Na recente discussão no Congresso ABAG sobre os desafios e oportunidades da agropecuária no Brasil, com a mediação do jornalista William Waack, Roberto Azevedo, sócio da YvY Capital e consultor da ABAG, sublinhou a importância de um marco regulatório interno sólido para o avanço da agropecuária. Segundo ele, a capacidade de planejamento que faz sentido político e econômico é fundamental.
No painel Geopolítica e Sustentabilidade, no evento que ocorreu em 05 de agosto, participaram Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), e Ingo Plögler, vice-presidente da ABAG, onde foram abordadas as principais dificuldades para o crescimento do agro nacional.
Azevedo compartilhou sua experiência em negociações internacionais, como aquelas com o Canadá e na OCDE, destacando a necessidade de o Brasil explorar suas diferenças e usá-las a seu favor. Ele ressaltou que os parâmetros de países temperados não são aplicáveis à agricultura tropical, e que é fundamental sentar à mesa de negociações em igualdade de condições para ser ouvido e respeitado.
A visão de longo prazo do agro
Ingo Plogler enfatizou a necessidade de uma visão compartilhada no setor agropecuário brasileiro. Ele destacou que a falta de uma visão conjunta impede o pleno aproveitamento das oportunidades.
Plogger mencionou que a conjugação de visões empresariais levou ao crescimento do Brasil na região central e que, embora o cenário internacional seja desafiador, também oferece oportunidades para o Brasil se destacar.
O executivo mencionou como oportunidades para o setor: segurança alimentar, segurança energética, ativos biológicos e o desenvolvimento social. “Nesta área, temos o Bolsa Família. Hoje, está se negociando uma aliança global contra fome e contra a pobreza, no âmbito do G20. É uma pauta sugerida pelo Brasil”, disse.
Mesmo diante do cenário regulatório complexo, na visão de Azevêdo, há muitas oportunidades para o agronegócio e muitas possibilidades de alianças com países da América Latina, do continente africano, do continente asiático, mas também com os Estados Unidos.
Por serem produtores globais de alimentos e por terem as mesmas preocupações, mesmo sendo um forte competidor no setor, o objetivo é ter um campo para se competir com igualdade, evitando arbitrariedades. “Essa seria uma coalizão de peso para se ter uma conversa sobre como seria uma nova ordem internacional, onde o agro seria colocado como uma solução para a questão climática”, afirmou.
Transparência e equivalência científica
Ricardo Santin destacou a importância da transparência e da equivalência baseada em ciência para o setor agropecuário brasileiro. Ele mencionou que mostrar ao mundo que o Brasil está fazendo a coisa certa é essencial para manter a competitividade.
Santin afirmou que produtos brasileiros, como o frango, são altamente valorizados no mercado internacional devido à sua qualidade superior. O setor de proteína animal hoje tem grande capacidade de contratação de mão-de-obre, com mais de 20 mil postos de trabalho a serem preenchidos.
Desafios e oportunidades na geopolítica alimentar
William Waack abordou a complexidade da geopolítica alimentar e a necessidade de o Brasil se posicionar estrategicamente no cenário internacional. Roberto Azevedo acrescentou que, embora a tendência internacional seja a priorização dos interesses nacionais, é essencial que o Brasil continue a construir uma nova ordem internacional baseada na cooperação.
A discussão evidenciou que, para que o Brasil possa continuar a crescer e se destacar no setor agropecuário, é essencial haver uma regulação interna robusta, uma visão de longo prazo compartilhada entre os diferentes atores do setor e uma transparência baseada em ciência.
A capacidade de negociar e se posicionar estrategicamente no cenário internacional também é fundamental para explorar as oportunidades que surgem.
O consenso com base nos principais pontos discutidos no painel é que a agropecuária brasileiro deve trabalhar melhor nas necessidades e oportunidades para o avanço sustentável e competitivo.
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