Mercado de cacau no mundo enfrenta grande desafio devido a alta de preços por conta de menos produção nos países africanos, que concentram expressivos volumes
O cacau, como toda commodity, segue as práticas de mercado quanto a oferta e procura. Com o aumento de 400% no valor do produto no último ano, as empresas estão ponderando como conseguirão manter os estoques e produção de chocolates, sem danificar demais suas finanças.
Quem não consegue acompanhar tal aumento de custos de estoques e repassar tudo ou parte para os consumidores, está em situação difícil. Já algumas empresas que podem arcar com esse custo, ponderam a redução de quantidade nos produtos ao consumidor.
“Assim como as muitas variações de preços de commodities, esta é mais uma variação de preços de commodity que temos que lidar taticamente”, declarou Mark Schneider, CEO da Nestlé, ao site FoodNavigator.
O que está impactando os preços internacionais?
Cerca de 70% da oferta mundial de cacau vem da Costa do Marfim e de Gana. Ambos tiveram sensíveis quebras de produção na safra 2023/2024 por conta de questões climáticas e pragas que danificam as árvores. A produtividade já vinha caindo ano a ano, e agora o fato se traduz no aumento diário dos preços.
Os problemas gerados são diversos e têm grande impacto nesses países. A redução da velocidade de compra afeta diretamente as comunidades de trabalhadores no continente africano, podendo aumentar os problemas econômicos e sociais.
Os diversos programas de inclusão e de sustentabilidade para acabar com o trabalho infantil e para promover a economia local, organizados pelas entidades de classe e indústrias tais como Nestlé, Cargill, Mondeléz, World Cocoa Foundation, devem prever esse novo cenário para manter a eficácia de seus programas.
Quais os reflexos no Brasil
A indústria nacional mantém a expansão da cultura do cacau, sustentada por diversas iniciativas de explorar novos locais para o plantio, buscar melhor produtividade, frutos com sabores e aromas diferenciados e integrar em projetos socioeconômicos. Em termos de quantidade de cacau produzido, o Brasil já foi o 3o maior produtor mundial e hoje ocupa a 7a posição no mercado.
Esse dado, olhado isoladamente, tem significância relativa quando se avalia a questão da qualidade do cacau e das práticas de sustentabilidade. A International Cocoa Organization (ICCO), que reúne as empresas que atuam no setor, nos informou que hoje há pouco o que falar ou criticar o Brasil quanto as práticas de ESG e principalmente quanto ao uso de mão-de-obra infantil. O foco principal da entidade é criar condições melhores para melhorar a economia e condições de trabalho nos países africanos.

Bons exemplos nacionais são verificados nas iniciativas do Instituto Arapyaú. O engenheiro agrônomo e cacauicultor Ricardo Gomes conhece a história do cacau como poucos. Com seu trabalho como gerente de Desenvolvimento Territorial do Instituto e presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Sul da Bahia (ADR), ele se compromete com a missão do Arapyaú de impulsionar o sul da Bahia a ser uma referência brasileira de desenvolvimento sustentável, com ações de redução de desigualdades por meio da busca de suas potencialidades e vocações, sobretudo a cacauicultura.
“Hoje, a região ressurge no cenário nacional como zona cacaueira, porém com um direcionamento mais concentrado na produção de amêndoas de alta qualidade, visando a inserção em um mercado diferenciado e a busca por melhores preços. Além disso, atualmente, almejamos a valorização do sistema de produção sustentável, especialmente os Sistemas Agroflorestais (SAFs), que, em nosso caso, é o sistema Cabruca”, explica Ricardo.
Observa-se uma mudança na estrutura fundiária, com a redução das grandes propriedades, uma vez que mais de 80% da produção de cacau no sul da Bahia hoje é proveniente de agricultores familiares de pequenas propriedades. Isso demonstra um novo momento positivo da conjuntura social da região.
“Neste novo contexto, há uma consciência ampliada em relação à conservação ambiental, juntamente com a busca por mecanismos que viabilizem o pagamento por serviços ambientais. Esses mecanismos promovem a valorização da forma de produzir cacau, seja pelo modelo SAF tradicional ou a própria Cabruca. A valorização se dá de duas formas: pela qualidade das amêndoas, aliada ao incremento da produtividade, e pela crescente conscientização ambiental, onde produção e conservação são intrinsecamente ligadas e precisam ser reconhecidas e monetizadas”, reforça Ricardo.
A volta da cultura do cacau para a Amazônia

O Programa Nestlé Cocoa Plan está expandindo a atuação no Estado de Rondônia para aumentar volume de cacau sustentável. A empresa acelera inclusão de fazendas no estado para alcançar meta de 100% de cacau sustentável até 2025, e estima dobrar produtividade das propriedades com aprimoramento do cultivo.
A expansão na região é natural. O cacau é um fruto original da Amazônia e encontra todas as boas condições para voltar a ser um produto relevante para a economia local. O Estado tem participação expressiva na produção nacional, e tende a aumentar.
O programa Nestlé Cocoa Plan (NCP) encerrou 2023 com 60% de cacau sustentável do total adquirido. Para alcançar o objetivo de obter 100% de cacau sustentável até 2025, uma das iniciativas principais da companhia é acelerar a inclusão de fazendas de Rondônia no Programa e contribuir com o aumento da produtividade dessas propriedades.
Até agora, cerca de 200 fazendas fazem parte do NCP em Rondônia, e englobam aproximadamente mil famílias envolvidas no cultivo. Essa jornada no estado começou em 2023 e a expectativa é que o avanço da verificação e inclusão das fazendas locais no Programa aumente a produtividade nas áreas cultivadas.
A título de comparação, a média de produção das fazendas que fazem parte do NCP no Brasil é de 514 quilos de amêndoas por hectare, enquanto em Rondônia, a média das fazendas é de 220 quilos por hectare. Existe, portanto, uma grande oportunidade de aumentar a produtividade da Nestlé por meio da assistência técnica prestada pelo NCP que contribui para a evolução dessas fazendas.
“Hoje, 45% da produção sustentável da Nestlé está no Pará, 45% na Bahia, 5% no Espírito Santo e 5% em Rondônia e demais estados em que a empresa está presente com o NCP: Tocantins, Minas Gerais, Pernambuco, e São Paulo”, explica Igor Mota, gerente de agricultura da Nestlé e responsável por acompanhar de perto o trabalho feito junto aos produtores.
Por meio do Cocoa Plan, os produtores recebem assistência técnica e capacitações que ajudam a aumentar a produtividade e a qualidade do cacau, além de um prêmio em dinheiro por tonelada, que varia de acordo com a maturidade da propriedade no programa Nestlé Cocoa Plan.
Programa traz bons indicadores sociais e econômicos
Atualmente, mais de 6,4 mil fazendas no país fazem parte do Programa e estão em conformidade com práticas de produção ambientalmente corretas, cumprem normas e leis trabalhistas e de direitos humanos. Todas essas fazendas já são consideradas sustentáveis e contribuem com 60% do cacau sustentável adquirido pela Nestlé – a meta é chegar ao fim de 2024 com 80%.
“A cadeia do cacau é complexa e fragmentada. Temos uma parceria muito sólida e estreita com as moageiras, que compram as amêndoas dos produtores e delas produzem manteiga de cacau, pó de cacau e liquor de cacau. Por sermos a empresa que mais compra cacau no Brasil, cerca de 40% – mesma fatia da nossa participação no mercado –, nosso papel é puxar a fila e ajudar a desenvolver essa indústria”, afirma Mariana Marcussi, diretora de marketing e ESG para chocolates da Nestlé Brasil.
Do investimento de R$ 110 milhões no NCP previsto para acontecer até 2025, 90% desse valor foi aportado a partir de 2023, o que representa uma grande aceleração do programa na reta final para bater a meta de 100% de cacau sustentável até 2025.
Como faço pra fazer parte desse Programa, sou de cajati interior de São Paulo, vale do Ribeira!
Você pode entrar em contato com o Instituto Arapyau para mais informações.
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