Segurança alimentar América Latina e Caribe
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Nos últimos anos, a América Latina e o Caribe avançaram na segurança alimentar, com diminuição significativa do número de pessoas afetadas pela fome e pela subalimentação.

O relatório Panorama Regional da Segurança Alimentar e Nutrição 2024, publicado hoje pela FAO, FIDA, OPS, PMA e UNICEF, informa que América Latina e o Caribe conseguiram melhorar a segurança alimentar em 2023.

No entanto, 187,6 milhões de pessoas na América Latina e Caribe enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave no ano. Apesar de ser um número expressivo, a pesquisa aponta uma queda de 19,7 milhões em relação a 2022.

Cenário atual e melhoras regionais

A prevalência da subalimentação na América Latina e Caribe caiu para 6,2% da população, impactando 41 milhões de pessoas, com uma redução expressiva na América do Sul. No entanto, enquanto essa melhoria é evidente no sul do continente, o Caribe registrou um aumento marginal na fome, enquanto Mesoamérica manteve os mesmos níveis dos anos anteriores.

Em termos de insegurança alimentar grave, o Caribe se destaca como a sub-região mais afetada, com 28,6% da população sofrendo com a falta de acesso a alimentos, seguido por Mesoamérica (7,6%) e América do Sul (7,2%).

Número de pessoas subalimentadas na América Latina e Caribe, por subregião

Fatores que contribuíram para a melhorar a segurança alimentar

De acordo com o relatório, a recuperação econômica após a pandemia de COVID-19 foi um dos principais motores para a redução da fome na região.

A retomada do emprego, a diminuição da pobreza extrema e a resposta rápida dos sistemas de proteção social em diversos países contribuíram para a melhora nos índices alimentares. Além disso, a alta nos preços da energia beneficiou exportadores, impulsionando economias locais.

Desafios persistentes e desigualdades

Apesar dos avanços, a insegurança alimentar continua a afetar desproporcionalmente certos grupos, como as populações rurais e as mulheres. A diferença de gênero na insegurança alimentar moderada ou grave é de 5,2 pontos percentuais na América Latina e Caribe, superior à média global de 1,3 pontos.

Além disso, a falta de acesso a dietas saudáveis continua a ser uma barreira significativa para milhões de pessoas, devido aos altos custos dos alimentos nutritivos na região.

Predominância de pessoas subalimentadas, por país e região

Impacto das variáveis climáticas

Durante a apresentação do relatório em evento promovido pela FAO, ficou muito evidente a preocupação dos diretores das diversas entidades que participaram da elaboração do documento com as mudanças climáticas.

O fator crítico apontado pelo relatório é a crescente variabilidade climática e os eventos extremos, como secas e inundações, que afetam diretamente a produção agrícola e a segurança alimentar.

A América Latina é a segunda região mais exposta a fenômenos climáticos extremos no mundo, atrás apenas da Ásia, com 74% dos países enfrentando alta exposição a essas ameaças.

Obesidade e nutrição: região atrai preocupação

A obesidade entre adultos na América Latina e no Caribe tem crescido de forma alarmante nas últimas décadas. Segundo o relatório, a taxa de obesidade na região atingiu 29% da população adulta em 2022, quase o dobro da média global de 15,8%. Em comparação com o ano 2000, quando a prevalência era de 15,4%, os números demonstram uma tendência de crescimento preocupante, impulsionada por mudanças nos hábitos alimentares, estilo de vida sedentário e maior consumo de alimentos ultraprocessados.

Entre as sub-regiões, Mesoamérica apresenta a maior prevalência de obesidade, com 34,4% da população adulta afetada, seguida pela América do Sul, com 28,6%, e pelo Caribe, com 24,5%. Esses dados refletem desigualdades no acesso a alimentos saudáveis e práticas nutricionais adequadas, além de desafios socioeconômicos que dificultam a promoção de dietas equilibradas.

Obesidade em adultos na América Latina e Caribe

Lactância materna: progresso significativo

Por outro lado, a América Latina e o Caribe têm registrado avanços positivos no que diz respeito à lactância materna exclusiva. Em 2022, cerca de 43,1% dos lactentes menores de seis meses receberam exclusivamente leite materno, um crescimento expressivo em relação aos 34,3% registrados em 2012. A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida é fundamental para a saúde infantil, fortalecendo o sistema imunológico e prevenindo doenças crônicas no futuro.

Dentre as sub-regiões, a América do Sul lidera com uma taxa de 47,1%, seguida por Mesoamérica (38,7%) e pelo Caribe (31,4%). Esses dados apontam para o impacto positivo de campanhas de conscientização e políticas públicas de incentivo à amamentação. No entanto, desafios como o retorno precoce ao trabalho e a falta de suporte adequado ainda representam obstáculos para muitas mães na região.

Baixo peso ao nascer: desafio persistente para segurança alimentar

A prevalência de baixo peso ao nascer continua sendo um desafio, embora a América Latina e o Caribe apresentem índices inferiores à média global. Em 2020, 9,6% dos recém-nascidos na região apresentaram peso inferior a 2,5 kg, enquanto a média global foi de 14,7%. O Caribe registrou a maior taxa da região, com 11,7%, seguido por Mesoamérica (10,9%) e América do Sul (8,8%).

O baixo peso ao nascer está diretamente relacionado a fatores como nutrição inadequada durante a gravidez, acesso limitado a serviços de saúde e condições socioeconômicas desfavoráveis. Programas de suporte nutricional para gestantes e melhorias nos serviços de saúde materno-infantil são essenciais para reduzir esses índices e garantir um início de vida saudável para as novas gerações.

Os dados revelam que, enquanto há progressos na promoção da lactância materna, a obesidade entre adultos continua a crescer e o baixo peso ao nascer ainda requer atenção especial. A implementação de políticas públicas eficazes, o fortalecimento da educação nutricional e o acesso a dietas saudáveis são essenciais para enfrentar esses desafios e promover a saúde e o bem-estar na região.

Ações necessárias para um futuro sustentável

Para continuar avançando, o relatório recomenda o fortalecimento dos sistemas agroalimentares, com políticas públicas robustas que promovam a resiliência climática, a diversificação da produção e a ampliação do acesso a alimentos saudáveis.

A implementação de tecnologias agrícolas e o fortalecimento da governança alimentar também são apontados como estratégias fundamentais para garantir a segurança alimentar de forma sustentável.

Embora a América Latina e o Caribe tenham mostrado avanços na luta contra a fome, desafios estruturais ainda precisam ser enfrentados para garantir a segurança alimentar a longo prazo.

O relatório aponta a necessidade de esforços conjuntos entre governos, setor privado e sociedade civil para consolidar os ganhos obtidos e promover sistemas alimentares resilientes e inclusivos.

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Para acessar o relatório completo, visite: FAO – Panorama Regional da Segurança Alimentar e Nutrição 2024


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