A 28ª edição da Global CEO Survey, conduzida pela PwC, revelou que os líderes empresariais no Brasil estão cada vez mais conscientes da necessidade da reinvenção do agronegócio para assegurar a viabilidade de seus negócios.
As inovações ganham relevância e se tornam uma prioridade no agronegócio brasileiro para que continue a evoluir os negócios de forma sustentável. A reinvenção do agronegócio nacional é destaque entre os principais resultados obtidos em pesquisa realizada pela PwC com CEOs de todo o mundo.
Entre os principais desafios e oportunidades apontados, destacam-se a adoção da inteligência artificial generativa, o impacto dos investimentos em inovações que promovam sustentabilidade, convivendo com os riscos impostos pelas mudanças climáticas que foram apontados como principal preocupação dos executivos.
Otimismo e desafios estruturais
A pesquisa indica um otimismo crescente entre os CEOs do agronegócio brasileiro. Cerca de 76% dos líderes do setor acreditam na aceleração da economia local nos próximos 12 meses, superando a média nacional de 73%. No entanto, ao analisar o crescimento da receita de suas próprias empresas, os executivos se mostram mais cautelosos: 48% esperam aumento nas receitas, ligeiramente abaixo da média nacional de 50%.

Apesar do otimismo, 56% dos CEOs do agronegócio consideram as mudanças climáticas a principal ameaça ao setor, índice significativamente superior à média nacional (21%) e global (14%). Adicionalmente, 44% dos líderes acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos sem mudanças estruturais, um salto considerável em relação aos 31% registrados na edição anterior da pesquisa.

Investimentos em inovação e tecnologia
Diante dos desafios impostos pelo mercado e pelo clima, os líderes do agronegócio têm investido em inovação para se manterem competitivos. 86% dos CEOs planejam integrar a inteligência artificial generativa às suas plataformas tecnológicas, um percentual superior à média nacional de 69%.
A pesquisa também destacou que 52% dos executivos do agronegócio já registraram ganhos de eficiência no uso do tempo de suas equipes com a IA generativa. No entanto, os impactos financeiros diretos ainda não atingiram as expectativas: apenas 26% notaram aumento de receita e 24% observaram crescimento na lucratividade, números inferiores à média brasileira de 34% e 31%, respectivamente.

“As empresas esperavam aumento de lucratividade de 46%, mas o resultado foi inferior. Há um ganho de conhecimento que em 2025 leva aos executivos terem expectativa de melhor resultado no presente ano”, informa Maurício Moraes, sócio da PwC Brasil e CEO do PwC Agtech Innovation.
O uso de IA não deve promover demissões no setor, e a adoção da tecnologia é também entendida como um fator de melhorar a produtividade e prevenir os impactos de adversidades dos riscos climáticos. “É necessário estabelecer parcerias entre as empresas para poder aproveitar bem o potencial da IA”, complementa.

Sustentabilidade e parcerias estratégicas
O estudo mostra que os investimentos com baixo impacto climático têm proporcionado vantagens competitivas para o setor. 70% dos CEOs relataram que essas iniciativas reduziram custos ou tiveram impacto irrelevante nos balanços financeiros, enquanto 47% afirmam que tais investimentos aumentaram a receita, superando a média nacional de 30%.
A pesquisa também revelou a crescente adoção de parcerias como estratégia de inovação. 44% dos CEOs do agronegócio no Brasil afirmam ter firmado colaborações com outras organizações nos últimos anos, um número 11 pontos percentuais acima da média nacional (33%).
Segundo Maurício, essa abordagem permite que empresas do setor se mantenham na vanguarda da inovação e competitividade. “Vemos eventuais concorrentes se unindo para buscar as sinergias e melhorar suas operações”, afirma Maurício.
Cibersegurança: um alerta para o setor
Apesar dos avanços tecnológicos, a cibersegurança ainda é um ponto de atenção. Apenas 20% dos CEOs do agronegócio brasileiro apontam riscos cibernéticos como uma das principais ameaças, um índice abaixo da média nacional e global.
Esse dado preocupa especialistas, considerando o crescente número de ataques sofisticados contra empresas em diferentes setores.
Reinvenção do agronegócio como chave para o futuro
O levantamento mostra que o setor agropecuário brasileiro está passando por um momento de reavaliação estratégica. Com mudanças climáticas pressionando as operações e a revolução digital alterando a dinâmica do mercado, os CEOs estão cada vez mais inclinados a buscar novas oportunidades.
A longevidade dos executivos do agronegócio também se destaca: 42% esperam permanecer no comando de suas empresas por mais de seis anos, superando as médias nacional (32%) e global (30%). Esse fator pode ser um diferencial para garantir uma gestão de longo prazo orientada para inovação e sustentabilidade.
A 28ª Global CEO Survey reflete a urgência da transformação no agronegócio brasileiro. O setor caminha para um futuro pautado na reinvenção, combinando tecnologia, sustentabilidade e inovação para garantir sua competitividade no cenário global.
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