Parte dos produtores rurais demonstrará um clássico problema causado pela sua ousadia sem limites: elevado patrimônio e baixa liquidez.
Por Xico Graziano
Altamente desafiador. Essa é pronta resposta a quem me questiona sobre qual o cenário de 2024 para o agro brasileiro. Depois de um ciclo virtuoso, houve um tranco no campo.
Tempo de sofrimento, tempo de aprendizado. Quem trabalha com gestão está cansado de saber: na época de vacas gordas é comum relaxar no controle de custos, perdendo eficiência. Elevada margem tende a atrapalhar a boa administração.
Perigos rondam o lucro fácil. Assim se explica a decadência da agricultura europeia. Fartos subsídios governamentais passaram, há meio século, a assegurar sua renda, independentemente de sua excelência produtiva, o que provocou acomodação gerencial e, consequentemente, queda na capacidade empreendedora. Em contraposição, o avanço tecnológico, principalmente na agricultura de larga escala, ocorrido em países como o Brasil, levou-os à perda de competividade.
Quero aproveitar o crítico momento para destacar uma diferença essencial entre o agricultor europeu e o brasileiro: lá, eles se acomodaram, e ficaram para trás; aqui, devem pagar o preço de serem impetuosos.
Ocorre que a tremenda expansão que vimos no agro verde-amarelo contou com a vantagem da abundância de terras aráveis, ainda virgens, existentes nas fronteiras do país.
O agricultor, capitalizado anualmente, comprava novas terras, ampliando a produção sem parar. Rivais faziam uma espécie de campeonato de maioral.
Mas o ditado popular é certeiro: não há mal que nunca se acabe, nem bem que dure para sempre. Resultado: parte dos produtores rurais, no Centro-Oeste especialmente, irá demonstrar um clássico problema causado pela sua ousadia sem limites: elevado patrimônio e baixa liquidez. Vai zerar o caixa.
O brilhante professor Marcos Fava Neves não se cansa de pregar que é essencial “ficar melhor antes de ficar maior”. Chegou a hora do sábio conselho ser adotado pelo agro brasileiro.
Xico Graziano é engenheiro agrônomo e doutor em administração. Foi deputado federal pelo PSDB e integrou o governo de São Paulo. É professor de MBA da FGV.
Texto parcialmente publicado em Poder360 e compartilhado no Food Forum News com autorização do autor.
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