As experiências e resultados da empresa foram apresentados ao enorme ecossistema de produção de alimentos em evento referência do setor.
Muitas iniciativas de inovação que são desenvolvidas no mundo são de relevância e interesse global: os investimentos em novas pesquisas e tecnologias podem ser muito bem aproveitados para compor o crescimento sustentável da produção de alimentos em todo o mundo. As sinergias existem e podem ser bem aproveitadas, melhorando o retorno dos investimentos e promovendo mais produtividade.
Conversamos com Mirella Lisboa, Gerente de Inovação Aberta da Divisão de Agricultura da BASF, que esteve no evento World Agri-Tech Innovation Summit, em San Francisco, no mês de março neste ano.
Mirella nos traz o que viu de relevante por lá e como as iniciativas podem ser aproveitadas no Brasil e em outros países na América Latina.
O evento reuniu mais de 2 mil profissionais que atuam no agronegócio, na indústria de alimentos e em governos. No mês de junho, será a vez de termos o World Agri-Tech South America Summit, em São Paulo. O evento contará novamente com a cobertura editorial do Food Forum News.
Food Forum News: Quais iniciativas da BASF foram apresentadas no evento World Agri-Tech Innovation Summit, em San Francisco?
Mirella: Criar soluções e tecnologias para uma agricultura mais sustentável é uma grande prioridade para a BASF. Por isso, a empresa levou ao evento o AgroStart, sua plataforma de inovação aberta que acelera o desenvolvimento de soluções digitais para resolver os principais desafios da cadeia do agronegócio.
O AgroStart possibilita a experimentação de tecnologias de startups por meio de parcerias. Ao todo, já são mais de 600 contatos com startups latino-americanas desde o início do programa, em 2016, e 22 agtechs com parcerias ativas atualmente.
A plataforma tem também a Garagem AgroStart, programa de intraempreendedorismo que possibilita aos colaboradores acelerar suas ideias com o apoio de ferramentas e metodologias para desenvolver hipóteses e protótipos de novas soluções para o mercado ou para aumentar a eficiência do negócio. Atualmente, já estamos na 9ª turma da Garagem AgroStart, com a participação de times multidisciplinares de BASF Agro.
Durante o evento, duas startups da América Latina, Agrotoken (Argentina) e Grão Direto (Brasil), e duas outras dos Estados Unidos, IntelinAir e ucrop.it, todas parceiras do AgroStart, tiveram a oportunidade de fazer um pitch (apresentação rápida) para o presidente global de Soluções para Agricultura da BASF, Livio Tedeschi.
Food Forum News: De que forma retratam o que acontece no mercado brasileiro?
Mirella: Temos um mercado globalizado, de extrema competição, e a inovação aberta é o caminho mais rápido para resolvermos as dores do agronegócio, não somente o brasileiro, mas também no cenário mundial, rumo a uma agricultura mais produtiva, segura e sustentável. Por isso, nesse cenário, é muito importante termos uma plataforma de inovação aberta para o agronegócio como é o AgroStart.
Uma das maiores dificuldades das startups de inovação para o agro hoje em dia é acelerar o desenvolvimento de suas soluções em busca de um modelo de negócio viável e interessante para o mercado. No AgroStart, os parceiros contam com toda a expertise da BASF no agro neste processo, tendo a oportunidade de entrar em contato com importantes players do setor para troca de experiências e conhecimentos.
Além disso, é natural que o empreendedor brasileiro, principalmente do agronegócio, tenha o foco principal em resolver as dores do país. Dado o tamanho do mercado interno, é normal que esse produtor procure atingir a maior parcela possível deste mercado.
No entanto, o grande desafio é que o Brasil exporta dois terços do que produz, então as agtechs deveriam começar a pensar em inovação com base no que o mundo está trabalhando, para onde estão indo as soluções, acompanhar de fato as tendências e buscar o mesmo ritmo de escala e crescimento.
Este é o papel do AgroStart. Fazer a ponte entre o que acontece aqui e o que acontece lá fora, para que o empreendedor brasileiro do agro conheça o mercado externo, e para que as empresas de fora também saibam mais sobre as oportunidades, as dores e as soluções do mercado Brasileiro.
Food Forum News: Como as iniciativas locais compõem com as globais?
Mirella: O AgroStart é uma iniciativa global da BASF. A plataforma teve início na América Latina, em 2016, e começou sua expansão global em 2022, nos EUA e no Canadá, com planos de alcançar os mercados da Europa e da Ásia.
Os colaboradores da BASF, junto a clientes e empresas parceiras da cadeia agrícola, são chamados para contribuir na criação de novas soluções para o setor, fortalecendo o ecossistema global de inovação para o agro.
O intraempreendedorismo também é um dos diferenciais da plataforma. Temos contato com empreendedores externos para troca de conhecimentos e busca por soluções. Assim, ao fortalecer estas conexões, a empresa abre as portas do mercado mundial para as startups do agro.
Existe alguma mensuração sobre a evolução e resultados na adoção das práticas de inovação e sustentabilidade?
O AgroStart é uma iniciativa da BASF, empresa de soluções para agricultura que tem a inovação e a sustentabilidade como pilares do negócio. Além disso, também visamos promover a digitalização e a experiência do cliente.
A companhia trabalha em prol de metas de agricultura sustentável definidas globalmente, voltadas para a redução da emissão de CO2 por tonelada de cultivo produzido, a oferta de soluções cada vez mais sustentáveis, a disponibilização de tecnologias digitais e a promoção das boas práticas agrícolas.
Food Forum News: Qual o investimento da empresa junto às agtechs e empreendedores?
Mirella: A BASF realiza investimentos diretos em agtechs por meio do BASF Venture Capital. Já o AgroStart interage com as startups de outro modo, focando no relacionamento e na troca de conhecimentos do mercado e sobre as soluções.
Muitas vezes, a maior dificuldade do empreendedor é ter acesso ao mercado, entender como é a dinâmica de um segmento específico, e também conhecer o perfil do agricultor. Com toda a expertise agronômica que a empresa tem, por meio do AgroStart conseguimos fazer estas trocas com as startups, o que pode ser essencial para o sucesso de novos negócios/soluções num mercado tão competitivo quanto o agro.
A BASF é uma das empresas líderes do agronegócio global, portanto abrir as portas para startups é uma iniciativa para fomentar novas ideias e tecnologias no agro. Trabalhamos muito com a cocriação, para que possamos oferecer as melhores soluções para agricultores e demais elos da cadeia agrícola.
Food Forum News: Qual o seu sentimento em relação à dinâmica do evento na apresentação e busca de sinergias com outras empresas que buscam inovações no agro?
Mirella: No evento foi muito discutida a necessidade de incentivos, tomadas de decisões baseadas em dados e colaboração para descarbonizar as operações na agricultura. Foi enfatizada a importância dos programas baseados em incentivos do governo e os benefícios das práticas de agricultura regenerativa.
Também foi levantada a importância do MRV (Measurement, Reporting and Verification) para medir a efetiva redução de emissão de carbono dos produtores, junto à necessidade de reduzir as emissões de carbono em toda a cadeia de produção de alimentos, com uma abordagem abrangente a todos os atores da cadeia de produção.
As dificuldades na contabilização das emissões de carbono por parte dos produtores também foram destacadas, com os palestrantes concordando que reduzir as emissões da cadeia de suprimentos e implementar estratégias individuais (player by player) de redução são cruciais para alcançar a sustentabilidade na produção de alimentos.
Nas discussões, também foram traçadas ações prioritárias para a descarbonização da agricultura:
- Investir em ferramentas de medição e monitoramento para a agricultura;
- Estabelecer consenso sobre padrões e papéis do poder público, em geral, nos mercados ambientais e na certificação de agricultura inteligente para melhor manutenção dos padrões climáticos;
- Desenvolver protocolos e sistemas de certificação para agricultura e commodities florestais inteligentes para o clima;
- Big Corps com papel fundamental para facilitar parcerias com o objetivo de implementar as práticas de descarbonização da agricultura;
- Desenvolver maneiras de agregar dados dos agricultores protegendo a privacidade desses dados;
- Definir a redução de carbono como o objetivo principal em toda a cadeia de produção de alimentos;
- Utilizar tecnologias digitais para permitir a troca de dados e otimização em toda a cadeia de valor;
- Colaborar com a indústria para viabilizar um sistema agrícola sustentável e de alta produtividade.
Food Forum News: Quais os fatos que mais chamaram a sua atenção nas diversas apresentações realizadas no evento?
Mirella: Duas observações nas apresentações me capturaram a atenção: a primeira é a aplicação abrangente das tecnologias, que se estende antes, durante e após a porteira. A discussão não se concentra mais em uma única tecnologia isolada, mas na interconexão de várias tecnologias que juntas trazem eficiência para o setor. A segunda observação é a maturidade evidente nas relações entre os diversos participantes do ecossistema de inovação e tecnologia. Ficou evidente que todos os apresentadores concordam sobre a importância da colaboração para o sucesso da inovação.
Food Forum News: Você saiu do evento com mais insights para poder estruturar melhor suas iniciativas?
Mirella: Definitivamente, o evento foi uma experiência enriquecedora. As apresentações e discussões proporcionaram uma visão abrangente das tendências emergentes e das inovações no setor agro no território norte-americano que, de certa forma, influenciam os movimentos globais.
Fiquei particularmente impressionada com a forma como as tecnologias estão sendo integradas para aumentar a eficiência do setor, e esse modelo pode funcionar muito bem no Brasil. Além disso, a ênfase na colaboração entre os diversos atores do ecossistema de inovação e tecnologia reforçou a minha convicção de que a inovação é um esforço coletivo.
Por isso, sem dúvidas o maior insight é de que devemos criar as condições para fazer a ponte entre o que acontece aqui e o que acontece lá fora, para que o empreendedor brasileiro do agro conheça o mercado externo, e para que as empresas de fora também saibam mais sobre as oportunidades, as dores e as soluções do mercado Brasileiro.
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