Iniciativa setorial posiciona cacau brasileiro no mercado internacional como símbolo de bioeconomia
O cacau brasileiro no mercado internacional acaba de ganhar uma identidade própria para conquistar consumidores exigentes: a marca Cacau Brasileiro – Gente, Floresta e Cultura. Lançada por um consórcio de entidades como AIPC, CocoaAction Brasil, Instituto Arapyaú e Centro de Inovação do Cacau (CIC), a iniciativa visa promover o produto nacional como referência em sustentabilidade e inovação, mirando mercados como EUA e Europa.
Com 80% da produção em sistemas agroflorestais – onde o cacau é cultivado junto a espécies nativas –, o Brasil busca se tornar um dos três maiores exportadores globais até 2030, gerando US$ 2,3 bilhões em receita e 300 mil empregos.
Cacau brasileiro no mercado internacional: estratégico para a bioeconomia
O Brasil, sexto maior produtor mundial de cacau, ainda importa amêndoas para suprir a demanda interna. A nova marca quer reverter esse cenário, destacando vantagens únicas: 200 mil toneladas anuais produzidas majoritariamente por agricultores familiares, em pequenas propriedades que preservam florestas e tradições culturais. Ricardo Gomes, do Instituto Arapyaú, afirmou:
“Não existe cacau sem pessoas. Valorizar essa cadeia é proteger identidades e ecossistemas”.
A estratégia inclui capacitar produtores em práticas sustentáveis, atrair parceiros internacionais comprometidos com ESG e negociar acordos comerciais. Cristiano Villela, do CIC, ressalta:
“Há demanda global por produtos livres de desmatamento. Nosso cacau, com selo agroflorestal, é a resposta”.
O plano prevê aumentar a produtividade em áreas degradadas convertidas em sistemas agroflorestais (SAFs), alinhado ao relatório do Instituto AYA, que projeta o Brasil respondendo por 13% do mercado global até 2030.
Impacto socioambiental e cultural
Além de conservar 600 mil hectares de florestas – área equivalente a quatro cidades de São Paulo –, a cadeia do cacau sustenta festivais regionais e receitas centenárias, como o chocolate de origem do Sul da Bahia. Anna Paula Losi, da AIPC, reforça:
“O cacau brasileiro é coletivo. Cada amêndoa carrega história”.
A meta é ampliar a conscientização sobre esses atributos, atraindo moageiras e chocolateiras internacionais dispostas a pagar premium por qualidade rastreável.
Desafios e próximos passos para a cacauicultura nacional
Apesar do potencial, o país precisa superar entraves como infraestrutura logística e escala. Guilherme Salata, da CocoaAction Brasil, destaca:
“Políticas públicas são essenciais para retomar o protagonismo”.
Com investimentos em pesquisa – como análises de amêndoas feitas pelo CIC – e parcerias como a FAEB, que oferece assistência técnica a produtores, a iniciativa acredita em um futuro onde o cacau brasileiro no mercado internacional será sinônimo de ética e sabor.
Resta ao mundo provar que sustentabilidade, afinal, tem gosto de chocolate.
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