Reading Time: 2 minutes

A população mundial não para de crescer, sendo urgente a busca por sistemas alimentares mais seguros, saudáveis e sustentáveis. Nesse contexto, chamam a atenção as limitações do termo “alimentos ultraprocessados” e a necessidade de bani-los da alimentação, questões que têm embasado estudos do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, desde a adoção da classificação pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. Nesse início de 2023, essas preocupações mereceram destaque em carta de posicionamento da FoodDrinkEurope, entidade europeia que reúne dezenas de associações e federações das áreas de alimentos e bebidas.

O senso comum de que há correlação entre maior quantidade de processamento e menor valor nutricional dos alimentos é a primeira incoerência apontada pela instituição internacional, já que são vários os exemplos em que o processamento e a formulação de produtos alimentícios melhoram a qualidade, como o aumento de fibras e a fortificação com micronutrientes. Através da ciência e tecnologia, também é possível produzir alimentos que atendam à crescente demanda do consumidor por dietas que contribuem com a redução do impacto ambiental.

Outro ponto destacado é a contradição e a falta de lógica das classificações que adotam o termo “alimentos ultraprocessados”. Após análise de mais de cem documentos técnico-científicos, pesquisadores da Universidade de Surrey e do Conselho Europeu de Informação Alimentar (EFIC) concluíram que a maioria (incluindo a NOVA introduzida pelo Guia Alimentar) não é embasada em evidências ligadas à nutrição e ao processamento de alimentos.

A FoodDrinkEurope também pontua que a terminologia não é clara nem para especialistas em nutrição humana e tecnologia de alimentos, que se confundem classificando alimentos saudáveis como ultraprocessados e ultraprocessados como saudáveis. É o que constatou recente estudo francês embasado na classificação NOVA, que é a mais referenciada mundialmente.

Mais um tópico destacado pela instituição europeia refere-se às consequências negativas do alerta contrário ao consumo de “ultraprocessados”, pois muitos alimentos que se enquadram nessa classificação são saudáveis, enquanto alimentos feitos em casa não necessariamente o são. Esse contexto pode levar a retirada de produtos saudáveis do mercado, redução da ingestão de fibras e micronutrientes e menor aceitação de inovações que permitem sistemas alimentares mais sustentáveis.

A garantia da segurança do alimento produzido pela indústria é outro ponto levantado pela FoodDrinkEurope, já que empresas das áreas de alimentos e bebidas precisam atender rigoroso regulamento de autoridade sanitária para colocar seus produtos no mercado.

Por fim, a entidade europeia lembra que classificações por si só não melhoram a saúde nem protegem o meio ambiente, sendo necessárias, portanto, soluções melhores como o estímulo ao estilo de vida saudável, a inovação com foco em saudabilidade e sustentabilidade, a educação para o consumo consciente, a acessibilidade e o marketing com ética e a transparência.

Começar o ano com esse incisivo posicionamento da FoodDrinkEurope (e de seu diretor geral Dirk Jacobs), conceituada entidade com a qual o Ital interage desde 2015 através de eventos técnico-científicos e visita institucional, é uma grande motivação para a continuidade dos estudos estratégicos e de tendências que o Instituto desenvolve há mais de uma década alinhado à missão de contribuir para a evolução das áreas de alimentos, bebidas e embalagem em benefício do consumidor e da sociedade.

FOOD FORUM NEWS

Direitos de Copyright Reservados 2024

Entre em contato conosco!

We're not around right now. But you can send us an email and we'll get back to you, asap.

Enviando

Fazer login com suas credenciais

Esqueceu sua senha?