Combate às bebidas falsificadas no Brasil exige soluções urgentes em rastreabilidade e tecnologia
As bebidas falsificadas no Brasil representam 36% do volume total comercializado no país, segundo dados da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD). Além de gerar prejuízos fiscais de R$ 52,9 bilhões por ano, o mercado clandestino está vinculado a facções criminosas e coloca em risco a saúde dos consumidores, expondo a urgência de investimentos em tecnologias de rastreabilidade e controle.
Por que as bebidas falsificadas no Brasil são um problema de escala nacional?
De acordo com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), a produção ilegal de bebidas está diretamente ligada ao crime organizado, gerando uma perda fiscal de aproximadamente R$ 52,9 bilhões devido à sonegação de impostos.
O mercado clandestino movimentou, apenas em 2022, R$ 56,9 bilhões com a fabricação e venda de bebidas falsificadas, valor que ultrapassa o faturamento da maior cervejaria do país, a Ambev, que faturou R$ 42,6 bilhões no mesmo período, incluindo também produtos não alcoólicos.
A falsificação, que já responde por 25,7% do mercado nacional segundo a Euromonitor International, utiliza substâncias tóxicas e processos irregulares, resultando em produtos que podem causar intoxicações graves e até mortes.

“Apesar das regulamentações, a adulteração opera em massa. A rastreabilidade é uma necessidade crítica para proteger o consumidor e a indústria”, afirma Ramon Grasselli, gerente comercial da Soma Solution, empresa especializada em codificação industrial.
A solução, segundo Grasselli, está em sistemas que tornam cada garrafa única e verificável. A Soma Solution, representante da Markem-Imaje no Brasil, desenvolveu tintas pigmentadas em branco e amarelo para garrafas âmbar – comumente usadas por cervejarias –, garantindo legibilidade em qualquer condição.
“A cor da impressão é estratégica para que códigos de lote, validade e origem sejam visíveis, mesmo em vidros escuros”, explica. As tecnologias adotadas eliminam o uso de metiletilcetona, substância corrosiva, priorizando a segurança de trabalhadores e meio ambiente.
Além da indústria de bebidas, os equipamentos de rastreabilidade atendem setores farmacêuticos, alimentícios e logísticos, assegurando autenticidade em diferentes embalagens. A legislação brasileira já exige que produtos informem dados como lote, data de produção e identificação do fornecedor, mas a aplicação de QR codes e etiquetas inteligentes tem se tornado um diferencial no combate à fraude. “Mais do que cumprir normas, a rastreabilidade fortalece a confiança do consumidor e dificulta a ação de criminosos”, reforça Grasselli.
Enquanto o mercado ilegal avança, especialistas alertam: sem investimentos contínuos em inovação, o prejuízo econômico e social das bebidas falsificadas no Brasil tende a crescer. A ABBD estima que, para cada garrafa adulterada retirada de circulação, outras três ocupam seu lugar. A pergunta que fica é: até quando o país conviverá com um cenário onde o lucro do crime supera o da indústria legalizada? A resposta depende de como tecnologia, fiscalização e conscientização serão priorizadas nos próximos anos.
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