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Em um mundo onde bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente, a luta contra o desperdício de alimentos se tornou uma prioridade urgente. Felizmente, existem pessoas e organizações que estão trabalhando incansavelmente para abordar esse problema global de maneira significativa. Uma dessas vozes é a de Leonardo Lima, fundador da Dreams & Purpose Consulting, que recentemente lançou o “Guia sobre a redução de perdas de alimentos e doação de produtos.”

Este guia, desenvolvido em parceria com o IFB – Instituto Foodservice Brasil e outras organizações, oferece um valioso recurso para aqueles que buscam entender e abordar as perdas de alimentos ao longo da cadeia de suprimentos. Ele não apenas destaca a importância de reduzir o desperdício, mas também enfatiza a doação de alimentos com segurança, de acordo com as normas brasileiras.

Para aprofundar nosso entendimento sobre este guia e seu impacto na indústria alimentícia, tivemos a honra de conversar com Leonardo Lima. Neste bate-papo, ele compartilha sua visão, insights e experiência sobre estratégias práticas para reduzir as perdas de alimentos, bem como a importância da doação responsável.

Vamos explorar as principais questões sobre o guia e como ele pode contribuir para um futuro mais sustentável e consciente.

Bate-papo com Leonardo Lima: redução de perdas de alimentos e doações de produtos

1 – Você poderia nos contar mais sobre o Guia sobre a Redução de Perdas de Alimentos e Doação de Produtos? Quais foram as principais motivações por trás deste projeto?

LL: Com a experiência acumulada de mais de 40 anos na indústria alimentícia vi que passava da hora de compartilhar com a sociedade que é possível chegar muito perto das perdas de alimentos zero e doar de forma segura o que não puder ser comercializado dentro dos procedimentos de vendas das empresas. Como não conseguiria fazer somente via minha empresa, busquei apoio no IFB, que me recebeu de braços abertos.   

2 – A redução de perdas de alimentos é um tema muito importante para a indústria de alimentos e a sociedade em geral. Como o guia aborda as principais estratégias para estancar essas perdas em toda a cadeia de valor?

LL: Diria que a primeira e mais importante estratégia apresentada na Guia é a forte recomendação de mudança do modelo mental que admite a perda. A perda e o desperdício de alimentos em mundo com mais de 700 milhões de pessoas passando fome todos os dias ‘’não é ética”.  A segunda e igualmente importante está relacionada com a tomada de consciência pelos líderes das organizações sejam elas privados ou públicas. Os alimentos, assim com a água, são transversais e devem ser encarados como propriedade do Planeta, sendo, portanto, que não temos o direito de desperdiçá-los. 

3 – O e-book destaca a importância da doação de alimentos com segurança e de acordo com as normas brasileiras. Como as empresas podem implementar essas práticas de doação de maneira eficaz?

LL: A primeira parte dessa ação é ter a tranquilidade de que as doações de alimentos são, além de legalmente permitidas, altamente desejáveis. No Guia deixamos claro que não estamos tratando de doações filantrópicas. Empresas necessitam ter retorno sobre a venda de seus produtos. A doação de produtos nesse caso deve funcionar como um plano de contingência para evitar sua perda quando a comercialização de produtos aptos ao consumo não puder ser realizada por algum motivo. A segunda é estar preparado para esta contingência. No Guia detalhamos o passo a passo.

4 – Quais são os principais desafios enfrentados pelas organizações na redução de perdas de alimentos? Como o guia oferece soluções práticas para esses desafios?

LL: O principal desafio é o cultural. Estamos acostumados com a perda e nos satisfazemos quando os números apresentam % baixos. Nos acomodamos e não contabilizamos unidades de produtos perdidos. Para quem tem fome o alimento não vem de % baixos, mas sim de unidades de produto que são perdidos em alguma parte do processo produtivo. O Guia traz uma série de ações começando com uma avaliação e quantificação dos locais de perda. 

5 – A colaboração é fundamental para abordar o problema das perdas de alimentos. Como o guia incentiva isso entre as diferentes partes da cadeia de valor?

LL: Cada elo da cadeia deve zelar para que o elo subsequente receba o produto zele por ele. O campo deveria ser o grande guardião dos alimentos, já que tudo começa nesse elo da cadeia de valor.

6 – Na sua opinião, qual é o impacto das perdas de alimentos no meio ambiente e na segurança alimentar? Como o guia ajuda a aliviar esses impactos?

LL: O impacto das perdas de alimentos no meio ambiente ocorre do uso de recursos naturais para sua produção e quando os alimentos são destinados aos aterros sanitários, como resíduo orgânico gerando gases de efeito estufa no seu processo de decomposição. O Guia preconiza a redução das perdas de alimentos a níveis próximos de zero, fazendo com que o alimento seja consumido reduzindo a insegurança alimentar e reduzindo os resíduos orgânicos também próximos a zero .     

7 – O guia é resultado de uma colaboração com o IFB – Instituto Foodservice Brasil e outras organizações. Como foi o processo de reunião de capital intelectual e conhecimento de várias partes interessadas para fazer a criação?

LL: O Guia foi concebido para ser um processo coletivo de criação. Utilizamos questionários para capturar o conhecimento dos associados e, através dele, consolidamos as melhores práticas internas com as melhores práticas globais que obtivemos através de intensa busca bibliográfica. A soma dessas duas fontes com a experiencia da D&PC resultou no Guia recém-publicado.   

8 – Existem exemplos práticos ou estudos de caso no guia que ilustram as estratégias bem-sucedidas de redução de perdas de alimentos? Poderia compartilhar alguns desses exemplos?

LL: Selecionamos cinco exemplos de práticas que consideramos muito interessantes para ilustrar que o que foi apresentado no Guia é factível de ser realizado e que em realidade vem sendo feito. Temos os exemplos das empresas: Ambev, Cargill , Martin Brower , McDonald´s e JBS.

9 – Além de empresas de alimentos e organizações, como as pessoas podem contribuir para a redução de perdas de alimentos no seu dia a dia? Existem dicas práticas no guia para o público em geral?

LL: Apesar do Guia não ter sido concebido para o consumidor final, as recomendações e indicações apresentadas podem ser utilizadas no dia a dia e na casa dos consumidores em geral. 

10 – Por fim, como você espera que o guia impacte a indústria de alimentos e a sociedade? Quais são as suas esperanças para o futuro em relação a essa importante questão?

LL: O Guia foi idealizado para ser uma ferramenta de apoio e de conhecimento para que qualquer empresa ou organização que trabalhe com alimentos possa consultar e verificar que é possível trabalhar com o conceito de perda zero. Contém informações relevantes e que devem fazer com que todos da cadeia de valor dos alimentos se vejam obrigados a usar. Queremos tirar qualquer dúvida ou mesmo desculpa sobre falta de informação ou procedimento de como fazer.

Diria que a única opção para quem trabalha na cadeia de valor dos alimentos as partir do seu lançamento e conhecê-la e iniciar o seu plano de ação para chegar à perda zero. 

Para visualizar o guia, é só clicar aqui.

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1 Comentário
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