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Um grupo de cientistas brasileiros criou e validou um protocolo de Monitoramento, Relato e Verificação (MRV) voltado para a agricultura de baixo carbono. A iniciativa faz parte do Projeto Rural Sustentável II – Cerrado e abrangeu 20 unidades demonstrativas em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que já utilizam tecnologias de baixo carbono. Dessas unidades, 11 apresentaram balanço de carbono negativo, sequestrando mais CO₂ do que emitindo, o que contribui para a compensação de outras emissões de GEE.

Benefícios do protocolo para as emissões de GEE

Sendo assim, o protocolo MRV oferece uma maneira eficaz de monitorar e relatar as emissões de GEE (gases de efeito estufa) na agricultura, como explica Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.

O sistema integra várias ferramentas, incluindo o Sistema de Apoio à Caracterização de Imóveis Rurais (Sacir), AgroTag MRV, SatVeg e o GHG Protocol Agricultura e Pecuária, permitindo uma gestão agrícola mais sustentável.

O protocolo foi desenvolvido para combinar informações de diferentes escalas e ferramentas já existentes, alinhando-se às recomendações internacionais. Ele inclui uma calculadora para balanço e inventário anual de emissões em propriedades rurais, abrangendo desde culturas alimentares e pecuária até sistemas agroflorestais.

Os coeficientes de emissão usados são baseados no Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa de 2020 e em literatura científica, garantindo dados atualizados e confiáveis.

Facilidade de acesso e uso do protocolo MRV

O MRV é acessível e gratuito, podendo ser utilizado por produtores rurais, técnicos e agentes do agronegócio para avaliar suas emissões de GEE. Dessa forma, permite demonstrar a sustentabilidade da produção e pode abrir novos mercados para quem adota tecnologias de Agricultura de Baixo Carbono (ABC).

Além de monitorar as emissões, o protocolo também serve como uma ferramenta de gestão, ajudando produtores a identificar áreas que precisam de ajustes, contribuindo para a redução das emissões e posicionando seus produtos no mercado de carbono.

Aplicações e versatilidade do protocolo de emissões de GEE

Além disso, o sistema pode ser adaptado para diferentes usos, desde auditorias de baixo custo em projetos financiados por instituições públicas até certificações privadas. O MRV facilita auditorias externas, promovendo a expansão da produção agropecuária de baixo carbono no Brasil. Com o uso de Sistemas de Produção Sustentáveis (SPS) e boas práticas agrícolas, o protocolo viabiliza um avanço significativo na gestão das emissões de GEE.

Por fim, Ladislau Skorupa, também da Embrapa Meio Ambiente, ressalta que o grande desafio para descarbonizar a agricultura é monitorar eficientemente as emissões de GEE. Nesse sentido, o protocolo MRV se destaca como uma ferramenta essencial, permitindo que as emissões e o sequestro de carbono ligados a práticas sustentáveis sejam auditáveis.

Atualmente, a agropecuária responde por uma parte significativa das emissões no Brasil, o que torna a transição para uma agricultura de baixa emissão de carbono essencial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Com o MRV, os produtores têm à disposição uma ferramenta para gerir melhor suas emissões, orientando ajustes e decisões estratégicas, e ampliando o impacto por meio de Assistências Técnicas e Extensões Rurais (ATER).

Esse projeto integra um esforço contínuo iniciado com o Plano Agricultura de Baixo Carbono (2010-2020) e seguido pelo ABC+ (2020-2030), que inclui práticas como recuperação de pastagens, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e plantio direto. A equipe por trás do projeto reúne especialistas da Embrapa, Fundação Getúlio Vargas e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, consolidando uma abordagem multidisciplinar e inovadora.

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