Upgrain transforma toneladas de resíduos da indústria da cerveja em proteína alternativa

A alternativa é bem sustentável e compõe com a oferta de ingredientes nutritivos e saudáveis

Consumir cerveja pode ser um ato positivo à nutrição humana. Não pela bebida em si, apesar de que em muitos países a consideram um alimento que compõe as refeições, mas pelo bom uso da cevada após ser usada em sua produção. Os volumes de resíduos na indústria da cerveja são expressivos no mundo: chegam a 29 milhões de toneladas por ano.

Somente no Brasil, um dos maiores produtores mundiais de cerveja no mundo, a quantidade atinge dois milhões de toneladas / ano. Todo esse estoque de resíduos hoje é bem aproveitado pelas indústrias, que o destina para uso em compostagem agrícola ou para a produção de biodiesel.

A empresa suíça Upgrain, ainda uma startup, pretende crescer dando um destino diferenciado e relevante para a cevada após o processamento na indústria, que compõe com a crescente necessidade de oferta de proteínas no mundo. A empresa criou um processo que transforma o resíduo em matéria-prima para proteínas vegetais.

A partir de um processo que criou, separa e seca a cevada para extrair as propriedades que serão usadas para compor os alimentos. A proteína alternativa enriquece a qualidade nutricional com baixo impacto ambiental. O processo chega a ser 60% mais sustentável do que para produção de proteína de soja.

Na Suíça, a empresa já destina seus produtos para as indústrias de processamento de alimentos, com boa aceitação. Diversas empresas europeias estão substituindo as farinhas de soja pela derivada da cevada, com economia de consumo de outros ingredientes e com mais qualidade nutricional.  A demanda do mercado cresce demais, puxado pela busca de novas opções de ingredientes mais sustentáveis, com maior composição de fibras.

Eduard Müller, diretor comercial de Sustainable Ingredients da Upgrain, esteve no Web Summit Rio para se aprofundar sobre o mercado nacional e buscar novas parcerias. Segundo o executivo, a empresa tem por objetivo estabelecer relacionamento com as indústrias de cerveja no Brasil. “Isso é parte fundamental nos negócios locais. As empresas têm hoje por opção destinar os resíduos para outros fins, que têm menor valor agregado do que destinar para a produção de farinha proteica da Upgrain”, explica o executivo.

Mercado de alimentos brasileiro na prioridade da indústria da cerveja

Inicialmente, no decorrer de 2023, trabalhará com o produto importado da Suíça, e com dois distribuidores para levar o produto para as empresas de processamento de alimentos que buscam enriquecer a qualidade nutricional de seus produtos. Paralelamente, trabalha no relacionamento com as principais indústrias de cerveja do país para alinhar a estrutura de produção.

As fábricas são modeláveis em tamanho e capacidade de processamento, de acordo com a produção de resíduos de cada indústria. A empresa busca ainda fixar sua operação em regiões próximas às indústrias processadoras de alimentos, como forma de reduzir os impactos ambientais com o transporte. A operação da fábrica é carbono positivo, e tem melhor rendimento do que as plantações de soja na criação e oferta de proteínas.

“Estamos no melhor timing para o mercado brasileiro. Preferimos escolher o Brasil em detrimento de outros mercados internacionais por ser um grande mercado, com produção agro relevante e bom mercado de alimentos”, ressalta Eduard. “Nossos produtos têm no mínimo dois anos de vida útil, o que ajuda nos processos de distribuição e uso no longo tempo. Eventuais problemas logísticos não interferem na qualidade do produto”, complementa.

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