Por: Luis Madi
Segurança alimentar: a mais recente pesquisa do International Food Information Council (IFIC) relacionada ao consumo de alimentos incluiu pela primeira vez os “ultraprocessados”. Composta por profissionais da nutrição, segurança de alimentos e comunicação, a instituição entrevistou três mil consumidores com idade entre 18 e 80 anos nos Estados Unidos entre 8 e 24 de março deste ano.
Levando em consideração crenças e comportamentos dos consumidores e o que os influenciam, esse trabalho é uma grande oportunidade para os atores do sistema alimentar contribuírem de maneira cada vez mais efetiva para garantir a alimentação humana com qualidade e variedade, pois “é um retrato abrangente dos fatores complexos que moldam as decisões alimentares dos americanos”, conforme descreveu a presidente e CEO do IFIC, Wendy Reinhardt Kapsak, MS, RDN. Claro que, como não há pesquisa similar no Brasil, é preciso fazer um paralelo com o cenário nacional.
É interessante verificar que não há um consenso claro dos entrevistados quanto aos critérios que utilizam para considerarem um alimento saudável: 39% assinalaram “frescor”, 37%, “boa fonte de proteína” e 35%, “com pouco açúcar”. Também falta consenso entre os cientistas de alimentos e de nutrição sobre a definição de “alimentos ultraprocessados”. Entre os consumidores, o conhecimento desse termo varia conforme a geração: as gerações Z e Y ou millenial são duas vezes mais familiarizadas (39% e 42%, respectivamente) do que a Baby Boomer (21%).
Os maiores consensos estão nas motivações das escolhas alimentares do consumidor: 85% priorizam o sabor, 76%, o preço, 62%, a saudabilidade, e a conveniência (57%). A sustentabilidade ambiental também foi citada, mas por menos de um terço dos entrevistados (31%). Cabe ressaltar que quatro dessas motivações já haviam sido listadas pelo ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, entre as macrotendências da alimentação definidas no estudo Brasil Food Trends 2020: Sensorialidade e Prazer, Saudabilidade e Bem-estar, Conveniência e Praticidade, Confiabilidade e Qualidade e Sustentabilidade e Ética.
Outro ponto da pesquisa a ser destacado é o fato de que os consumidores têm acompanhado mais conteúdos sobre alimentos e nutrição nas redes sociais (54%) em relação ao levantamento feito no ano anterior (42%), tendo sido registrada uma redução, no entanto, de pessoas que confiam na segurança do fornecimento de alimentos (62% ante 77% no levantamento do ano anterior).
O bem-estar dos consumidores também merece atenção: dois a cada três se declararam estressados, sendo que 59% dos que fizeram essa afirmação alegaram ser consequência da gestão das finanças pessoais e 51% acusaram a economia em geral.
Mais uma vez, portanto, o IFIC mostra a importância da discussão sobre informações confiáveis relacionadas a alimentos e nutrição para facilitar entendimentos e embasar iniciativas. Dentre as muitas reflexões despertadas pela atual pesquisa, fica mais evidente o questionamento se há de fato algum benefício para o consumidor em, por exemplo, aumentar impostos sobre alimentos e bebidas, e condenar a inclusão de industrializados na dieta.
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