Um estudo inovador conduzido pela Embrapa Florestas, em parceria com as Universidades Federais de Viçosa (UFV) e Paraíba (UFPB), revelou que o pinhão, semente da Araucaria angustifolia, contém substâncias prebióticas, como amido resistente e frutooligossacarídeos (FOS).
Esses compostos, conhecidos por estimular o crescimento de probióticos, oferecem benefícios significativos para a saúde intestinal.
Essa descoberta pode impulsionar o interesse no consumo do pinhão, tradicionalmente apreciado em regiões do sul do Brasil, e abrir novas possibilidades no mercado de alimentos funcionais, como cereais, snacks e suplementos.
O que são prebióticos e como atuam no organismo?
Prebióticos são fibras não digeríveis que servem de alimento para bactérias benéficas no intestino, ajudando a manter a saúde do ecossistema intestinal. Diferentemente dos probióticos, que são as próprias bactérias benéficas presentes em alimentos como iogurte e kombucha, os prebióticos criam um ambiente favorável para a multiplicação desses microrganismos.
No caso do pinhão, o amido resistente e os FOS são metabolizados por bactérias probióticas, como Bifidobacterium e Lactobacillus, produzindo ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido butírico. Esses ácidos contribuem para a renovação do epitélio intestinal, fortalecendo o sistema imunológico e reduzindo o risco de doenças metabólicas e digestivas.
Pinhão e seus compostos: amido resistente e FOS
O estudo analisou três variedades de pinhão em diferentes estágios de maturação e comprovou sua eficácia no estímulo ao crescimento de bactérias probióticas. Comparado à dextrose, o amido resistente do pinhão demonstrou maior capacidade de promover a multiplicação bacteriana.
Já os FOS, açúcares não metabolizáveis pelo organismo humano, desempenham um papel essencial no equilíbrio da microbiota intestinal, ajudando a inibir bactérias prejudiciais e a melhorar a absorção de minerais como cálcio e magnésio. Esse processo pode contribuir para a prevenção de doenças como osteoporose e problemas cardiovasculares.
O impacto do pinhão na preservação da Araucária
Além dos benefícios para a saúde, valorizar o consumo de pinhão pode estimular a conservação da Araucaria angustifolia, uma espécie ameaçada de extinção. Sendo assim, incentivar o uso do pinhão em novos produtos alimentícios não apenas amplia o mercado, mas também fortalece campanhas de preservação ambiental.
A utilização de farinha de pinhão em alimentos funcionais, uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa, já está em vias de produção industrial. Isso representa um passo importante para combinar saúde e sustentabilidade em um único produto.
Perspectivas para o mercado de alimentos funcionais
A presença de FOS no pinhão oferece uma oportunidade única para o desenvolvimento de produtos inovadores voltados à saúde digestiva. Snacks, cereais matinais e suplementos que incorporam farinha de pinhão podem conquistar consumidores que buscam alimentos mais saudáveis e funcionais.
Embora o consumo isolado não seja suficiente para atingir as doses recomendadas de FOS, sua combinação com outros alimentos pode resultar em uma dieta equilibrada, promovendo saúde intestinal e melhor qualidade de vida.
O futuro do pinhão como superalimento
Combinando tradição, inovação e sustentabilidade, o pinhão tem potencial para se consolidar como um ingrediente-chave na alimentação saudável. Estudos adicionais, como o uso da farinha de pinhão para estimular o crescimento de probióticos, abrem caminho para avanços no mercado de alimentos funcionais e na pesquisa nutricional.
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