Alimentos e bebidas estão passando por grandes mudanças em todo o mundo para atender as mudanças regulatórias
O setor global de alimentos e bebidas enfrenta um período de intensas mudanças de regulação em 2025, com impactos significativos em diversas regiões. A Leatherhead Food Research (LFR) conduziu uma análise abrangente das regulamentações emergentes e em evolução no Reino Unido, União Europeia, América do Norte, América Latina, Ásia-Pacífico, Oriente Médio e África, destacando os principais desafios e oportunidades para a indústria.
No Brasil, o setor de alimentos e bebidas está passando por um período de intensas transformações regulatórias, alinhadas às tendências globais que buscam aprimorar a segurança alimentar, a transparência para o consumidor e a sustentabilidade. Essas mudanças representam desafios significativos para as indústrias, mas também abrem oportunidades para inovação e fortalecimento da confiança do consumidor.
União Europeia: foco na sustentabilidade e nos materiais das embalagens
A União Europeia tem liderado iniciativas voltadas para a sustentabilidade, com a introdução do Regulamento de Embalagens e Resíduos de Embalagens (PPWR) em 22 de janeiro de 2025. Este regulamento impõe restrições ao uso de substâncias per- e polifluoroalquil (PFAS) em embalagens de contato com alimentos, visando reduzir o impacto ambiental e proteger a saúde dos consumidores.
Adicionalmente, a implementação do Regulamento de Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) foi adiada para este ano, após um adiamento de 12 meses em 2024, refletindo a complexidade das questões ambientais na agenda regulatória europeia.
“O estudo indica que muitas das autoridades regulatórias ajustaram suas prioridades durante o ano 2024, dando grande ênfase ao suporte das necessidades de seus próprios mercados”, comentou Mariko Kubo, head de regulação global da LFR em entrevista ao FoodNavigator.
A sustentabilidade foi o principal guia para a mudança regulatória nos últimos 12 meses, no entanto Kubo nota um cenário global fragmentado quanto a sustentabilidade, que se tornou mais flexível.
América Latina: saúde pública como prioridade abre oportunidades de mercado
Na América Latina, desafios relacionados à saúde pública, como a obesidade, estão moldando as regulamentações de formulação de produtos e rotulagem. Embora essas mudanças representem desafios para as empresas, elas também abrem oportunidades para o desenvolvimento de produtos mais saudáveis que atendam às demandas dos consumidores conscientes da saúde.
As mudanças regulatórias representam desafios para as indústrias, que precisam se adequar a novas exigências em termos de formulação de produtos, rotulagem e sustentabilidade. No entanto, essas transformações também oferecem oportunidades para o desenvolvimento de produtos mais saudáveis, transparentes e sustentáveis, atendendo às demandas de consumidores cada vez mais conscientes e informados.
Em um cenário global de constantes mudanças regulatórias, é essencial que as empresas do setor de alimentos e bebidas no Brasil estejam atentas às tendências e se preparem para atender às novas exigências, garantindo a competitividade e a confiança dos consumidores.
Estados Unidos: novas diretrizes e proibições
Nos Estados Unidos, após um período de relativa estabilidade regulatória em 2024, foram anunciadas mudanças significativas em janeiro de 2025. A Food and Drug Administration (FDA) publicou orientações sobre rotulagem de alérgenos alimentares, diretrizes preliminares para rotulagem de alternativas à carne à base de plantas, propostas de regras para rotulagem frontal de embalagens e a proibição do corante vermelho nº 3 em alimentos. Essas ações indicam um movimento em direção a uma maior transparência e segurança alimentar no mercado norte-americano.
Modernização dos procedimentos de regulação de alimentos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem trabalhado na modernização dos procedimentos para regularização de alimentos e embalagens. Um exemplo é o Relatório de Análise de Impacto Regulatório que propõe a criação de novas formas de regularização, como a notificação de produtos, e a definição de procedimentos específicos para diferentes categorias de alimentos, com base em parâmetros de risco. O objetivo é aumentar a efetividade dos processos e garantir um controle pré-mercado mais proporcional e convergente.
A rotulagem nutricional frontal tem sido uma ferramenta importante para auxiliar os consumidores na escolha de alimentos mais saudáveis. Estudos indicam que produtos com múltiplos selos de advertência tendem a ter uma redução nas vendas, evidenciando o impacto das informações claras na decisão de compra.
No Brasil, a legislação de rotulagem entrou em vigor em outubro de 2022, com um período de adaptação para as indústrias até outubro de 2023. Espera-se que essas medidas influenciem positivamente as escolhas alimentares da população com mais informações e transparência.
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