alimentos descartados em rua de terra
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Painel do Global Agribusiness Festival explorou o problema da fome e algumas ações para melhorar a segurança alimentar.

A segurança alimentar é um problema global. O mundo hoje convive com o paradoxo de produzir alimentos em quantidade suficiente para atender a todos no planeta, mas estes não chegam a quem tem fome. Muitas perdas e desperdícios estão na raiz do problema.

Adicionalmente, as mudanças climáticas são percebidas em todo o mundo. As incertezas por conta do clima geram instabilidades para quem produz alimentos e em todo o ecossistema em que interage.

Empresas, investidores e o sistema de financiamento do agro e de alimentos em geral passaram a conviver com essas incertezas. Existe uma grande dificuldade de se ter a previsibilidade necessária para financiar, programar os cultivos e o transporte dos alimentos.

Maria Siqueira, cofundadora e diretora de Políticas Públicas e Programas do Pacto Contra a Fome, destacou no painel sobre o tema em que participou no Global Agribusiness Festival que a fome é barreira social. É um dos principais impeditivos para o desenvolvimento econômico e social de um país. “A fome gera déficit de aprendizado, na saúde e nos negócios”, afirma.

As raízes da fome são múltiplas. As empresas, governos e sociedade devem estar atentos às diversas variáveis que compõem a segurança alimentar, no Brasil e no mundo. Neste sentido, as iniciativas que trabalham com o tema buscam dados no mercado que possam ser usados como subsídios para as definições de políticas.

“Quando uma pessoa tem fome, todos os outros direitos foram ignorados”

Betinho

A frase de Betinho, o criador da Ação pela Cidadania, foi trazida à discussão do painel por Kiko Afonso, CEO da Ação pela Cidadania. Segundo ele, a fome nas primeiras fases das crianças tem consequências negativas irreversíveis. Impacta negativamente a formação cerebral e de todo o organismo, prejudicando o aprendizado escolar.

“As famílias que estão fora do sistema do governo porque não têm telefone celular e como ir a serviços públicos, pegando um transporte público por falta de dinheiro, ficam excluídas. As empresas não olham a camada da fome, olham outros parâmetros sociais.”

Kiko Afonso

A segurança alimentar atinge até os assalariados. Sem alimentação saudável, não se consegue ter sociedade. Kiko alerta que as empresas têm que olhar dentro das próprias estruturas, pois muitas vezes nem mesmo seus funcionários estão se alimentando de forma saudável, optando por alimentos de baixo valor nutritivo, escolhidos pelos fatores de preço e conveniência.

“Estamos perdendo gerações por conta da fome.”

Maria Siqueira

Susy Yoshimura, diretora de sustentabilidade do Grupo Carrefour, defende que as ofertas de alimentos devem ser acessíveis, para atender melhor a população. “Devemos olhar os pequenos produtores e quem está em ameaça alimentar. Eles devem ter renda digna, que deve prover os alimentos”, afirma.

“O negócio somente prospera em ambiente virtuoso. E hoje isso não tem no país. Qual o caminho para unirmos as iniciativas?”, questionou Maria.

Na visão de Kiko, hoje existem desertos alimentares, que não têm capacidade técnica para armazenar e vender. Lojas e estabelecimentos acabam perdendo alimentos frescos, e optam pela venda dos alimentos ultraprocessados.

A cultura alimentar deve ser olhada, para poder oferecer acesso ao alimento saudável. Substituir os alimentos processados que não alimentam saudavelmente por opções mais saudáveis.

Kiko destacou que o Japão tem área plantada de frutas, legumes e verduras maior do que no Brasil. Embrapa tem muita tecnologia, mecanização tem que chegar ao pequeno produtor. Melhorar a cultura alimentar.

Miguel Ivan de Oliveira, analista de negócios da Embrapa, contribuiu com a informação que empresa está fazendo pesquisa em todas as escolas do país para saber o que comem. Os resultados dessa pesquisa ajudarão a coordenar a logística e as tecnologias para poder fazer entregas de forma eficaz, definindo a melhor estrutura de entrega de alimentos.

“Toda o ecossistema precisa estar aberto ao diálogo, mas falta coordenação. Quando olho a questão do impacto, falta humildade. Perdemos eficiência, não conseguimos operacionalizar. Precisamos nos mover e aprender como podemos resolver os problemas.”

Suzy Yoshimura

Definindo as prioridades para obter segurança alimentar

Maria acrescentou que, com o olhar de cada um, podemos ser uma potência em conseguir a ambição de chegarmos aos resultados que esperamos de acabar com a fome.

Reflexão é a prioridade no momento, na visão de Suzy. Seja empresário, funcionário, se está envolvido em algum processo produtivo, precisa entender como consegue trabalhar com as próprias soluções dentro de um ecossistema colaborativo.

Colaborando com as prioridades, Miguel indicou que enquanto houver uma pessoa que passa fome, precisará de ajuda. A Embrapa tem como montar a tecnologia, com a união de esforços.

“É uma luta do dia a dia pela segurança alimentar junto às políticas públicas. Hoje não são inclusivas. Precisamos brigar o tempo todo”, concluiu Kiko.

1 Comentário
  1. […] Iniciativas de combate à fome impulsionam o desenvolvimento econômicoAlimentos personalizados: biotecnologia cria dietas sob medidaNestlé anuncia plano de plantio e cultivo de 6 milhões de árvores nativas no Cerrado e Mata Atlântica de Minas Gerais […]

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