“Navegando pelos Incentivos para a Descarbonização na Agricultura” foi o painel de abertura do World Agri-Tech Innovation Summit, realizado em San Francisco no dia 19/03. A discussão teve como questão central os impactos significativos nas mudanças climáticas devido ao carbono na agricultura, explorando as opções para ocorra a mudança positiva no mercado.
Participaram do painel como palestrantes David Hayes, Ex-Assistente Especial do Presidente para Política Climática, Casa Branca & Professor na Faculdade de Direito de Stanford; Robert Bonnie, Subsecretário de Recursos Naturais e Meio Ambiente na USDA; Alison Taylor, Diretora de Sustentabilidade ADM; Livio Tedeschi, Presidente, Soluções Agrícolas & Presidente do Conselho BASF; e David Babson, Vice-Presidente Executivo para Clima & Energia da Fundação XPRIZE.
Os participantes do painel abordaram os caminhos para a descarbonização, como equilibrar as demandas concorrentes por alimentos, fibras e combustíveis. Ao mesmo tempo, discutiram como incentivar soluções e sistemas que mitigam os impactos das mudanças climáticas.
As iniciativas propostas visam garantir que toda a cadeia de valor agrícola esteja ativamente engajada na jornada da sustentabilidade. Adicionalmente, devem empoderar e recompensar os agricultores como atores fundamentais nesta transformação.
As ações devem mobilizar a comunidade agtech para desenvolver a tecnologia necessária. É fundamental coletar os dados mais precisos para serem usados nas plataformas de tecnologia que apoiarão a criação de novos mercados. Este é o processo de sustentação para o processo de descarbonização.
David Hayes: As mudanças climáticas representam uma ameaça significativa à agricultura, mas também oferecem uma oportunidade única para aprimorar a cadeia de suprimentos através da descarbonização e da redução das emissões de metano. O mercado atual exige não apenas a mensuração e o monitoramento, mas também a geração de relatórios detalhados. A questão que se impõe é: como serão avaliados os incentivos para a criação de créditos de carbono?
Robert: A comunidade global está atenta às evoluções das mudanças climáticas no campo. Existe um movimento crescente e positivo para discutir e enfrentar esses desafios hoje. O alinhamento com as melhores práticas pode trazer benefícios substanciais para a produção agrícola, mantendo e até melhorando a produtividade, com a fixação de carbono no solo. O USDA está atuando como um catalisador neste mercado, direcionando esforços para aprimorar os investimentos em inovações e na mensuração precisa. Estão sendo construídas parcerias estratégicas para promover modelos inovadores que auxiliem os produtores a se adaptarem ao novo cenário, estabelecendo melhores padrões de mercado e impulsionando o impacto da inovação e da tecnologia nas práticas agrícolas.
Alison: Colaboramos com centenas de produtores, e percebemos que nem todos estão preparados para adotar as práticas de conservação mais avançadas. Oferecemos valores premium para aqueles que conseguem implementar práticas sustentáveis eficazes, incentivando assim o investimento contínuo dos agricultores. A extensa infraestrutura logística de nossa operação, que inclui caminhões e navios, está toda voltada para os processos de descarbonização. Acreditamos firmemente que a natureza, a produtividade e a economia podem coexistir harmoniosamente com as práticas sustentáveis.
Livio: É essencial ter um sistema abrangente para compreender a evolução e o estado atual da agricultura, que nos levou ao conceito de ‘precision farming’. Atualmente, os fertilizantes são considerados um dos maiores contribuintes para o aquecimento global. As empresas estão se esforçando para reduzir suas emissões de CO2 e aumentar a produtividade.
No caso dos fertilizantes, a combinação do uso de equipamentos de fertilização de alta precisão com sistemas avançados de gestão de dados pode resultar em uma redução significativa das emissões de carbono. A genética também pode oferecer soluções, com sementes mais resistentes e que necessitam menos defensivos e fertilizantes. No entanto, existe ainda muita dúvida quanto aos parâmetros na determinação dos critérios de mensuração de emissão e sequestro de carbono, o que dificulta a definição de créditos e incentivos.
David Babson: É muito relevante alinhar como os incentivos devem evoluir no mercado. O sistema agrícola deve criar mecanismos que forneçam soluções para reduzir a pegada de carbono. Precisamos de inovação, gestão eficiente de produção e terras, e controles rigorosos para mensurar os resultados.
David Hayes: Atualmente, há uma lacuna de informação sobre o potencial real da agricultura no processo de descarbonização. A questão é: como podemos obter informações mais precisas para fundamentar as decisões? E como podemos utilizar os dados de forma eficaz?
David Babson: O programa SmartFarm utiliza dados para identificar as melhores práticas para reduzir emissões e promover a fixação de carbono no solo. O objetivo é viabilizar práticas aprimoradas para melhorar a performance agrícola, quantificando a produtividade das safras.
Robert: O USDA mantém investimentos em tecnologias aplicadas, reconhecendo a importância da inovação para o avanço do setor agrícola.
Alison: Observamos que os fazendeiros valorizam os dados que produzem, reaplicando-os em suas operações para otimizar processos e resultados. Trabalhamos sempre coordenados com nossos clientes para promover as melhores práticas de coleta e uso de dados nas atividades de produção de alimentos.
Livio: A redução de carbono na produção de carnes é um desafio que requer otimização de todo o processo produtivo. A digitalização é fundamental para captar dados e combinar em soluções aplicáveis em todos os níveis de produção. A agricultura regenerativa funciona efetivamente quando combinada com novas soluções da indústria. É essencial que os formuladores de políticas e os participantes da cadeia alimentar colaborem ativamente.
David Babson: Os gases de efeito estufa (GHG) são extremamente relevantes hoje. Como podemos incentivar a coleta de dados mais abrangente?
Alison: O mercado inteiro está pressionando as empresas para a redução de emissões, especialmente no escopo 3. Todos devemos nos concentrar para entregar melhores resultados, com ações que abordam todos os participantes da cadeia produtiva.
Robert: Os dados são valiosos para todos no ecossistema agrícola. O USDA pode desenvolver parcerias para promover os investimentos necessários. No entanto, é preciso que as ações sejam realizadas de forma oficial. Devemos buscar obter dados melhores para abrir novas oportunidades no mercado.
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