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A tecnologia promovendo produtividade com sustentabilidade foram temas centrais dos painéis do World Agri-Tech South America Summit.

Empresários de diversos setores relacionados com as atividades do agronegócio nacional expressaram um misto de positividade e apreensão com os diversos fatores pouco controláveis. As questões climáticas foram apontadas como uma das variáveis menos controláveis e que podem acarretar perdas enormes perdas na produção de alimentos, com impactos globais.

Na questão do crédito agrícola, uma boa evolução está ocorrendo, permitindo o acesso mais fácil para os produtores rurais e mais segurança às instituições que fornecem o crédito. As inovações tecnológicas melhoram o controle de garantias e acompanhamento de todo o processo de investimentos. Garantem, ainda, que o destino do crédito esteja vinculado com compromissos de zero desmatamento e outros critérios de sustentabilidade.

Segundo Fabiana Alves, CEO do Rabobank, a América Latina é protagonista no cenário de segurança alimentar global. Sem inovação não tem como lidar com os desafios. Ne contexto, a indústria financeira precisa estar preparada para dar suporte à atividade produtiva no campo.

Green washing um dos pontos mais críticos na agenda. Bancos devem ter critérios estabelecidos e como verificar os fatos. Transparência fundamental, precisa transmitir segurança financeira para toda a cadeia. Temos como administrar todos os fatores envolvidos na sustentabilidade. Os aspectos sociais devem ser ponderados com cuidados específicos para cada país na América Latina.

Na visão de Renata Miranda, à frente do Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo | Ministério da Agricultura e Pecuária, o país tem muito poder geopolítico para ser expoente mundial na produção de alimentos. O tema de sustentabilidade não se resume ao que é discutido nos grandes fóruns de comércio, com foco exclusivo de discussão de comércio. A sustentabilidade vira cláusula das discussões mais amplas. Acabam expondo as fragilidades dos organismos multilaterais, abrindo discussões que afetam os negócios e os temas sociais.

A inovação vai trazer mais produtividade. É melhor contarmos com a agricultura de precisão, onde desperdiçamos menos. E, acima de tudo, por promover inclusão social.

Edison Ticle, CEO da Minerva Foods, destacou que o primeiro desafio que temos é o geopolítico, nessa queda do multilateralismo. “Se a gente olhar o posicionamento do Brasil e da América do Sul, somos uma das poucas regiões do mundo que consegue operar bem em termos comerciais com qualquer outro parceiro mundial”, afirma o executivo.

Na sua visão, há uma grande oportunidade para a América Latina que tem vantagens comparativas superiores em relação aos outros países no mundo. A longo prazo, vão fazer dessa região o maior produtor mundial, o mais eficiente em termos de alimento em carnes.

A gente vai se tornando cada vez mais imbatível em termos de custo e de modo de produção, esse rearranjo geopolítico traz uma grande oportunidade comercial se a gente conseguir usar isto bem. Não apenas no posicionamento técnico de produtividade, mas principalmente com a ajuda dos nossos ministérios e do nosso governo para posicionar o Brasil e principalmente os outros países da América do Sul como protagonistas desse novo rearranjo geopolítico.

Segundo o executivo, a outra oportunidade é a questão de sustentabilidade, de proteção do clima e da natureza. Hoje é condição obrigatória para operar enquanto grande exportador mundial. As empresas não conseguem mais participar mais das grandes cadeias globais se não tiver um mínimo de controle e de responsabilidade em termos de desenvolvimento sustentável nas suas próprias cadeias.

Ele destaca que somente conseguiremos colocar as iniciativas num patamar superior se o setor tiver um incentivo econômico que seja comum para a cadeia toda. O fator econômico é uma grande variável por trás é da matriz de incentivos para o setor.

Mercado de carbono, um dos pilares da evolução do agro nacional

O incentivo de descarbonização da cadeia é um dos pontos principais. A produção de alimentos talvez seja a única grande atividade que realmente tira carbono da natureza. O Brasil tem hoje como produzir alimentos através de agricultura tropical, que primeiro tem que ser melhor medido quanto aos processos de carbonização a geração de crédito de carbono, sem tomar por referência os padrões de agricultura temperada.

A região tem como desenvolver um grande mercado de carbono que vai ajudar no incentivo econômico para que o país se posicione como uma potência, mesmo com os desafios geopolíticos que o mundo está vivendo na atualidade.

Os impactos no mercado financeiro

A indústria financeira está tendo que se equipar para ter a mesma excelência de análise de risco de crédito nas análises de riscos de sustentabilidade. “Temos que criar ratings apropriados para isso. É assim aqui a indústria financeira vai certamente favorecer os investimentos, aplicando capital em negócios mais sustentáveis”, explica Fabiana.

Ela destaca a importância do capital para os investimentos seja em genética ou em produtos para agricultura de precisão, gestão de uso da água. A agricultura regenerativa reúne todos esses aspectos que podem favorecer essa agenda. Além disso, a indústria financeira, por questões de compliance regulatória e compromissos assumidos, vai também ter que lidar com a questão de reduzir ou de mitigar e evitar o desmatamento.

A indústria financeira está pressionada para se organizar melhor, atendendo as discussões regulatórias necessárias para que tenha os padrões de medição. Ou seja, o impacto da agricultura regenerativa permita à indústria financeira operar com segurança jurídica e com a garantia do compliance.

A rastreabilidade destacada como fator de sustentabilidade

A indústria de proteína animal no Brasil convive com uma cadeia longa de produção de animais, o que dificulta o monitoramento e a rastreabilidade. O problema direto está nas restrições impostas do mercado internacional, que demanda certificações garantindo que os rebanhos não tenham sido criados em áreas de desmatamento ilegal.

Essa restrição se deve à falta de informações a que a indústria necessita ter, que são de uso restrito do governo. Segundo informado pela Ministra Renata, que reconhece esse problema, o ministério está com um projeto em andamento que resolverá esse problema de rastreabilidade. Permitirá que as indústrias consigam agregar as certificações necessárias que garantem a procedência dos animais, dando mais transparência.

Márcio Santos, CEO da Bayer, ressaltou que a transparência é um dos fatores principais para a rastreabilidade. Ele destacou que a empresa está desenvolvendo junto com a Embrapa uma ferramenta usando metodologia nacional para o cálculo de pegada de carbono, com base na agricultura tropical. Eventos como o World Agri-Tech South America Summit são importantes para se firmar novas parcerias.

Nós temos alguns problemas estruturais. Precisamos tratar a rastreabilidade, numa iniciativa conseguimos mostrar no nosso projeto pró-carbono que foi possível produzir uma soja livre de desmatamento que foi rastreada desde o processo inicial pré-plantio até a entrega dessa soja no porto na Europa. Tudo com QR Code e uso de blockchain.

As principais oportunidades do mercado

Os participantes do painel destacaram onde estão as grandes oportunidades do mercado para o futuro próximo. Entre os tópicos citados estão:

  • a descarbonização com os vínculos com iniciativas de inovação;
  • as colaborações e parcerias entre empresas, incluindo somar start-ups;
  • inovações que melhoram os padrões e a transparência das atividades;
  • o mercado de carbono
2 Comentários
  1. […] Inovações tecnológicas são apontadas como prioridades para a segurança alimentar globalAgricultura marinha: cultivo sustentável de alimentos no oceanoComida de laboratório: avanços na carne cultivada e outros alimentos sintéticos […]

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