açaí na industria
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A tendência de produção e consumo do açaí segue em expansão tanto no Brasil quanto no mercado internacional, impulsionada pela demanda crescente por alimentos funcionais e saudáveis.

A exportação de açaí registrou um aumento de 47,5% no faturamento em 2024, alcançando quase US$ 500 mil, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O volume também cresceu 12,7%, totalizando 89 toneladas exportadas.

Os Estados Unidos são o principal destino do açaí brasileiro, consolidando-se como um mercado de alto potencial. O fruto é amplamente consumido em smoothies, tigelas e sobremesas, sendo valorizado por suas propriedades nutricionais e seus potenciais benefícios à saúde, como ação anti-inflamatória e melhora no bem-estar mental.

Momento ideal para ampliar exportações do açaí

A popularidade do açaí tem levado mais empresas brasileiras a investirem na internacionalização de suas marcas e produtos.

“O mercado dos Estados Unidos é não apenas um trampolim para a globalização, mas também um espaço de consumidores sofisticados, que valorizam produtos naturais e sustentáveis como o açaí. Para os empreendedores brasileiros, esse é o momento ideal de transformar uma tendência em um negócio consolidado”, destaca Joice Izabel, sócia da Drummond Advisors.

A Drummond Advisors, que atua no apoio à internacionalização, aponta que o mercado norte-americano oferece vantagens como acesso a consumidores conscientes e disposição para experimentar novos sabores e formatos.

Impacto social e econômico para as comunidades amazônicas

A produção de açaí tem um impacto significativo na economia e na qualidade de vida das comunidades amazônicas. Pequenos produtores e ribeirinhos dependem da colheita e comercialização do fruto como principal fonte de renda.

Responsável por aproximadamente 94% da produção nacional e pelo representativo volume de comercialização interestadual e também de exportação, o Pará, mais uma vez, reforça sua hegemonia na produção do açaí no Brasil. Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, das 1.699.588 toneladas do fruto produzidas pelo país, 1.595.455 toneladas foram produzidas no Estado. Entre os municípios paraenses com maior destaque, estão: Igarapé-Miri, Cametá e Abaetetuba. 

Conforme o titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap), Giovanni Queiroz, o papel da pasta em colocar em prática junto a produtores de açaí técnicas que aumentem a produtividade e o ganho das famílias que exploram o fruto. Ele também pontua que o objetivo do Governo do Estado é que nenhum produtor tenha uma renda mensal mínima menor que três salários mínimos.

Foto: Marco Santos / Ag. Pará

“Trabalhamos junto aos produtores para garantir a qualidade do produto, seja com aprimoramento de técnicas de manejo, capacitações ou com o fornecimento de equipamentos, por meio do Programa Nacional da Qualidade do Açaí; Territórios Sustentáveis, trabalhando com o sistema agroflorestal; e o Pró-Açaí, atuando no manejo do açaí de várzeas. Recentemente, no Festival do Açaí, qualificamos mais de mil produtores no beneficiamento do açaí, com qualidade, com toda a rigidez, no que diz respeito à limpeza e sanidade do produto”, ressalta Giovanni Queiroz.

A expansão do mercado global não apenas gera novas oportunidades econômicas, mas também incentiva a conservação ambiental, pois a produção do açaí em sistemas agroflorestais contribui para a manutenção da biodiversidade local.

Cooperativa da Amazônia triplica faturamento com a exportação de açaí em pó

Crédito: Divulgação Amazonbai

A Amazonbai, cooperativa amapaense da foz do Amazonas pioneira em rastreabilidade e certificação da cadeia do açaí no mundo, triplicou o faturamento em 2024 em relação ao ano anterior, chegando a uma receita de mais de R$ 2 milhões com a venda de produtos.

Os resultados foram impulsionados pelas primeiras exportações diretas de açaí liofilizado (em pó) para os Estados Unidos e para a Europa. As vendas de 3,6 toneladas do produto de alto valor agregado foram responsáveis por 33% do faturamento. Ainda no período, a cooperativa comercializou 138,8 toneladas de polpa.  

O liofilizado é a polpa da fruta desidratada por meio de um processo de secagem a frio. A cada tonelada de açaí em pó, foram beneficiadas nove toneladas do fruto in natura. Esse processo mantém as características nutricionais e sensoriais do açaí, como o sabor, aroma e cor. O produto não precisa ser congelado, facilitando a conservação, o armazenamento e o transporte.

“Para atender à demanda do mercado, a Amazonbai ampliou a compra dos frutos in natura junto aos seus cooperados, gerando um retorno mais justo”, explica o presidente da cooperativa, Amiraldo Picanço.

Também houve uma ampliação da base de fornecedores, fechando uma parceria com a associação indígena Wajãpi Terra, Ambiente e Cultura (Awatac), no Amapá. “Essa parceria fortalece a cadeia produtiva do açaí, impulsiona o engajamento e o empoderamento indígena, além de promover a troca de conhecimento”, afirma Picanço.

As bases administrativas foram aprimoradas com a criação de dois novos escritórios em pontos estratégicos, um na região central de Macapá e outro no distrito do Bailique, facilitando o atendimento aos cooperados e a operação.

Para 2025, a Amazonbai planeja produzir 900 toneladas de polpa em parceria com outros territórios para atender novos grandes contratos e ampliar as exportações de liofilizado. A cooperativa estuda também uma parceria com Universidade Federal do Pará (UFPA) para modernizar o sistema de monitoramento e certificação.

Hoje, a área certificada é de 2,4 mil hectares. O açaizal é o primeiro do mundo a ser certificado pela Forest Stewardship Council (FSC) Manejo Florestal, Cadeia de Custódia e Procedimento de Serviços Ecossistêmicos, reconhecido globalmente.

O selo garante a rastreabilidade e a integridade dos produtos ao longo de toda a cadeia de suprimentos, desde a origem da matéria prima até o produto final. A cooperativa também adquiriu o atestado de Produto Vegano, o Selo Amapá e a certificação Orgânica.

Para Amiraldo Picanço, a Amazonbai tem uma dinâmica diferente de trabalhar com a floresta. “Pensamos no bem-estar da criança, da mulher, do jovem, do adulto, do idoso, melhorando a vida daqueles que são os guardiões e guardiãs da biodiversidade da floresta. Somos a prova de que é possível aliar desenvolvimento econômico e social e conservação na Amazônia, pensando no ecossistema como um todo”, afirma.

Apoio do Fundo JBS na Amazonbai promove o crescimento dos negócios

Desde 2023, o Fundo JBS pela Amazônia vem adotando uma estratégia diferenciada de apoio à Amazonbai, combinando R$ 3,1 milhões em recursos de doação direta e R$ 1,5 milhão em investimento reembolsável para capital de giro. Os juros praticados são bem abaixo do mercado e os prazos mais estendidos.

A cooperativa conta, desde sua criação, com doações filantrópicas para apoiar suas operações. Em 2022, o capital filantrópico representava 92% dos recursos. Em 2024, houve uma importante mudança, com a redução de 88% desses repasses em relação a 2023. Em paralelo, com o aumento das vendas, a Amazonbai diversificou as suas fontes de receita e fortaleceu sua sustentabilidade financeira.

“A autonomia da Amazonbai representa um grande salto quando pensamos nas peculiaridades de um negócio de base comunitária na Amazônia. Isso significa que uma cooperativa pode vencer as barreiras impostas em relação à logística, gestão e governança, e se tornar um modelo a ser replicado, gerando desenvolvimento territorial, prosperidade e bem-estar para aqueles que protegem a floresta”, afirma a diretora do Fundo JBS pela Amazônia, Andrea Azevedo.

O Fundo JBS atua, desde 2021, no desenvolvimento territorial da cadeia do açaí na região por meio do projeto Economias Comunitárias Inclusivas, realizado em parceria com o Instituto Interelos, Instituto Terroá, Universidade do Estado do Amapá (UEAP) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).

Até o momento, a organização doou para a iniciativa R$ 11,6 milhões. Esse recurso foi direcionado para processos mais estruturantes para a bioeconomia do território, como investimentos em educação, laboratórios de pesquisa e cursos formativos de equidade de gênero, transversais ao desenvolvimento da cooperativa.

Tendências para 2025: inovação e novos mercados

Estudos de tendências apontam que o açaí continuará se destacando como um ingrediente funcional em 2025. Relatórios de empresas como Kerry Group indicam que consumidores estão cada vez mais interessados em alimentos que oferecem benefícios à saúde, combinando sabor e funcionalidade. Além dos EUA, novos mercados na Europa e Ásia também começam a demonstrar maior interesse pelo produto brasileiro.

Com a economia norte-americana projetando crescimento significativo, 2025 se apresenta como um cenário positivo para novos negócios. O Union Bank of Switzerland (UBS) estima que as 500 maiores empresas listadas na Nyse terão um crescimento de lucros em torno de 10% no próximo ano, enquanto o índice S&P 500 deverá alcançar 6.600 pontos, uma valorização também de 10%. Esse crescimento é impulsionado por setores como tecnologia, bancos e saúde, os quais têm se destacado por sua capacidade de adaptação e inovação.

Paralelamente, tendências globais no setor de alimentos e bebidas reforçam o potencial do açaí no mercado internacional. De acordo com o relatório “Future Bites: 2025 Food and Beverage Taste Trends Energizing the Industry“, da Kerry Group, consumidores estão cada vez mais interessados na chamada Diversão com Funcionalidade. Essa tendência combina prazer com funcionalidade, oferecendo alimentos que não apenas têm um sabor agradável, mas também trazem benefícios à saúde, como melhorar o humor ou aumentar a energia.

“As taxas de juros em patamares mais baixos e a política econômica protecionista prevista para o próximo governo Trump prometem dar um impulso adicional à economia real, beneficiando tanto grandes corporações quanto empresas menores que buscam se estabelecer nos Estados Unidos”, acrescenta Joice Izabel.

Açaí tem grandes oportunidades no mercado internacional

O açaí figura na lista de ingredientes a serem observados em 2025, ao lado de itens como cúrcuma, cogumelos e cacau. Isso destaca o papel da fruta brasileira como um alimento funcional, capaz de atrair consumidores em busca de saúde e inovação.

Com esse ambiente econômico e tendências favoráveis, o mercado norte-americano oferece um terreno fértil para marcas brasileiras que desejam explorar novas oportunidades e solidificar sua presença global. Seja oferecendo tigelas de açaí tradicionais ou criando produtos inovadores, o Brasil tem a chance de capturar uma fatia crescente de consumidores globais.

Com esse cenário favorável, o Brasil tem uma grande oportunidade para consolidar sua liderança global na produção e exportação de açaí, impulsionando tanto a economia local quanto a sustentabilidade ambiental.

1 Comentário
  1. […] Gaia anuncia novo CRA MST para a CooperoesteAçaí brasileiro conquista o mundo: crescimento da produção e exportação impulsiona comunidades…Agropalma lança novo relatório de sustentabilidade e celebra redução de 24% nas […]

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