Por: Luis Madi
Quando o assunto é alimentos processados, todo mundo fala, escreve, lê e ouve a respeito, mas nem todos estão preparados para debater, inclusive profissionais da área, como destacou há três anos o renomado cientista de alimentos e professor universitário emérito Rob Shewfelt em seu artigo It’s Time We Engage in the Processed Foods Debate, publicado na revista do IFT, Food Technology Magazine.
Para o doutor em ciência dos alimentos, autor do livro In Defense of Processed Food e assessor científico do American Council on Science and Health (ACSH), o engajamento no debate deve envolver quem entende sobre o processamento de alimentos, então os grandes questionamentos que ficaram são: como melhorar a comunicação com o público em geral e como mostrar a ciência por trás do processamento?
O fato é que 60,3% dos brasileiros estão interessados por temas de ciência e tecnologia, segundo a pesquisa Percepção pública da C&T no Brasil 2023, divulgada em maio pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Se mais da metade dos entrevistados tem interesse por C&T, cientistas e engenheiros de alimentos devem se engajar alinhados com essa realidade.
O corpo técnico do ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos, vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, tem feito sua parte há 16 anos com a coordenação e publicação de estudos estratégicos e de tendências com acesso livre e nos últimos três anos com ações de comunicação com a sociedade através dos sites industriadealimentos2030.com.br e www.alimentosindustrializados.com.br e da mais recente iniciativa Comer Com Ciência no Instagram e em artigos no LinkedIn, estando presente assim onde 40% dos brasileiros frequentemente obtêm informações de C&T (redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas digitais).
Começamos praticamente sozinhos em 2008, mas hoje estamos à frente de uma dentre diversas ações de engajamento no debate por parte de instituições públicas e privadas e especialistas ligados à alimentação, como: canal do YouTube da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN); perfil do Instagram de Marcio Atalla; iniciativas Prato de Ciência, Conexão FEA e Processamento de Alimentos para Curiosos da FEA UNICAMP, sendo o último em parceria com a ABIA | Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, que também tem os projetos Olho na Lupa, Tem comida, tem valor e Tem comida, tem verdade; blog da ABMR&A Associação Brasileira de Marketing Rural; seminários do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais LIDE Alimentos & Bebidas e Alimentos LIDE Estadão; criação da União da Cadeia Produtiva de Alimentos e Bebidas Não Alcoólicas (Uncab).
Muitos passos foram dados na comunicação mais eficiente com o consumidor embasados em conhecimento técnico-científico, mas ainda há espaço para outros atores especialistas atenderem o chamado de Robert Shewfelt em meio a inúmeras informações e desinformações propagadas: é preciso engajar somando forças para ampliar a possibilidade de o máximo de pessoas conhecerem o papel e a importância da ciência e tecnologia de alimentos processados e fazerem escolhas alimentares menos confusas e mais conscientes.
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