A maioria dos alimentos que nutre a população mundial passou por algum tipo de processamento para finalidades diversas como obter sabor, textura e outras características específicas. Portanto, os denominados alimentos processados são fundamentais para a segurança alimentar. Diante da frequente associação genérica desses alimentos a impactos negativos na saúde e bem-estar dos consumidores, o professor universitário emérito Rob Shewfelt passou a disseminar seus conhecimentos para além dos muros da instituição de ensino.
A jornada desse renomado cientista é motivada pelos 31 anos de docência no Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade de Geórgia, nos Estados Unidos, país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, atrás somente da China e da Índia e uma posição à frente do Brasil. Doutor em ciência dos alimentos, Shewfelt completou dez anos de aposentadoria, mas desde o início desse período tem atuado fortemente junto à sociedade para contrapor mitos que influenciam decisões equivocadas de consumo.
Além de se consagrar através do livro In Defense of Processed Food, em que contraria a ideia de que alimentos processados são perigosos para a saúde e responsáveis pela maioria dos problemas ligados à dieta estadunidense, Shewfelt é assessor científico do American Council on Science and Health (ACSH), que tem como objetivo popularizar evidências da ciência e da medicina e educar os consumidores a desmascararem divulgações científicas duvidosas e alertas de saúde exagerados. O experiente cientista também se tornou articulista do Institute of Food Technologists (IFT), comunidade científica que visa fazer com que a ciência e a inovação estejam conectadas e sejam universalmente aceitas como essenciais para melhorar a alimentação mundial.
Por que a população dos EUA está acima do peso? Por que os alimentos processados têm uma reputação tão ruim? Por que os estadunidenses não conseguem encontrar tantos alimentos frescos e produzidos localmente nos supermercados e restaurantes? Quão difundido está o vício em comida na cultura do país? Por que há tantos produtos químicos na comida dos EUA? Como identificar quais comidas são de verdade? Como o processamento de alimentos muda seu valor nutricional? Quão seguro é o abastecimento de alimentos? Como os estadunidenses podem comer mais alimentos sustentáveis para salvar a Terra para seus filhos e netos? Os alimentos processados podem compor uma dieta responsável? Essas dez perguntas são respondidas com tranquilidade por Shewfelt em seu livro de forma a apontar as contradições da animosidade em relação aos alimentos processados.
No artigo It’s Time We Engage in the Processed Foods Debate, publicado na revista do IFT, Food Technology Magazine, o estudioso destaca a necessidade de o engajamento no debate dos alimentos processados ir além dos nutricionistas e médicos e envolver mais os cientistas e os engenheiros de alimentos, quem de fato entende sobre processamento. Para Shewfelt, a grande dificuldade é a falta de uma comunicação adequada sobre o tema, que temos destacado o tempo todo no Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e na Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Outro relevante assunto levantado na revista do IFT, também questionado pelo Ital, é a fragilidade da classificação NOVA, que nomeou parte dos alimentos processados como ultraprocessados. No artigo Why NOVA Misses the Mark, Shewfelt chega à conclusão de que tal classificação é considerada inadequada para o sistema alimentar dos EUA, o maior mercado de alimentos do mundo: segundo a NOVA, 60% dos produtos comercializados não são recomendados para consumo. O cientista avalia que as premissas estão erradas, começando pelo fato de que os alimentos identificados como ultraprocessados recebem crítica que tem relação com aditivos e não com o grau de processamento.
Explorar esses e outros tantos conteúdos de Shewfelt é uma missão que indico a todo profissional da área de alimentos, lembrando que no Brasil o setor de alimentos e bebidas ganhou mais confiança dos consumidores, enquanto o governo e a mídia têm crescente descrença, segundo o levantamento Edelman Trust Barometer 2022. Cabe complementar que, em pesquisa realizada em 2022 pelo Centro de Estudos SoU_Ciência, os cientistas foram considerados os mais confiáveis como fonte de informação por 41,6% dos brasileiros, sendo que três anos antes apenas 16,4% dos entrevistados fizeram essa afirmação, havendo empate com religiosos e derrota para médicos e jornalistas em grau de credibilidade como fonte de informação.
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