O mundo hoje vive com as pressões sobre a produção de alimentos por conta das mudanças climáticas e a maior conscientização pública de que será necessário acelerar as iniciativas que promovam o reequilíbrio. Medidas necessárias para melhorar as perspectivas de garantir a oferta futura de alimentos no mundo, com qualidade e na quantidade necessária.
Este foi o foco do painel “Um Plano de Impacto: Incorporando Sustentabilidade na Estratégia de P&D”, no World Agri-Tech Summit, promovido pela Rethink Events. O painel contou com a participação de Renée Vassilos, diretora de inovação na agricultura na The Nature Conservancy, Sam Eathington, CTO da Corteva e Scott Komar, Senior VP Global de R&D da Driscoll’s.
Segundo Renée, o volume de investimentos realizado nas inovações foi alto até 2022, e caíram drasticamente em 2023. Em 2022, Yara, Corteva, Bunge e John Deere investiram US$ 4 bilhões. AgFunder informou em seu último relatório que o total de investimentos em venture somam US$ 10 bilhões.
A soma das questões inflacionárias mundiais às mudanças climáticas e seus impactos na produtividade, tornam as perspectivas de novos investimentos pouco animadoras para garantir a segurança e a rentabilidade dos investidores.
Novas tecnologias devem impulsionar a transformação do processo de produção no agronegócio. Os produtores devem ter acesso fácil e saber usá-las para que ocorra a crescente escala de adoção e a conversão em melhor produtividade.
Qual foi o destino de todo esse investimento?
Sam explicou que o foco da Corteva foi a definição dos novos critérios para entender as necessidades. A empresa buscou criar produtos olhando todo o ecossistema, incluindo proteção de safras e do solo, de forma eficaz, e soluções biológicas.
O problema do clima tem relevante impacto, em todo mundo, e afeta demais a fruticultura. Este é o entendimento de Scott, da Driscoll’s, empresa tem relevante atuação na produção de frutas no mundo. “Estimamos que 75 mil toneladas métricas de frutas foram perdidas no mundo com a variação climática, cerca de 8% da safra foi perdida”, estima Scott. Hoje buscam produzir novas variedades que sejam mais resistentes ao clima. “Tentamos entender melhor as mudanças e como podemos usar as inovações na produção de frutas”, ressalta o executivo.
Onde investimentos são mais relevantes?
Sam informa que a Corteva mantém o programa Catalyst. São quatro áreas hoje onde têm mais foco: engenharia genética; insumos biológicos, que devem atuar de forma complementar com os insumos químicos por algum tempo; biocombustíveis, também atuando de forma complementar e integrada; e, novas tecnologias em geral, com inovações para criar produtos.
A empresa trabalha as informação e dados para dar suporte a todo o sistema. Atuam com investimentos em equity e colaborações e parcerias com empresas para o desenvolvimento de novos produtos. Existe uma equipe de gestão interna para os projetos.
Já na Driscoll’s, a empresa mantém 20 programas de melhoramento genético. Avança em técnicas para melhorar a escala de produção, a resiliência, o sabor e durabilidade das frutas junto aos produtores de frutas. Busca a melhor eficiência no uso da água, como prioridade máxima. “As mudanças climáticas são a grande ameaça, todas inovações que ajudarem a reduzir perdas e obter mais produtividade, com mais polinização, devem ser priorizadas”, afirma Scott.
As empresas têm que manter o ritmo na adoção de novas tecnologias, criando valor. “Criamos valor a partir da experiência no campo e adoção de biotecnologia”, comenta Sam. As inovações aceleram a chegada de novas soluções ao mercado. As questões regulatórias têm ritmo próprio, que deve ser considerado nos projetos para implementação, uma vez que podem retardar as aprovações e implementações. A adoção de biotecnologia evoluiu muito rápido nos EUA e o regulatório precisa prever isso essa nova dinâmica.
“Hoje podemos simular em laboratório toda a produção de alimentos. Conseguimos produzir em fazendas verticais, produzir diversas safras por ano”, conclui Scott, fazendo referência à nova dinâmica necessária para as questões regulatórias de alimentos e as necessidades do mercado.
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