Por Fernando Rodrigues, da Rural Ventures
Na última semana participei do World Agtech Innovation Summit em São Francisco, confesso que não foi uma semana fácil. Acredito que pousamos na semana mais agitada no Vale do Silício desde a pandemia, em todas as rodas de conversas se questionavam sobre o SVB e o que seria do sistema dali em diante.
Depois do alívio oferecido pelo FED e Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) os ânimos ficaram contidos e os assuntos foram sendo alternados entre o novo custo de se fazer fundraising e a dinâmica de startups profitable e a valorização maior de unit economics versus crescimento de longo prazo.
Agtechs e foodtechs brasileiras presentes na feira
É animador saber que as agtechs latinas estavam presentes em peso na feira. O setor de agronegócio tem grande importância na economia Brasileira e da América Latina e a tecnologia tem um papel fundamental em aumentar a eficiência e produtividade no campo.
Importante mostrar aqui um ponto que foi bastante citado nas conversas em que eu participei: agtech brasileira se prepare para a internacionalização, por mais que o Brasil seja gigante e possua um amplo espaço para validar e crescer, é importante mostrarmos ao mundo o que está sendo desenvolvido aqui dentro, ou como os gringos várias vezes falaram, o Brasil ainda é um Black Box. Vamos abrir essa caixa e conquistar outros territórios!
Talvez seja por esse motivo, que o Brasil ainda é o país que menos atrai investimento externo em comparação a outros países da América Latina. Não que isso seja ruim para o ecossistema, pelo contrário, isso mostra que os investidores do nosso país estão dispostos a investir e potencializar as empresas que estão sendo criadas para desenvolver a nova economia.
Neste relatório da Glisco Partners publicado recentemente fica muito claro que o ecossistema de investimento em startups na América Latina continua crescendo, e o investimento realizado em startups teve um aumento de 41% em comparação com 2020.
O número total de negócios de investimento também cresceu, com um aumento de 32% em relação ao ano anterior. Esses números mostram que o investimento em startups na América Latina está ganhando impulso e que os investidores estão cada vez mais interessados em apoiar as empresas da região.
Mas o principal ponto que quero destacar nesse artigo, é o quanto o investimento cresceu em cleantech e agtech, passando até mesmo algumas trends como gameficação.
O crescimento em relação a 2021 foi de 912% em captação e 129% em número de deals, esse talvez seja o número mais importante devido a novo direcionamento de olhar e principalmente investir em empresas que resolvem problemas reais e que geram caixa nesse processo.
Esse novo normal pode ser fundamental para o Brasil, pois podemos surfar uma onda de crescimento de Startups sustentáveis que geram mais empregos e fortalecem o crescimento econômico.
Curiosidade: No último episódio do Rural Ventures, no qual entrevistamos Marcio Aurelio Soares Santos. Ele teceu um comentário que se encaixa perfeitamente no contexto desse artigo.
“O professor de Harvard, Jean Philippe Deschamps, realizou uma pesquisa de 2007 – 2017 aonde foi descoberto que de cada 10 novos postos de trabalhos abertos nos EUA nesse período, nove eram oriundos de startups”
Isso mostra o quanto é importante estimular e investir no ecossistema, e na minha opinião, estamos no momento certo para diminuir o gap entre os países desenvolvidos e a América Latina.
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