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Os pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma ótima alternativa para substituir a gelatina tradicional, obtida do couro bovino e suíno, utilizando a pele do tambaqui (Colossoma macropomum), um peixe nativo brasileiro de grande relevância econômica.

Essa é uma iniciativa muito importante, já que valoriza um subproduto do processamento de peixes e, também, contribui para a redução de resíduos e inovação sustentável na indústria de alimentos.

Aplicações diversificadas da gelatina de tambaqui

Os resíduos da pele, escamas e cabeça do tambaqui são geralmente destinados à produção de ração para peixes.

No entanto, a gelatina extraída da pele do tambaqui possui propriedades que a tornam adequada para diversas aplicações alimentícias e farmacêuticas, incluindo filmes, microcápsulas para remédios e espessantes. Esta versatilidade transforma a gelatina em um coproduto com maior valor agregado.

Crescimento da piscicultura no Brasil

A piscicultura no Brasil tem mostrado crescimento substancial, com a produção nacional de pescado aumentando 45% desde 2014, de acordo com o Anuário da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR 2022).

O tambaqui, representando mais de 30% da produção total de espécies nativas, tem se destacado, especialmente no projeto BRS Aqua, coordenado pela Embrapa Pesca e Aquicultura e apoiado por diversas entidades como o BNDES e o CNPq.

Aproveitamento sustentável dos resíduos

O pesquisador Manuel Antônio Jacintho, da Embrapa Pecuária Sudeste, destaca a importância da conversão de resíduos em produtos de valor. Dependendo da espécie e do tipo de produto, até 50% das matérias-primas iniciais são descartadas.

Transformar esses resíduos em produtos como a gelatina torna a cadeia produtiva mais sustentável, potencializando a exploração das propriedades tecnológicas dos resíduos da cadeia pesqueira.

Vantagens da gelatina de tambaqui

A gelatina da pele do tambaqui possui uma composição de aminoácidos mais rica do que a de peixes de água fria, com maior teor de proteína e menor teor de gordura. Isso resulta em um rendimento de extração de quase 60% e características tecnológicas comparáveis às gelatinas bovinas e suínas. A força de gel, medida em 123 ± 20 gramas, classifica-a como Bloom médio, adequada para diversas aplicações industriais.

Além disso, a gelatina da pele de tambaqui apresenta cor esbranquiçada, é inodora e tem baixa turbidez, atendendo aos requisitos comerciais. A temperatura de gelificação é compatível com a gelatina bovina comercial, e a temperatura de degradação favorece sua utilização na indústria alimentícia e farmacêutica.

E mais, a pele do tambaqui pode ser uma fonte valiosa de peptídeos de colágeno, com potencial para o desenvolvimento de novos materiais.

Desenvolvimento de produtos inovadores

A sequência das pesquisas está investigando a aplicação da gelatina de tambaqui na produção de filmes e embalagens de alimentos. Portanto, explorar estratégias para utilizar os resíduos do processamento de tambaqui contribui para uma economia circular na indústria de pescado, e ajuda a aumentar a renda dos produtores, reduzindo o impacto ambiental associado ao descarte de resíduos.

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1 Comentário
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