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Empresários destacam suas percepções sobre o futuro do crédito agrícola e as estratégias para enfrentar os desafios do setor.

As plataformas digitais estão transformando o crédito agrícola no Brasil. Este foi o tema central do painel painel do World Agri-Tech South America Summit 2024 onde profissionais do mercado compartilharam suas visões sobre as tendências e desafios enfrentados.

Entre os palestrantes estavam Marcelo Pimenta, da Serasa Experian, Arthur Ware, da Traive, André Savino, da Syngenta, Nadege Saad, do e-Agro (Bradesco) e Gustavo Modenesi, da Lavoro Agro.

Pimenta abriu a discussão destacando a expansão do crédito agrícola nos últimos cinco anos. Em 2018, a relação crédito/PIB do agronegócio era de 27%, aumentando para 39% em 2023. Apesar desse crescimento, ele apontou que ainda há muito espaço para expansão, especialmente com as recentes mudanças regulatórias, como a Lei do Agro e a entrada do mercado de capitais.

Contudo, ele alertou para o cenário volátil enfrentado pelos produtores devido a problemas climáticos, altos custos e preços baixos de commodities, resultando em um aumento significativo de recuperações judiciais.

Vivemos um período de expansão ainda maior dentro da pandemia, onde as margens dos produtores saíram de 25%, em média, para 45%. Até encontrar a tempestade perfeita, que foi a última temporada 2024. Muita gente estava alavancada. A gente saiu de margens de 4 a 5% para algo em torno de 10 a 15%. E tivemos um cenário ruim. Tivemos problemas climáticos que afetaram a produção. Teve uma questão de custos altos e preços de commodities baixo. Então, isso fez com que o cenário se deteriorasse muito rápido.

Marcelo Pimenta, da Serasa Experian

Ware enfatizou a importância da informação na concessão de crédito, argumentando que “crédito sem informação é apenas risco, enquanto crédito com informação é oportunidade”. Ele observou que os mercados de crédito no Brasil são fragmentados e frequentemente baseados em dados históricos inadequados.

Acreditamos que o uso de IA e o uso de tecnologias avançadas utilizando milhares de pontos de dados para ajudar os analistas de crédito a tomarem melhores decisões e monitorarem isso ao longo do ciclo de vida do crédito trará melhores vantagens.

Arthur Ware, da Traive

Savino compartilhou sua perspectiva baseada em 26 anos de experiência no setor. Ele afirmou que o mercado agrícola é inerentemente volátil, passando por diversos ciclos de ajustes devido a crises políticas, econômicas e de commodities.

Apesar desses desafios, ele acredita que os fundamentos do mercado permanecem sólidos. Savino destacou a importância de construir um ecossistema robusto, combinando dados de várias fontes para tomar melhores decisões de crédito e atender à demanda crescente de financiamento agrícola.

Conversando com vários colegas especialistas, estima-se que o mercado de crédito brasileiro é ao redor de um trilhão de reais, 200 bilhões de dólares estimado. Você imagina? O governo não tem como financiar isso. As instituições que eu represento financiam parte disso.

André Savino, da Syngenta

Oferta de crédito deve ser mantida, com mais rigor nas garantias

Nadege Saad enfatizou que, embora a oferta de crédito não deva se expandir significativamente em 2025, também não deve retrair. Ela vê uma mitigação de riscos através do uso de dados, colaboração dentro do ecossistema e monitoramento rigoroso. Saad destacou a necessidade de educar os agricultores e o ecossistema sobre o planejamento e gestão financeira, visando reduzir a alavancagem e fortalecer as relações entre oferta e demanda.

Eu vejo uma oferta de crédito talvez mais mitigado em termos de risco. É a gente buscando mais fontes de dados, utilizando um pouco mais de colaboração dentro do ecossistema e, claro, monitoramento de garantias de segurança jurídica.

Nadege Saad, do e-Agro / Bradesco

Gustavo Modenesi discutiu a importância da rentabilidade para os agricultores. Prevê uma melhora significativa na próxima safra devido a uma relação de troca mais equilibrada e menos volatilidade nos preços de grãos e insumos.

Ele destacou a importância de agregar dados públicos e proprietários para melhorar as avaliações de risco de crédito. O executivo reconheceu que a fragmentação dos dados ainda é um desafio significativo para o setor.

Estamos vendo muito menos volatilidade nesta safra atual. Vimos oscilações violentas nos preços dos grãos e oscilações ainda mais violentas nos preços dos insumos. A perspectiva para o próximo ano é mais estável. Algum trabalho deve ser feito para melhorar e sofisticar essas avaliações de risco, e eu acho que esse é um desafio para todo o setor, incluindo a fragmentação dos dados disponíveis.

Gustavo Modenesi, da Lavoro Agro

O que podemos esperar do futuras e importância da colaboração

Os participantes do painel concordaram que a chave para o crescimento do crédito agrícola no Brasil reside na colaboração e no compartilhamento de informações dentro do ecossistema.

Savino destacou que, em vez de depender de uma única fonte de dados. ,O sucesso virá da construção de ecossistemas que combinem informações de diversas origens para tomar decisões de crédito mais informadas.

Saad acrescentou que a interoperabilidade e a colaboração entre os stakeholders são cruciais para expandir o alcance das plataformas digitais e atender aos agricultores subfinanciados.

A adoção de tecnologias avançadas e a construção de ecossistemas colaborativos são vistas como estratégias essenciais para mitigar riscos e impulsionar o crédito agrícola no Brasil.

Os executivos do setor estão otimistas de que, com a abordagem certa, o mercado agrícola brasileiro pode continuar a crescer e prosperar, mesmo em face de desafios significativos.

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