Projeto promove sustentabilidade e inclusão social ao beneficiar pequenos agricultores da cacauicultura na Amazônia.
O estado do Pará desponta como líder na expansão da cacauicultura brasileira por meio do Projeto de Distribuição de Sementes Híbridas, uma iniciativa da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em parceria com a Fundepag. O projeto, que começou em 2022 e segue até 2025, distribui gratuitamente sementes geneticamente melhoradas a pequenos agricultores, priorizando práticas sustentáveis e a inclusão social.
Com um investimento total de R$ 1,5 milhão, sendo R$ 720 mil oriundos do Fundo Estadual do Cacau (Funcacau), o programa atende municípios estratégicos onde as condições agroclimáticas favorecem o cultivo do cacau, promovendo transformação econômica e preservação ambiental.
Produtividade e práticas ecológicas
As sementes híbridas distribuídas apresentam produtividade entre 1.000 e 3.000 kg de cacau por hectare, um avanço significativo frente à média nacional. No Pará, a produtividade é de 960 kg por hectare, enquanto na Bahia, o índice é de 300 kg.
O cultivo dessas variedades ocorre sob sistemas agroflorestais que simulam o sub-bosque de florestas nativas. Durante os primeiros três anos, as lavouras utilizam sombreamento temporário, substituído posteriormente por sombreamento definitivo, garantindo o equilíbrio ecológico e o desenvolvimento sustentável.
“Atualmente, temos mais de 220 mil hectares de cacaueiros híbridos no Pará, e 160 mil hectares já estão em plena produção, superando 145 mil toneladas de cacau ao ano”, destaca Fernando Teixeira Mendes, engenheiro agrônomo e executor técnico do projeto.
Inclusão social e economia familiar
A distribuição gratuita das sementes beneficia, majoritariamente, pequenos agricultores — cerca de 80% dos participantes — muitos dos quais vivem em áreas remotas e com pouca experiência no cultivo de cacau. O projeto oferece assistência técnica contínua, que tem triplicado a produtividade, chegando a até 3.000 kg por hectare em algumas propriedades.
A inclusão de 1.000 a 1.200 novos agricultores por ano reflete o compromisso do programa com o fortalecimento da agricultura familiar e a geração de renda em comunidades vulneráveis.
“Com assistência técnica adequada, esses agricultores conseguem transformar suas realidades. Além de garantir uma renda sustentável, a cacauicultura promove segurança alimentar e impulsiona o desenvolvimento econômico regional”, ressalta Mendes.
Desafios e perspectivas para a cacauicultura
Apesar do sucesso, o projeto enfrenta desafios, como a necessidade de captar recursos anuais para a produção de cerca de 14 milhões de sementes híbridas por ano. O esforço coletivo entre governo, entidades privadas e agricultores será fundamental para garantir a continuidade e expansão da iniciativa.
Com a meta de adicionar 10 mil hectares de cacauicultura por ano, o Pará se consolida como referência na produção sustentável de cacau, promovendo inclusão social e criando um modelo agrícola que alia produtividade, sustentabilidade e impacto social.
Leia também:
Food Outlook: Cacau, café e chá elevam a conta global de importação de alimentos para países mais ricos
Com aumento de 400% no valor, cacau desafia a estabilidade econômica das empresas e oferta no mercado
Cacau, fruto sustentável do Brasil, promovido no vídeo da AIPC