Inovação da Embrapa transforma subproduto em queijo cremoso, alimento funcional de alto valor nutritivo
O desenvolvimento de amêndoas de caju quebradas como base para produto análogo a queijo cremoso simbiótico representa um marco na inovação alimentar brasileira. A Embrapa Agroindústria Tropical transformou um subproduto da indústria de castanha-de-caju em uma alternativa funcional e nutritiva, demonstrando como a pesquisa agropecuária nacional pode liderar o mercado de alimentos plant-based.
A pesquisa conduzida em Fortaleza (CE) utilizou amêndoas de caju quebradas para desenvolver um produto análogo a queijo cremoso simbiótico, aproveitando a riqueza nutricional da castanha-de-caju em uma aplicação inovadora. Este desenvolvimento está alinhado com a crescente demanda por alternativas plant-based, conforme destacado nas pesquisas da Embrapa sobre evolução dos alimentos plant-based no Brasil.
O conceito simbiótico, que combina prebióticos e probióticos, oferece benefícios superiores ao fornecer tanto bactérias benéficas quanto o alimento necessário para seu crescimento. Esta abordagem posiciona o produto como um alimento funcional de alta qualidade, atendendo às demandas de consumidores conscientes sobre saúde e sustentabilidade.
Processo Tecnológico Garante Qualidade e Segurança Alimentar
O desenvolvimento do produto análogo a queijo cremoso simbiótico envolveu etapas criteriosas de processamento tecnológico. As amêndoas de caju quebradas passam por tratamento térmico para redução de contaminação, seguido de hidratação por 24 horas e trituração com água para formar uma massa homogênea.
A fermentação utiliza cultura starter RSF-736, combinada com ingredientes funcionais como óleo de coco, sal, frutooligossacarídeos (FOS) como prebiótico, Bifidobacterium animalis BB-12 como probiótico, e goma xantana para texturização. Esta formulação garante as características sensoriais desejadas enquanto mantém os benefícios funcionais do produto.
O controle rigoroso da qualidade microbiológica e a composição nutricional equilibrada demonstram o comprometimento com a segurança alimentar. O produto final apresenta 56,9% de umidade, 18,6% de lipídios, 1,5% de cinzas, 5,8% de proteínas e 17,2% de carboidratos, com teor de FOS de 9,17g/100g, atendendo plenamente à legislação brasileira para prebióticos.
Aproveitamento Sustentável de Subprodutos da Cadeia Agroindustrial
A utilização de amêndoas de caju quebradas representa uma estratégia sustentável de aproveitamento de subprodutos da agroindústria. Apesar do menor valor comercial, essas amêndoas mantêm o mesmo valor nutritivo das inteiras, tornando-se matéria-prima ideal para formulações alimentícias inovadoras.
Esta abordagem está em sintonia com as diretrizes da Embrapa para sustentabilidade na produção de alimentos, conforme demonstrado no livro “Brasil em 50 Alimentos”, que celebra a diversidade e sustentabilidade da agricultura brasileira. O aproveitamento integral da cadeia produtiva da castanha-de-caju contribui para a redução de desperdícios e agregação de valor aos produtos regionais.
A parceria com a Usina Brasileira de Óleos e Castanha Ltda (Usibras) na doação das matérias-primas exemplifica a colaboração entre pesquisa pública e setor privado, essencial para o desenvolvimento de soluções inovadoras no setor alimentício. O apoio financeiro do CNPq e da própria Embrapa demonstra o investimento em pesquisa aplicada para benefício da sociedade.
Aceitação Sensorial Confirma Potencial Comercial do Produto Queijo Cremoso Plant-Based
A avaliação sensorial do produto revelou resultados promissores, com média de 7 para aceitação global, equivalente a “gostei” na escala hedônica. A intenção de compra classificada entre “provavelmente compraria” e “certamente compraria” confirma o potencial comercial desta inovação no mercado de alimentos funcionais.
Tendências do Mercado Plant-Based Impulsionam Inovações
O desenvolvimento deste produto análogo a queijo cremoso simbiótico está alinhado com as tendências globais do mercado plant-based. Conforme dados do setor, o mercado de alimentos vegetais movimentará US$ 4,6 bilhões até 2030, evidenciando o crescimento exponencial desta categoria.
A Embrapa tem sido protagonista neste cenário, contribuindo para as discussões sobre regulamentação de produtos à base de vegetais no Brasil. Esta participação ativa garante que as inovações brasileiras estejam alinhadas com os padrões internacionais de qualidade e segurança.
O produto desenvolvido representa mais que uma alternativa aos queijos tradicionais; simboliza a capacidade de inovação da pesquisa brasileira em transformar matérias-primas regionais em soluções alimentares de alta tecnologia. A combinação de sustentabilidade, funcionalidade e aceitação sensorial posiciona este desenvolvimento como referência para futuras inovações no setor plant-based nacional.
Impactos Econômicos e Sociais para a Cadeia da Castanha-de-Caju
O desenvolvimento do produto análogo a queijo cremoso simbiótico de amêndoas de caju representa um importante avanço para a valorização da cadeia produtiva da castanha-de-caju no Nordeste brasileiro. A transformação de subprodutos em alimentos de alto valor agregado cria oportunidades econômicas significativas para produtores e processadores regionais.
A tecnologia desenvolvida pode ser adaptada por agroindústrias de pequeno e médio porte, democratizando o acesso à inovação e contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico das regiões produtoras. Esta característica está alinhada com os objetivos da Embrapa de transferir tecnologia para o setor produtivo, conforme evidenciado em outras iniciativas como a parceria Mosaic-Embrapa para pecuária sustentável.
A valorização de produtos regionais através da inovação tecnológica fortalece a identidade alimentar brasileira no cenário internacional. O aproveitamento da castanha-de-caju, produto tradicionalmente exportado in natura, em formulações de alta tecnologia demonstra a capacidade nacional de agregar valor à produção primária.