Mulheres
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Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado neste 8 de março, aproveitamos para destacar o papel fundamental que as mulheres desempenham em diversas áreas, como por exemplo, o campo, a gestão de restaurantes, liderança empresarial no setor agroalimentar, contribuições para a segurança alimentar e iniciativas empreendedoras inovadoras.

Mulheres buscam cada vez mais espaço no setor de food service

Não é de hoje que as mulheres enfrentam discriminação de gênero no mercado de trabalho, e no segmento de food service isso não é diferente.

Falta de conciliação entre vida profissional e pessoal, disparidade salarial e dificuldade para conquistar posições de liderança são apenas alguns dos obstáculos. Apesar dos avanços conquistados, ainda existem barreiras que afetam negativamente a carreira profissional das mulheres e precisam ser superadas.

Um exemplo disso é a ausência de mulheres na lista dos dez principais nomes do The Best Chef Awards 2023.

No entanto, há indícios de mudanças promissoras nesse ramo. O documentário “Her Name is Chef“, de 2019, mostra um grupo de chefs mulheres em seus locais de trabalho, desafiando os estereótipos de gênero que persistem.

Essa abordagem revolucionária contribui para a desconstrução de padrões desatualizados sobre os papéis femininos na culinária. Um exemplo do progresso é a Coca-Cola Company, que apoia ativamente o Women’s Foodservice Forum (WFF) há mais de duas décadas e visa ser 50% liderada por mulheres globalmente até 2030.

Além disso, as mulheres têm demonstrado excelência nas habilidades culinárias, beneficiando os estabelecimentos de food service com um ambiente mais inclusivo e diversificado. Isso abre novas perspectivas de negócios, colaboração e uma visão mais abrangente para a indústria da gastronomia.

No entanto, ainda há desafios pela frente. No mercado brasileiro, as mulheres representam a maioria dos trabalhadores em bares e restaurantes, mas o número de restaurantes com estrela Michelin liderados por elas no país é irrisório.

Na avaliação de Eduardo Ferreira, CCO da ACOM Sistemas, empresa desenvolvedora do ERP EVEREST, software de gestão para bares e restaurantes, as mudanças estão ocorrendo de forma gradual, mas consistente. “É inegável que as mulheres enfrentam desafios no mercado de trabalho, especialmente no setor de food service, onde a discriminação de gênero é uma realidade persistente. No entanto, estamos testemunhando movimentos significativos rumo à igualdade de oportunidades e reconhecimento do talento feminino”. 

Na ACOM Sistemas, por exemplo, destacam-se programas de incentivo à liderança feminina e de conscientização sobre a equidade de gênero, considerados essenciais para superar barreiras e promover um ambiente de trabalho inclusivo. Tudo começa na seleção, que já garante uma busca efetiva de candidatos do sexo feminino para as vagas ofertadas pela empresa. 

Na ACOM,  figuras como Emanuelle Perry, 47, Product Owner (PO), e Bruna Dutra Castro, 31, desenvolvedora de software, contribuem como inspiração, não só para o segmento de food service, mas também para o de tecnologia, que é predominantemente masculino no Brasil.

Também foi somente neste ano que uma mulher foi eleita presidente do Instituto Foodservice Brasil, fundado em 2013. Em fevereiro, Danielle Garry assumiu o cargo, marcando um momento histórico para o segmento.

A jornada de profissionais mulheres que fortalecem o agronegócio brasileiro

Apesar dos desafios de atuar em um mercado tradicionalmente masculino, aos poucos as mulheres conquistam mais espaço e mostram que são qualificadas para assumir qualquer cargo e profissão que desejam.

Aproveitando a data, empresa de fertilizantes, compartilhou histórias inspiradoras de mulheres que ocupam diversos cargos estratégicos, para reforçar e reconhecer a importância feminina no agronegócio.

Nádia Christina Miguel, Operadora de Mistura na unidade de São Francisco do Sul (SC), foi a primeira mulher a atuar na operação da companhia. “De início, fiquei com muita vergonha, mas todos me acolheram. Com isso me senti valorizada e me tornei mais confiante. Por meio desse acolhimento, consigo evoluir e me tornar uma profissional melhor.”

Maria da Conceição Santos, Operadora de Movimentação na unidade de Candeias (BA), também encontrou no agro a convicção de que as mulheres são plenamente capazes de assumir qualquer tipo de trabalho.

“No início da minha jornada profissional, sentia um misto de medo e apreensão, especialmente por ser mulher. Entretanto, com determinação e persistência, consegui superar todas as barreiras, e cada obstáculo vencido fortaleceu minha confiança e me impulsionou a seguir em frente. Atualmente, percebo que muitas pessoas admiram minha profissão, o que me traz uma imensa alegria.”

Aline Oliveira, Engenheira Agrônoma e Supervisora Comercial no estado do Paraná, nutre o desejo de se tornar uma referência e inspiração. “Nós enxergamos o agronegócio de uma maneira diferente, por sermos mais resilientes. Também percebo que mulheres enriquecem as equipes e organizações com uma diversidade de qualidades, como cuidado, senso de responsabilidade e atenção.”

Com uma carreira toda dedicada ao agronegócio, Cristina Oliveira, Diretora de Gente e Sustentabilidade, testemunha o aumento da presença feminina em posições de liderança no segmento.

“Ao longo de 30 anos no universo dos fertilizantes, setor apaixonante e em constante movimento, tenho presenciado uma evolução. É inspirador observar o crescimento do número de mulheres fazendeiras que assumem a liderança de grandes propriedades, o que reflete uma transformação positiva e necessária no cenário agrícola”.

Dia Internacional das Mulheres: histórias de quem faz a diferença no setor da agricultura

Seja no campo ou na cidade, a presença feminina é capaz de impulsionar qualquer negócio. Apesar de ser um assunto que ganhou mais destaque nos últimos anos, há tempos mulheres vêm fazendo história e conquistando seus espaços.

Por isso, a Agristar, empresa que desenvolve e comercializa sementes de hortaliças, frutas, ervas e flores, aproveitou para trazer trajetórias inspiradoras de mulheres que superaram barreiras e fazem a diferença na agricultura.

Sócia-proprietária do Viveiro MK – revendedor dos produtos das linhas Agristar, localizado em São Mateus do Sul (PR), Simoni Machado tem uma rotina agitada cuidando da gestão do negócio.

Mas, apesar disso, reforça a importância de manter os cuidados, também, consigo mesma. “Especialmente sendo mulher, não podemos nos deixar de lado, precisamos nos cuidar e nos fortalecer. Afinal, temos uma grande importância no campo, no setor, e precisamos estar bem para que essa presença cresça cada vez mais”.

E essa força tem como maior inspiração sua mãe, que, segundo ela “nunca deixou faltar nada em casa. Todos os dias estava lá, batalhando, trabalhando no campo e não desistia das coisas”.

Tanto no viveiro como na região, Simoni diz perceber uma forte presença feminina e deixa um recado de incentivo a todas que atuam no agro. “A mulher vê antes de ocorrer, graças à sua destreza, estratégia e atenção aos detalhes a sua volta. Temos que usufruir disso para continuar conquistando espaços que também são nossos”.

Assim como a viveirista, Zádina Camelo Mesquita, diretora comercial da revenda Agrofértil Camelo, localizada em Guaraciaba do Norte (CE), também construiu uma história de sucesso estando em um cargo de liderança.

Tudo começou quando ela entrou ‘de cabeça’ no pequeno negócio montado pelo pai. A partir disso, Zádina percebeu que nascia ali uma paixão grande e duradoura pela agricultura.

Com mais de 30 anos envolvida no agronegócio, ela diz que, como mulher, considera esse um ramo desafiador, mas gratificante ao mesmo tempo. “Iniciei com a empresa aos 17 anos de idade, em outra época. Então, como mulher, passei sim por alguns desafios, mas sempre fui muito otimista, sempre mantive minha fé de que iria dar certo e sempre estudei muito, para também conseguir transmitir tudo isso aos colaboradores e clientes.

Consequentemente, ao longo do tempo, fomos construindo essa troca de experiências, confiança e respeito. Ver esse retorno é algo que me faz muito feliz”.

Investir em mulheres no agro faz sentido econômico e acelera o progresso para milhões de pessoas

Investir na igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres é não apenas uma atitude mais urgente do que nunca, mas também um investimento incrivelmente inteligente. Tal iniciativa gera crescimento econômico, segurança alimentar, oportunidades de renda e uma vida melhor, especialmente em áreas rurais, onde a maioria dos mais pobres do mundo vive. Essa será a mensagem central da FAO/ONU para o Dia Internacional da Mulher.

Fechar as lacunas de gênero na produtividade agrícola e nos salários dentro dos sistemas agroalimentares pode impulsionar o produto interno bruto global em 1%, representando quase US$1 trilhão. A atitude diminui os níveis globais de insegurança alimentar, levando a 45 milhões de pessoas a mais com segurança alimentar, de acordo com o relatório de 2023 da FAO sobre o status das mulheres nos sistemas agroalimentares.

“Investir em mulheres significa investir no desenvolvimento sustentável. O retorno do investimento não se resume apenas em ser capaz de combater a pobreza e a desigualdade, mas em construir instituições mais fortes, economias e comunidades inteiras”, disse Gerardine Mukeshimana, Vice-Presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD).

“Dado o papel crucial das mulheres nas economias rurais e nos sistemas agroalimentares, especialmente em países de baixa e média renda, abordar a lacuna de gênero no financiamento é fundamental para um desenvolvimento rural mais inclusivo e equitativo. Fechar essa lacuna não apenas capacita as mulheres, mas também pode trazer benefícios significativos para seus lares e comunidades”, disse Maria Helena Semedo, Vice-Diretora-Geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

“Quando investimos em mulheres, nutrimos comunidades inteiras”, disse Valerie Guarnieri, Diretora Executiva Assistente do Programa de Operações do Programa Mundial de Alimentos (WFP). “Podemos vencer a batalha contra a fome e a desnutrição capacitando e apoiando as mulheres para assumir a liderança”.

Atualmente, apenas 4% da ajuda bilateral total é dedicada a programas com a igualdade de gênero como objetivo principal, de acordo com o Instantâneo de Gênero de 2022 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, a lacuna de financiamento existente para alcançar a igualdade de gênero em áreas-chave, incluindo o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para acabar com a fome e a pobreza e apoiar a participação igualitária das mulheres na sociedade até 2030, é de cerca de US$360 bilhões anuais em 48 países em desenvolvimento (FAO 2023).

Relevância muito positiva em países africanos

Os sistemas agroalimentares são uma fonte importante de renda para as mulheres em muitos países. Na África Subsaariana, por exemplo, 66% do emprego feminino está nos sistemas agroalimentares e, no sul da Ásia, chega a 71%. As mulheres são essenciais para a segurança alimentar global, regional e nacional (FAO 2023).

No entanto, o status desigual das mulheres, devido a normas sociais discriminatórias presentes na sociedade e nos sistemas agroalimentares, as deixa vulneráveis à fome e à pobreza. Em 2022, 388 milhões de mulheres e meninas viviam em extrema pobreza e 27,8% das mulheres estavam moderadas ou gravemente inseguras quanto à alimentação.

Restrição de acesso à tecnologia e a insumos agrícolas limita ação feminina

Esse quadro geral de disparidade de gênero é evidente em áreas rurais. O acesso limitado a ativos e insumos agrícolas gera uma lacuna de gênero na produtividade da terra, com uma diferença de 24% entre a produtividade de fazendas geridas por mulheres em comparação com fazendas de tamanho semelhante geridas por homens. 

As mulheres ganham, em média, 18,4% a menos em empregos assalariados na agricultura: quando os homens ganham um dólar, as mulheres ganham cerca de 82 centavos. Além disso, ondas de calor e inundações afetam as mulheres rurais e os homens de maneira diferente e ampliam a lacuna de renda, como destacado no relatório Clima Injusto (FAO 2024).

O Dia Internacional das Mulheres é uma oportunidade não apenas de celebrar as conquistas das mulheres, mas também de reconhecer e apoiar suas contribuições significativas em todos os aspectos da sociedade, incluindo o setor de alimentos e agronegócio. Vamos continuar valorizando e apoiando as mulheres que fazem a diferença todos os dias!

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