Esta semana, a cadeia produtiva do mel comemora duas datas importantes para o setor: o Dia Mundial das Abelhas (20/05) e o Dia do Apicultor (22/05).
Fundamentais para a conservação da vida na terra, as abelhas surgiram há mais de 135 milhões de anos e, dada a sua vital importância, 20 de maio foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial das Abelhas. Por meio da polinização, as abelhas permitem a reprodução das espécies vegetais e aumento da disponibilidade de frutos e sementes para a manutenção dos ecossistemas.
O Diretor-Geral da FAO explicou que, para os produtores, isto se traduz na substituição de práticas agrícolas prejudiciais por práticas amigas dos polinizadores. Para os apicultores, significa promover a utilização sustentável de abelhas e plantas adaptadas localmente. Para os governos e decisores políticos, implementar políticas que garantam a harmonia entre a agricultura e as abelhas, e para os consumidores, significa ser cuidadoso e informado na escolha dos produtos, verificando onde e como os alimentos foram produzidos.
“Os jovens, protagonistas do Dia Mundial das Abelhas de 2024, podem dar uma contribuição fundamental através de uma maior consciencialização sobre a importância das abelhas, que pode transformar-se num envolvimento empresarial como apicultores. Precisamos de jovens agricultores e apicultores que possam enfrentar os muitos desafios atuais e que possam contribuir para a inovação na cadeia produtiva”.
Francesco Lollobrigida, Ministro da Agricultura, Soberania Alimentar e Florestas da Itália, no discurso lido em seu nome por Stefania Costanza, Representante Permanente Adjunta das Nações Unidas em Roma
“A polinização é fundamental para as nossas dietas”, disse Jeff Pettis, presidente da Apimondia, nas suas observações durante a cerimônia, “se realmente quisermos proteger 30 por cento do nosso planeta até 2030, precisamos de agir sobre a importância de proteger as abelhas para preservar a biodiversidade e combater as alterações climáticas.”
Apicultura, uma atividade além da produção de mel
O Dia Mundial das Abelhas este ano, com foco nos jovens, visa transmitir a mensagem de que o investimento em iniciativas de apicultura lideradas por jovens acelera a inovação, a criatividade e o avanço tecnológico que podem ajudar a enfrentar os desafios emergentes enfrentados pelos pequenos polinizadores, incluindo eventos climáticos extremos, o uso de pesticidas na agricultura e a propagação de pragas.
O Dia Mundial das Abelhas foi instituído em 2017 por uma resolução das Nações Unidas, por proposta do Governo da Eslovénia para promover ações que os governos, o setor privado, as organizações, a sociedade civil e os cidadãos possam tomar para proteger as abelhas e outros polinizadores e os seus habitats, promover a sua diversidade e promover práticas apícolas sustentáveis.
A apicultura é uma atividade que vai além da produção de mel e contribui para o alcance de muitos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Uma vez que pode ser praticada com recursos limitados e materiais disponíveis localmente, a apicultura proporciona uma fonte de rendimento para aqueles que vivem em extrema pobreza, ajudando a melhorar a resiliência e os meios de subsistência das comunidades rurais e indígenas.
O papel da FAO na promoção da polinização
A FAO tem um compromisso de longa data na promoção de políticas que apoiem o controle biológico de pragas vegetais e limitem o uso de pesticidas, através da Ação Global sobre Serviços de Polinização para a Agricultura Sustentável, com o objectivo de construir uma maior diversidade de habitats em ambientes agrícolas e urbanos.
Através de novas tecnologias como a TECA – uma plataforma online que reúne tecnologias e práticas agrícolas de sucesso – a FAO está a trabalhar para promover o intercâmbio de conhecimentos e a transformação rural sustentável, contribuindo para a concretização dos ODS.
Lançada pela FAO em 2002 e gerida pela Unidade de Investigação e Extensão da FAO (OIN), a plataforma TECA aborda a necessidade de um repositório online sistemático e fácil de usar de tecnologias, práticas e inovações na agricultura tradicional.
Iniciativas brasileiras somadas à promoção da data
Atualmente, existem cerca de 20 mil espécies descritas no mundo, sendo 3 mil encontradas no Brasil. A maior parte das abelhas podem ser criadas e manejadas com técnicas adequadas, em áreas rurais e urbanas. As mais procuradas, as abelhas nativas sem ferrão, contam com mais de 300 espécies brasileiras, sendo 60 no Estado de São Paulo, como jataí, mandaçaia, borá, mandaguari, manduri, guaraipo, entre outras.
A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão de extensão rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, atua na capacitação de produtores. “Com a conscientização ambiental e regularização da meliponicultura – criação racional de abelhas nativas sem ferrão, a atividade está em expansão e vem ganhando visibilidade.
No Estado de São Paulo, já são 2 mil meliponários regularizados”, afirma Carolina Matos, Ecóloga e Especialista Ambiental do Departamento de Extensão Rural (DEXTRU/CATI).
Para a criação de abelhas nativas, além do cadastro junto à Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), também é solicitado a autorização do órgão ambiental para sua criação, por serem animais da fauna silvestre. A chamada Autorização de Uso e Manejo é obtida online, pelo sistema GEFAU. Ao obter essas autorizações e cadastro, o produtor fica regularizado e sua atividade passa a constar no banco de dados do Estado, importante para a criação de políticas públicas para essas atividades.
A ecóloga Carolina Matos, também reforçou a importância da participação da sociedade para a reprodução das espécies. “As pessoas podem contribuir com as abelhas, mesmo sem criá-las, como por exemplo, plantando frutos como maracujá, melão ou girassol, e plantas como a lavanda, manjericão, cosmos e ora-pro-nobis”, ressalta.
Outra atividade benéfica, é a construção de hotéis para abrigar abelhas solitárias, que apesar de não produzirem mel, são as maiores responsáveis pela polinização. Elas ocupam as cavidades do hotel para botar os ovos.
Publicamos recentemente matéria sobre os excelentes resultados na polinização de café da variedade conillon nas montanhas capixabas, obtidos pela Nescafé, o que exemplifica muito bem as vantagens de promover a polinização assistida.
Vale ressaltar, que a cadeia produtiva do mel movimenta anualmente no Brasil mais de R$ 950 milhões. No ano passado, o setor bateu recorde de produção, com 61 mil toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao ano anterior, o crescimento foi de 9,5%, impulsionado pelo aumento na demanda por mel e derivados, como própolis e geleia real.
O consumo do mel também propicia a reprodução das abelhas e futuro repovoamento das áreas de mata. A CATI, por meio da campanha Mel Seguro, estimula a produção e o consumo do mel, realizando ações e eventos sobre os benefícios.
A CATI também conta com o Grupo Técnico de Apicultura e Meliponicultura, composto por extensionistas, que trabalham junto aos produtores rurais e suas entidades para o desenvolvimento de ações e fortalecimento das cadeias produtivas de todo o Estado de São Paulo.
Dia do Apicultor, mais uma data a ser lembrada e celebrada
E esta semana, a cadeia produtiva do mel comemora também o Dia do Apicultor (22/05). A data foi instituída para homenagear os profissionais, que manejam abelhas, para produção de mel, geleia real, própolis e cera. Vale destacar que quando o apicultor investe em tecnologia, aumenta significativamente a produtividade das colmeias, bem como a rentabilidade dos negócios.
O Estado de São Paulo, principal consumidor de produtos apícolas do País, conta com pouco mais de cinco mil propriedades dedicadas à apicultura e meliponicultura, que juntas, produzem cerca de 4,8 mil toneladas de mel por ano, principalmente de apiários localizados na região de Botucatu, onde a florada do eucalipto resulta num mel diferenciado e de alta qualidade.
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