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Levantamento analisou 103 propriedades do Programa Fazenda Nota 10, da JBS, e concluiu que um terço das propriedades removem Gases do Efeito Estufa (GEE)

A pecuária sustentável tem ganhado destaque por seu papel na captura de gases do efeito estufa (GEE), contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Um estudo recente, realizado com a participação da JBS e de outras instituições, demonstrou que 31% das fazendas fornecedoras da Friboi estão removendo mais carbono da atmosfera do que emitem.

O mercado internacional ainda discute métricas e padronização para poder mensurar os impactos ambientais das atividades agropecuárias. Tais estudos colaboram na promoção do que está sendo realizado no país.

A adoção de práticas como a recuperação de pastagens e o manejo sustentável são alguns dos principais fatores para essa conquista, abrindo caminho para uma pecuária de baixo carbono no Brasil.

O estudo comprovou como a pecuária nacional contribui para a captura de Gases do Efeito Estufa (GEE) da atmosfera. O trabalho analisou o volume de emissões de carbono de 103 propriedades fornecedoras da Friboi, em 12 estados brasileiros.

O resultado revelou que 31% das fazendas analisadas removem mais que emitem carbono na atmosfera. Práticas adequadas de manejo de solo, como a recuperação de pastagens, eficiência produtiva e desmatamento zero estão entre as principais razões para alcançar o marco.

Pesquisa sobre efeito estufa contou com a participação de renomados institutos e academia

Conduzido por pesquisadores do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV (OCBio/FGV), da consultoria Fauna Projetos e do Instituto Inttegra, o levantamento foi realizado entre agosto de 2023 e maio de 2024.

Os 46% das fazendas mais eficientes emitem menos GEE para cada tonelada de carcaça. O estudo é um dos maiores já realizados sobre o tema no mundo.

A partir do método de mensuração internacional utilizado pelo setor, o GHG Protocol, do World Resources Institute (WRI) e do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), mensalmente foram coletados dados sobre as emissões e as remoções de GEE das propriedades.

Segundo os pesquisadores, entre os fatores que influenciaram diretamente o resultado estão a idade de envio de bovinos para processamento, o perfil da dieta do gado, a qualidade no manejo das pastagens e o controle do desmatamento nas propriedades.

“Avaliações importantes, como a supressão da vegetação nativa, fazem com que as emissões aumentem muito. Também ficou nítido o efeito da recuperação dos pastos na redução das emissões. Esse conjunto indica, claramente, o caminho de adotar boas práticas agrícolas aumentando a eficiência e a qualidade da carne brasileira”, ressalta Eduardo Assad, pesquisador do OCBio/FGV e diretor-executivo da consultoria Fauna Projetos, que integrou a coordenação do estudo.

“Para que os produtores possam gerenciar e desenvolver uma pecuária de baixo carbono, é preciso que tenham acesso a um diagnóstico completo sobre a situação das suas propriedades. Ao realizar o balanço de carbono e analisar as práticas de agricultura regenerativas adotadas, o Fazenda Nota 10 oferece essas informações para que os proprietários possam entender seus status atual e traçar metas efetivas de gestão na direção de uma pecuária de baixo carbono”, observa o diretor de Pecuária da Friboi e líder de Agricultura Regenerativa da JBS Brasil, Fabio Dias.

Indicadores de Sustentabilidade no Programa Fazenda Nota 10

Criado em conjunto com o Instituto Inttegra em 2017, o programa Fazenda Nota 10 visa auxiliar criadores de gado de corte fornecedores da Friboi na gestão da produtividade, com o foco em rentabilidade e sustentabilidade de suas propriedades, com monitoramento e técnicas de benchmarking.

Considerado o maior programa de treinamento em gestão para pecuaristas no Brasil, o FN10 já impactou cerca de 860 propriedades. Essas propriedades cobrem área equivalente a pouco mais de 1,4 milhão de hectares. Atualmente, há 435 fazendas participantes do programa em todo o Brasil.

Ano a ano, o FN10 incorpora novos aspectos para avaliação das propriedades. Em 2023, o programa firmou parceria com a consultoria Fauna Projetos e expandiu seus indicadores para incluir o balanço de emissões de GEE.

Entre as linhas de mentoria que a iniciativa já vinha realizando estavam instruções a respeito de técnicas de manejo e adubação de pastagens. Estão inseridas entre outros temas relacionados a agricultura regenerativa, como técnicas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e valorização da biodiversidade.

Cada ciclo do Programa Fazenda Nota 10 tem duração de 12 meses. Os produtores passam por diversos treinamentos em gestão de propriedade e se comprometem a lançar os dados sobre a evolução mensal de suas fazendas e do rebanho na plataforma do FN10.

Os dados compilados são analisados por uma equipe de especialistas periodicamente e, com base em benchmarking, são apontados os meios de melhoria em cada critério entre as propriedades atendidas.

Segundo Fabio Dias, os participantes do FN10 alcançam cerca de 15% de aumento no Ganho Médio Diário (GMD) de peso, por animal, nos rebanhos. Diminuem também, em média, 9% as despesas por arroba produzida. “Além do aspecto econômico, a  pecuária com práticas sustentáveis pode ser cada vez mais parte da solução da questão climática, como demonstrou nosso estudo”, afirma o executivo.

Para Luiz Lourenço, responsável pela Fazenda Bela Vista, em Braúna (SP), o Programa Fazenda Nota 10 contribui para fornecer números e dados que auxiliam nas tomadas de decisões e na gestão da propriedade.

“As informações a que tivemos acesso a partir do programa foram fundamentais, pois nos permitiram incrementar a produção, extraindo o máximo da fazenda. Somos focados na recria e engorda de animais. Esses dados são fundamentais para que possamos ter uma gestão que viabilize uma boa compra e venda do gado”, explica Luiz.

Além disso, Luiz ressalta que conseguiu produzir também com sustentabilidade. Por exemplo, todo o dejeto de confinamento foi usado para fazer compostagem e, consequentemente, reduzindo o custo de insumos nas propriedades.

Desde que foi criado, em 2017, o programa tem ampliado o seu escopo de avaliação das propriedades parceiras. Em 2019/2020, a iniciativa incorporou a frente de gestão de pessoas. No ciclo de 2020/2021, as fazendas passaram a ser analisadas também pelas práticas de bem-estar animal.

No seguinte, de 2021/2022, padrões de compliance socioambiental foram adicionados entre os critérios de análise e a adesão à Plataforma Pecuária Transparente se tornou pré-requisito para participar do projeto.

Anteriormente, o balanço de emissões líquidas de GEE passaram a ser incorporados e aperfeiçoados nas fazendas parceiras como método de eficiência sustentável.


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