Estudo conduzido pela Embrapa e pela Apta revelou os impactos nos estoques de carbono do solo no Brasil com base em série de dados de quase quatro décadas
Um estudo conduzido pela Embrapa Meio Ambiente e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) identificou como a mudança no uso da terra influencia os estoques de carbono do solo no Brasil, afetando diretamente as mudanças climáticas globais.
Os pesquisadores analisaram 39 anos de conversões de uso da terra no Instituto de Zootecnia (IZ), em Nova Odessa, SP, avaliando a transição de floresta (Mata Atlântica) para pastagens não manejadas e, posteriormente, para lavouras de soja e sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Impacto da Conversão de Floresta para Pastagem e Lavoura
Os resultados indicaram que a conversão de floresta para pastagem aumentou o carbono orgânico apenas na superfície do solo, sem alteração em profundidade.
Por outro lado, a transição de pastagem para ILPF elevou os estoques de carbono até um metro de profundidade, com uma taxa média de acúmulo de 5 toneladas de carbono por hectare ao ano.
Embrapa Mostra Sistemas Conservacionistas como Alternativa Sustentável
Segundo Sandra Furlan, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, o Sistema de Plantio Direto (SPD) também se mostra eficaz na manutenção e acúmulo de carbono no solo. Entre 2006 e 2017, a área sob esse sistema cresceu 84,9%, atingindo 33 milhões de hectares em 2018.
Os pesquisadores alertam que a mudança de uso da terra é responsável por 41,4% das emissões totais do setor agropecuário no Brasil. No entanto, sistemas conservacionistas, como o ILPF e o SPD, podem mitigar esses impactos, contribuindo para capturar CO2 da atmosfera e promovendo a sustentabilidade da produção agropecuária.
Políticas de Incentivo à Sustentabilidade
O Plano ABC+ (2021-2030) busca ampliar o uso de tecnologias agrícolas de baixa emissão de carbono, incluindo a recuperação de pastagens degradadas e sistemas agroflorestais. A adoção dessas práticas pode garantir um equilíbrio entre produção agropecuária e conservação ambiental no Brasil.
Os resultados reforçam o papel das pastagens manejadas no armazenamento de carbono e a importância de sistemas conservacionistas no combate às mudanças climáticas. O estudo aponta que a integração lavoura-pecuária-floresta é uma estratégia eficaz para aumentar a resiliência da agropecuária e contribuir para um modelo de produção mais sustentável.
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