A inteligência artificial generativa tem não muito mais do que 18 meses de existência e já está nas discussões de todos (ou quase todos) os eventos e debates no mundo que tratam de temas relacionados às transformações e tendências de negócios. Em breve resumo do se trata, a IA generativa é o resultado da aplicação de tecnologia para gerar novos conteúdos tais como textos, vídeos, imagens, áudio.
Existe uma grande aceleração de inovações que chegam ao mercado, criadas e impulsionadas pelo tratamento dos dados que são captados continuamente no mercado. No agro não é diferente. Há anos ocorre a captação de dados e informações em todo o mundo, trazendo as bases para as definições de políticas e estratégias para o setor, sempre particularizadas e de acesso restrito. Com a adoção da inteligência artificial, essas informações antes distribuídas são reorganizadas para gerarem novas soluções.
IA generativa vai ajudar o agro?
Muitas questões surgem sobre o acesso a esses dados e com a aplicação da tecnologia: será inclusiva, acessível a todos no mercado? Ou criará barreiras e dificuldades para, principalmente, pequenos produtores rurais? Como as empresas estão se mobilizando para que seja um componente seguro quanto ao uso?
Essas questões foram centrais no painel “The GenAI Era: Navigating Opportunitieas and Challenges in AgTech”, no World Agri-Tech Innovation Summit, realizado em 19 de março, em San Francisco.
O painel contou com a participação de executivos de empresas que estão à frente do tema: Ranveer Chandra, managing director de pesquisa para indústria e CTO Agri-Food na Microsoft; Jeremy Williams, head of digital farming na Bayer Crop Science; Elizabeth Fastiggi, head de desenvolvimento mundial de negócios em agricultura na AWS; Feroz Sheikh, CIO e COO da Syngenta, e Elliot Grant, CEO da Mineral (empresa Alphabet).
Na visão de Ranveer, a IA generativa tem basicamente duas funções principais: levar a tecnologia para as fazendas e trazer de volta informações que comporão novas soluções. Esse processo gera um ciclo muito positivo para todo o setor, que pode acelerar o desenvolvimento de novas opções mais produtivas e sustentáveis.
“A fome não deveria mais existir no mundo”, afirma Jeremy, da Bayer. Na sua visão, a agricultura sustentável, com a adoção de tecnologia e inteligência artificial é fundamental. É a forma de prever melhor produção e a proteção ao meio ambiente. Empresas devem usar dados para mostrar aos fazendeiros as informações com alta qualidade sobre como produzir melhor.
“Tecnologias com inteligência artificial podem interagir com sistemas mais naturais de informações. São mais democráticas no compartilhamento de conhecimento.”
Jeremy Williams
Elizabeth, da AWS, defende uma estratégia de engajamento, com soluções mais práticas. O mercado deve investir em três camadas: em infraestrutura, com processadores se tenham custo e eficácia melhores; customizar as soluções; ampliar as soluções para criação de novos códigos e programas e, em terceiro, ampliar o acesso ao mercado. “Os clientes podem personalizar suas soluções, com novas capacidades de obter respostas para seus problemas e demandas”, resume Elizabeth.
Feroz, da Syngenta, segue na mesma linha de raciocínio e propõe acelerar as experiências genéticas em laboratório. “As novas tecnologias e protocolos tornarão as novas experiências muito naturais”, explica o executivo para ilustrar como o processo de adoção deve ocorrer no mercado.
O mercado deve entender e analisar os dados, para produzir novas soluções. Não deve substituir uma prática, mas mudará a forma como humanos interagem com a tecnologia e a adoção nos processos produtivos.
Como aplicar de forma responsável a inteligência artificial generativa na agricultura?
Na visão de Elliot, falta ainda explicar melhor como funciona. Os pequenos produtores podem ser os principais beneficiados e precisam ser inseridos no contexto da evolução das novas tecnologias.
“Existe uma enorme oportunidade para pequenos produtores. Os dados abertos e organizados levam as empresas a serem mais competitivas, o que é muito importante. Os padrões abertos para os produtores ajudarão a maximizar o uso dos benefícios.”
Feroz Sheikh
Na visão de Elizabeth, as dualidades já existem na indústria. Existe uma preocupação para que não se perpetuem. “O uso das tecnologias não pode ficar limitado por regiões geográficas. Idiomas e personalizações são necessários para atender a todos os mercados, tornando a solução muito mais interessante e relevante para todos. É muito importante fechar os gaps de capacitações em relação a quem usa e como usa”, ressalta a executiva.
Jeremy entende que as empresas devem oferecer uma proposta de valor clara para usuários. Os usuários têm que entender o real valor do que está oferecido para que ocorra a adesão.
Quais tecnologias chegarão ao mercado nos próximos 5 anos?
Houve um consenso comum entre os participantes do painel que a velocidade na evolução das novas tecnologias é muito acelerada. Difícil imaginar o que existe hoje se fizermos um retrospecto de 20 anos. Hoje, é muito difícil ter uma ideia do que ocorrerá nos próximos anos.
Segundo Jeremy, um dos principais fatores de aceleração está no sucesso da democratização, com o acesso para todos, e não apenas para os especialistas. “Temos que reduzir as barreiras de entrada”, defende.
Elliot agregou com seu entendimento sobre a necessidade de usar modelos contínuos de treinamento e de aprendizado.
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