Logo após atingir a marca de 51 anos de atuação profissional nas áreas de ciência e tecnologia de alimentos e embalagem, tive a oportunidade de participar pela primeira vez da Gulfood – The World’s Largest, Most Trusted F&B Sourcing Event, grande feira de alimentos e bebidas oriental dedicada ao setor realizada de 19 a 23 de fevereiro no Dubai World Trade Centre e que chegará à sua 30ª edição no próximo ano.
Ultrapassando a abrangência da alemã Anuga, criada há 105 anos, e a francesa Sial, que comemora sua 60ª edição este ano, a Gulfood é considerada pela ApexBrasil a maior feira de alimentos e bebidas do Oriente Médio, tendo cada vez mais influenciado as tendências da alimentação.
Feira de alimentos e bebidas: 5,5 mil empresas de 190 países
Fui bastante surpreendido ao circular pelos 24 grandes halls da Gulfood, mesmo tendo visitado diversas feiras nacionais e internacionais ao longo de meio século atuando como pesquisador científico do ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos, instituição de pesquisa aplicada pioneira na América Latina e vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo.
Inclusive, tive a grata coincidência de saber que minha estreia coincidiu com a maior edição do evento: participaram 5,5 mil empresas de 190 países, expondo 150 mil produtos, e 25 chefs de restaurantes com estrelas Michelin.
Ficou muito clara a diferença da Gulfood para as tradicionais feiras do setor na Europa e nos EUA ao me deparar com uma série de estandes contemplando produtos básicos com pulses e arroz na formulação, o que significa uma estratégica oportunidade para o mercado brasileiro, que esteve bastante presente no evento principalmente com a indústria da carne, que já é bastante importada pela região, e também com café, bebidas, massas e produtos de panificação, dentre outros, através do empenho da Apex.
Foi muito positivo notar que grande parte dos apoiadores do Projeto Alimentos Industrializados 2030 estavam com estandes na feira de alimentos, mesmo o mercado oriental sendo bastante diferente do ocidental por questões de usos e costumes.
Durante todo o evento, não ouvi qualquer referência a alimentos “ultraprocessados”. Aliás, a crítica aos alimentos industrializados não foi uma preocupação, mas sim o acesso das pessoas à alimentação: suprir a população está acima da distinção dos tipos de alimentos que serão ingeridos.
Temos muito a absorver e muito a contribuir ampliando conexões entre mercados tão distintos e ao mesmo tempo tão relevantes através de oportunidades como a participação em uma feira como a Gulfood e agradeço à Câmara de Comércio Árabe-Brasileira por expandir nossos horizontes: a maior flexibilidade de entrada dos alimentos brasileiros, sem o aspecto restritivo encontrado em especial no mercado europeu, permite planejar um futuro muito positivo para a agroindústria nacional.
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