedade em Encruzilhada do Sul, onde levam os produtores para conhecer e vivenciar as inovações, mesmo não sendo fornecedores de uvas para a empresa. Todas as inovações, após alguns anos de teste e validação, são estendidas e irradiadas a todos os produtores.

O momento de transição climática traz mais desafios aos produtores. O excesso de chuvas e a falta de luz solar afetam a maturação das uvas e o teor de açúcar. “Temos que nos adaptar a todas as mudanças que vivemos por conta do clima. É um ciclo, não sabemos mais o que ocorrerá no futuro”, indica Márcio Dallé, gerente de desenvolvimento de viticultura da Chandon. As uvas para vinhos são mais sensíveis com o clima do que as de mesa, destaca.

Atualmente, entendem que a produção das uvas usando bioinsumos e biofertilizantes aumenta o custo em cerca de 30%. No entanto, estes investimentos são necessários para poderem lidar com as incertezas climáticas e como colaboração para a sustentabilidade.

Eugênio Barbieri, gerente de viticultura da empresa, pondera que a redução desse custo deve ocorrer com o tempo: “Depende de um ciclo positivo de benefícios gerados pelas novas práticas. Em se tratando de uvas viníferas, o processo é mais lento devido às tantas variáveis na produção e o tempo do ciclo da videira”.

A Certificação de Produção Integrada está sendo validada na empresa desde 2019, com uso de microorganismos e biosinsumos. Diversas ameaças podem ser controladas com esses produtos alternativos, mas algumas doenças ainda necessitam do uso de defensivos agrícolas.

Iniciativas de sustentabilidade já implementadas na Chandon Brasil

Os compromissos de sustentabilidade, diversidade, inclusão e educação estão inseridos na plataforma recém-lançada “Terras da Diversidade”, ondem compartilham as diversas metas.

Até 2026, tem como objetivo chegar a 100% de eletricidade verde, trabalhar com até 70% de conteúdo reciclado em todos os estojos e caixas de embarque dos espumantes e erradicar o uso de plástico. Adicionalmente, reduzir o peso das garrafas em 10%.

Até 2030, quer diminuir os índices em 50% tanto no consumo de água, quanto nas emissões de CO2, transformando toda a sua cadeia – desde a terra até a elaboração dos seus espumantes e tudo ao redor deles – mais verde. E, somam à lista manter as certificações já conquistadas e fazer com que pelo menos 50% dos vinhedos de seus produtores parceiros também sejam certificados.

CHANDON BRASIL SE FIRMA NO GRUPO LVMH

Chandon Brasil Executivos em Garibaldi
Catherine Petit, Arnaud de Seignes e Philippe Schaus na Chandon em Garibaldi – RS (Crédito: Juliano Palma)

A Chandon Brasil recebeu a visita de Philippe Schaus, CEO da Möet Henessy Global, nas comemorações dos 50 anos da empresa. Esta foi a primeira vez que um CEO da empresa visita o país nestes 50 anos de existência.

Ele se juntou em Garibaldi aos outros líderes da empresa: Arnaud de Saignes, presidente da Maison Chandon, Nicolas Gilardenghi, presidente da Moët Hennessy para América Latina e Caribe, e Catherine Petit, Managing Director da Möet Chandon no Brasil.

Philippe destacou que a comemoração é um marco importante. Os últimos quatro anos foram de transformação significativa de marca, com lançamentos globais, nova identidade de marca e valores. Muitas inovações em torno da marca ajudaram no fortalecimento do posicionamento no mercado.

O executivo afirma que no contexto da cultura empresarial Möet Henessy, como parte do grupo LVMH, sempre retornam aos fundadores das grandes marcas. “As histórias e as motivações dos fundadores são determinantes no fortalecimento das marcas. Definem o espírito de empreendedorismo”, explica.

Outras pessoas e celebridades são emblemáticas em todo o negócio da empresa, onde a transmissão do conhecimento é muito importante. Hoje a empresa tem 26 ou 27 marcas sob Möet Henessy, algumas com mais de 300 anos e outras mais recentes.

“As histórias e as motivações dos fundadores são determinantes no fortalecimento das marcas. Definem o espírito de empreendedorismo.”

Philippe Schaus

Philippe defende a máxima autonomia para terem própria vida e filosofia, mantendo sempre a visão comum de valores. “Nossa missão na empresa é promover ‘crafting experiences’ (experiências lapidadas, em tradução livre). Levar boas experiências que possam ser vivenciadas em vários lugares, ir além da venda da garrafa. Isso vale para todas as marcas do portfólio”, ressalta o executivo.

Ele cita um sistema de cinco valores comuns que validam essa missão:

Compartilhamento: Devemos compartilhar momentos e bons vinhos, informações, estratégias e oportunidades.”

Elegância: Temos que compartilhar a elegância de um grande vinho. Mas não apenas: temos que ter elegância no mindset, numa atitude, na forma como trabalhamos e nos relacionamos com as pessoas. Elegância é um estado de mente.”

Epicurismo: A inspiração do grande filósofo Epicuro, que uniu prazer e maestria intelectual. Temos que unir o gourmet com o gourmand, promover o prazer de viver às pessoas, com toque intelectual e consumo responsável.”

Integridade: No caso da Möet Henessy, o entendimento vai além de respeitar leis, de ser honesto. Devemos manter os solos íntegros, cada vez melhores, um compromisso com a sustentabilidade. Se é sustentável é transmissível. Esta é uma obrigação de quem assume a herança para transmitir à sociedade. Devemos continuar a zelar para que ocorra a transmissão às gerações futuras.”

Espírito de conquista: Temos que olhar para o novo consumidor, produzir sem herbicidas. Buscar ter a mesma visão de Robert-Jean de Vogüe, que veio para a América do Sul para iniciar o cultivo das uvas em 1959. É a visão que leva a conquistar mercados.”

A celebração dos 50 anos da Chandon no Brasil é uma indicação de que tem muito mais por vir no país. A América Latina tem um mercado com grande potencial de crescimento para espumantes.

Philippe reforça a necessidade de manter os valores inspiracionais para entender o mercado. No caso do Brasil, há um forte compromisso por conta da cultura única, incluindo arte, música e arquitetura.

Em relação ao espumante nacional Chandon Passion, o executivo entende que é um produto excepcional. “É um sonho, e a exportação para todo o mundo é uma possibilidade”.

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