Por: Luis Madi
Como pesquisador científico no ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos, vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, sempre acompanhei o trabalho do International Food Information Council, criado em 1985 nos Estados Unidos com a missão de comunicar de forma eficiente informações baseadas na ciência sobre saúde, nutrição, segurança de alimentos, alimentos processados e agricultura.
Sem fins lucrativos, o IFIC é formado por profissionais da nutrição, segurança de alimentos e comunicação focados em educação e pesquisa de consumo, sendo a maioria pesquisadores acadêmicos, sendo, portanto, a maior fonte de publicações de pesquisas junto ao consumidor em vários aspectos ligados à alimentação.
Dieta saudável com alimentos processados: é possível?
Considerando seu propósito e o aumento significativo do interesse em questões associadas aos alimentos processados nos últimos anos, a instituição levantou conhecimentos, comportamentos e crenças sobre esses alimentos junto a mil consumidores maiores de 18 anos que residem nos EUA.
Intitulada Consumer Survey: Public Perceptions Of Processed Foods In A Healthy Diet, a pesquisa aplicada em julho do ano passado e publicada em janeiro deste ano constatou que priorizar uma dieta saudável é importante para 84% dos entrevistados, sendo as principais ações para isso a ingestão de mais frutas e vegetais (33%), o equilíbrio, a variedade e a moderação (27%) e a redução do consumo de açúcar (24%) e do tamanho das porções ingeridas (18%).
A pesquisa levantou que 70% dos entrevistados não têm clareza se compreendem totalmente o que são alimentos processados. No levantamento, as principais características consideradas pelos consumidores para que um alimento seja saudável é ser orgânico (22%) e natural (19%) e não conter ingredientes artificiais (34%), aditivos (26%) e açúcar adicionado (19%).
Para os entrevistados, podem ser inclusos em uma dieta saudável alimentos como brócolis congelados (64%), frutas silvestres congeladas (62%), iogurte grego de baunilha (60%) e atum enlatado (55%), mas poucos incluem molhos enlatados (15%) e chocolate ao leite (14%).
Ao serem questionados por que compram alimentos embalados, as respostas mais comuns foram a facilidade no preparo (33%), o sabor (32%) e o maior prazo de validade (29%), sendo também apontados por 20% dos entrevistados como relevantes os aspectos nutricionais e a saudabilidade.
Na divulgação dos resultados, chama a atenção o comentário da presidente do IFIC, Wendy Reinhardt Kapsak, MS, RDN, de que a controvérsia é em grande parte resultado dos sistemas de classificação usados pela literatura científica para categorizar os alimentos pelo grau de processamento e não por aspectos nutricionais ou outros atributos. Destaco nesse contexto a inadequada classificação NOVA, que criou os chamados alimentos ultraprocessados.
Apesar de a pesquisa do IFIC ter sido feita nos Estados Unidos, avalio que encontraríamos cenário parecido junto aos consumidores brasileiros. E o que fazer diante desse contexto? Como instituição pública de pesquisa científica, o Ital tem dedicado esforços para disponibilizar informações à sociedade com base na ciência e tecnologia de alimentos através da Plataforma de Inovação Tecnológica (PITec) e o Projeto Alimentos Industrializados 2030.
A mais recente iniciativa entrou no ar no último mês: o perfil @comercomcienciaoficial no Instagram, aliado a artigos quinzenais no LinkedIn, é dedicado à educação do consumidor para fazer escolhas alimentares conscientes. Incentivo não só especialistas como todos que valorizam a garantia do alimento seguro e de qualidade a engajarem essa e outras ações embasadas em conhecimento técnico-científico e focadas no benefício da sociedade.
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