Os frigoríficos se destacam como líderes no controle da cadeia de fornecedores para evitar o desmatamento na Amazônia, de acordo com o relatório Radar Verde 2024.
Os frigoríficos Marfrig, Minerva e Rio Maria lideram o ranking do novo estudo Radar Verde, com os melhores resultados no controle de fornecedores para evitar o desmatamento na Amazônia. Essas três empresas foram seguidas por Masterboi, Frigol, JBS, Mercúrio Alimentos, Fortefrigo, Mafrinorte, Valencio, Fribev, Frigorífico Altamira e Frigonorte.
O relatório anual mapeou 146 empresas de carne com registros de Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e de Serviço de Inspeção Federal (SIF) operando na Amazônia Legal, classificando seu desempenho sobre o compromisso no monitoramento e controle das fazendas fornecedoras.
Entretanto, a rastreabilidade completa dos fornecedores indiretos continua sendo um desafio.
Ranking dos frigoríficos no controle da cadeia
O Radar Verde, conduzido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) em parceria com o Instituto O Mundo Que Queremos, classificou as empresas com base no monitoramento de suas cadeias produtivas. As três primeiras colocadas foram seguidas por Masterboi, Frigol, JBS, Mercúrio Alimentos, Fortefrigo, Mafrinorte, Valencio, Fribev, Frigorífico Altamira e Frigonorte.
O estudo mostrou que seis frigoríficos atingiram pontuação entre 90 e 100 pontos, indicando alto controle sobre seus fornecedores diretos. Outros cinco receberam classificação alta (70-89 pontos), enquanto dois tiveram grau intermediário (50-69 pontos). No entanto, nenhuma empresa comprovou rastreabilidade total das fazendas indiretas.
Segundo Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon, a falta de controle sobre fornecedores indiretos impede que os frigoríficos garantam uma cadeia livre de desmatamento. “Desde o nascimento até a engorda, um boi passa por várias fazendas. Se o frigorífico controla apenas a última, há um alto risco de que a cria e recria tenham ocorrido em áreas desmatadas ilegalmente”, alerta.
Impacto do desmatamento e desafios do setor
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a Amazônia Legal abriga 43% do rebanho bovino brasileiro, sendo o desmatamento um fator crucial na expansão das pastagens. 90% das áreas desmatadas na região são destinadas à agropecuária, tornando essencial a transparência na rastreabilidade da carne bovina.
Algumas empresas têm começado a adotar sistemas de monitoramento de fornecedores indiretos, mas a falta de auditorias independentes torna difícil aferir sua eficácia. Em 2024, o Radar Verde registrou um avanço discreto: o frigorífico Plena Alimentos enviou respostas voluntárias ao questionário da pesquisa, enquanto outros cinco frigoríficos (Frigobom, Pantanal, Santa Cruz, Boa Carne e Frigonorte) melhoraram sua classificação.
O estudo também apontou que 13 empresas de carne contavam com auditorias independentes para comprovar parte de suas alegações, contra 11 em 2023.
Exposição ao risco de desmatamento
O relatório também avaliou o Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento, que mede a presença de áreas desmatadas ou sob risco de desmatamento nas zonas de compra de gado. Os cinco frigoríficos com maior risco são:
- JBS (11,5 milhões de hectares de risco)
- Frigo Manaus
- Frialto
- Masterboi
- Amazon Boi
A JBS lidera essa lista devido à sua ampla presença na Amazônia: 21 de suas 24 plantas frigoríficas na região estão em atividade. Essa escala de operação amplia a vulnerabilidade da empresa aos impactos do desmatamento.
Importância do Radar Verde
Para Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos, o Radar Verde é uma ferramenta essencial para orientar investidores, bancos, compradores corporativos e importadores, ajudando a mitigar riscos e promovendo cadeias produtivas mais sustentáveis. “Além disso, é um instrumento valioso para o próprio setor, auxiliando no aprimoramento das políticas de controle, na segurança e na competitividade da carne bovina brasileira”, conclui.
O Radar Verde se consolidou desde 2022 como um indicador independente de transparência no setor da carne bovina, fornecendo dados essenciais para um mercado mais sustentável e eficiente.
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