Mulheres do agro nacional ganham força e expressão no setor

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Enquanto o mundo enfrenta grandes problemas de inclusão feminina, o Brasil avança com programas educacionais e oportunidades

A FAO lançou recentemente o extenso relatório “The status of women in agrifood systems”, com os resultados da pesquisa global sobre a situação da presença feminina na produção de alimentos no mundo. E as conclusões não são nada boas: em quase todo o mundo, o reduzido número de mulheres do agro em trabalho no campo e remuneração menor do que a dos homens nas mesmas funções estão impactando a qualidade de vida e a segurança alimentar.

As desigualdades são imensas, principalmente em países no continente africano, onde as mulheres ainda sofrem com questões de violências físicas e fome. No mundo, 36% da força de trabalho nos sistemas alimentares vem das mulheres, mas as mulheres ainda estão alocadas em trabalhos de baixa renda.

O acesso das mulheres à terra, insumos, serviços, finanças e tecnologia digital – que é fundamental para trabalhar em sistemas agroalimentares – continua a ficar aquém do dos homens, com redução notável na última década. Globalmente, 22% das mulheres perderam seus trabalhos em trabalhos do sistema agroalimentar fora da exploração agrícola no primeiro ano da pandemia covid 19, em comparação com apenas 2% dos homens, aumentando a insegurança alimentar.

América latina é a única do mundo que aumentou a participação de mulheres do agro

A América Latina, felizmente, está caminhando no caminho contrário. A região é a única no mundo que conseguiu aumentar a participação de mulheres do agro nos últimos 20 anos.

Programas de âmbito nacional como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), promovido Confederação Nacional da Agricultura (CNA), estão conseguindo difundir conhecimento para o público feminino. Em algumas áreas como manejo de equipamentos conectados no campo, com sensores e muita tecnologia embarcada, as mulheres estão performando muito bem e substituindo os homens. São mais sensíveis e atentas às mínimas alterações e necessidades de ajustes para o trabalho no campo.

Luana Frossard, Coordenadora Nacional de Implementação de Projetos no SENAR, é um exemplo inspirador de como apoiar e encorajar mulheres a liderar em áreas tradicionalmente dominadas por homens. “As mulheres estão presentes em todas as áreas da entidade, inclusive como técnicas de campo, supervisoras e coordenadoras de projetos”, explica.

Luana destaca que a Assistência Técnica e Gerencial (ATEG) desenvolve autonomia para todos os produtores, permitindo que eles gerenciem suas atividades econômicas, e tem papel relevante para as agricultoras. “No Brasil, são mais de 200 mil propriedades rurais atendidas pelo SENAR em 26 estados, com um número significativo de mulheres em funções de chefia, respondendo por sua propriedade e liderando suas famílias”, afirma. Luana destaca que os programas do SENAR ajudam as mulheres do agro a desenvolver habilidades e conhecimentos necessários para gerir e expandir seus negócios, promovendo a equidade de gênero e contribuindo para o desenvolvimento sustentável do meio rural.

Ela observa que a situação é muito diferente de dez anos atrás, quando começou a trabalhar com a ATEG. “Hoje, muitas mulheres ocupam cargos de destaque e são porta-vozes fundamentais para o setor”, afirma. “Modelos são muito importantes para engajar outras mulheres a investir em uma carreira na indústria agrícola.”

Como zootecnista com mais de 11 anos de experiência, a própria carreira de Luana tem sido dedicada a melhorar a vida das comunidades rurais. Ela inicialmente enfrentou resistência, mas persistiu porque era apaixonada por sua profissão. Hoje, Luana vê que muitos produtores preferem ser guiados por mulheres do agro e se orgulha de fazer parte de uma entidade que capacita mulheres para serem líderes no setor agrícola.