O ecossistema global de Foodtech está em constante evolução, com diversas regiões se destacando por inovações, investimentos e expansão de startups
O recém divulgado o relatório Foodtech Winners, mostra que os Estados Unidos continuam liderando o setor, seguidos por Cingapura, Reino Unido, Israel e Canadá. No entanto, a América Latina vem se consolidando como um pólo emergente, com Chile e Brasil apresentando avanços significativos.
A pesquisa identificou que a maior concentração de empresas foodtech está nos Estados Unidos, com 65 cidades sediando essas operações. Isso representa 33% do total de cidades avaliadas na pesquisa.

Posicionamento do Brasil e América Latina no ranking global
O Brasil, representado por São Paulo (22ª posição global), lidera a região da América Latina no segmento de Foodtech. A cidade subiu 7 colocações em relação ao ranking de 2023, refletindo o crescimento do setor no país. Outras cidades latino-americanas em destaque incluem Bogotá (28º) e Santiago (31º), que também avançaram no ranking global.
Dentre os países, Chile fez uma estreia impressionante na classificação global, ocupando a 16ª posição, uma ascensão de 23 lugares em relação ao ranking geral de startups. Esse avanço evidencia o amadurecimento do ecossistema de Foodtech chileno, impulsionado por startups inovadoras e incentivos governamentais.


Evolução das foodtechs no contexto internacional
Apesar do crescimento da América Latina, ainda existe uma diferença significativa em relação aos principais mercados globais. Os Estados Unidos, que lideram o ranking, apresentam um escore 1,4 vezes superior ao de Cingapura, na segunda colocação. Já Cingapura supera o Reino Unido em mais do que o dobro do score, mesmo que os britânicos tenham um ecossistema de startups mais consolidado.
No âmbito europeu, Espanha desponta como líder em Foodtech na União Europeia, ocupando o 6º lugar globalmente, nove posições acima do seu ranking geral de startups. O crescimento de países como Dinamarca (14º) e Irlanda (15º) também demonstra que a inovação em alimentos tem ganhado espaço na Europa.
10 startups mais promissoras de Foodtech
A indústria de Foodtech abriga mais de 6.000 startups globalmente. Com tal número, tornou-se um dos setores com a menor participação no banco de dados analisado da Startup Blink, representando apenas 3,4% das startups listadas.
Abaixo estão as startups com as pontuações mais altas no ranking Startup Blink em janeiro de 2025, ótimas referências para os empreendedores:
- 7shifts (San Francisco, Estados Unidos)
- Plataforma de gestão de mão de obra projetada para restaurantes, oferecendo ferramentas de agendamento, comunicação e controle de horas trabalhadas para otimizar operações.
- CookUnity (Nova York, Estados Unidos)
- Serviço de entrega de refeições preparadas por chefs independentes, oferecendo uma variedade de pratos artesanais prontos para consumo.
- Petpooja (Ahmedabad, Índia)
- Plataforma de gestão de restaurantes que fornece soluções de ponto de venda, gerenciamento de estoque e análises para aprimorar a eficiência operacional.
- Oda (Oslo, Noruega)
- Varejista de supermercado online que oferece serviços de entrega domiciliar, com foco em uma ampla seleção de produtos e logística eficiente.
- KoRo (Berlim, Alemanha)
- Startup de Foodtech conhecida por seus produtos saudáveis, sustentáveis e de longa duração. Líder na indústria, oferece opções inovadoras e saborosas para consumidores preocupados com a saúde.
- Huel (Tring, Reino Unido)
- Empresa focada em nutrição que oferece refeições completas e balanceadas em formatos como pós, bebidas prontas para consumo e barras, promovendo conveniência e saúde.
- Snack Is Busy (Changsha, China)
- Rede de lojas de lanches que leva snacks de alta qualidade diretamente para comunidades locais, proporcionando uma experiência de marca acessível e conveniente.
- Country Delight (Sohna, Índia)
- Fornecedora de leite de alta qualidade, oferecendo produtos frescos e sem adulteração diretamente aos consumidores. A empresa trabalha com produtores confiáveis para garantir padrões elevados.
- HungerBox (Bangalore, Índia)
- Plataforma de tecnologia B2B que oferece soluções completas de alimentos e bebidas para empresas, atendendo às necessidades corporativas com tecnologia avançada.
- Farmer’s Business Network (San Carlos, Estados Unidos)
- Plataforma de e-commerce e rede de dados para agricultores, oferecendo insights baseados em dados, aquisição de insumos e serviços de comercialização de culturas para aumentar a lucratividade agrícola.
Cenário de Investimentos e Perspectivas
Apesar do crescimento de algumas regiões, o setor de Foodtech sofreu um forte impacto em 2024, com uma queda de 71,6% nos investimentos. Esse recuo está em linha com uma retração global em funding para startups, mas afeta de forma mais severa as regiões emergentes, como a América Latina. Ainda assim, a participação da região nos investimentos do setor aumentou, superando a do Oriente Médio e África.
A América do Norte manteve sua posição dominante em 2024, com sua participação aumentando ligeiramente de 38,49% para 38,95% no financiamento da indústria. Já a Ásia-Pacífico teve o maior crescimento em investimentos em Foodtech, subindo de 27,01% para 31,65%.
Enquanto isso, o financiamento na Europa caiu de 26,87% para 22,41%, sugerindo uma mudança no foco dos investidores para outras indústrias. A América Latina e o Caribe superaram o Oriente Médio e a África na participação dos investimentos em Foodtech em 2024, indicando o crescimento do setor na região.
O Brasil, que tem um ecossistema robusto no agronegócio e vem investindo em soluções de food innovation, pode se beneficiar desse movimento global. Programas de incentivo, parcerias público-privadas e investimentos em biotecnologia alimentar, plant-based e soluções sustentáveis são fatores que podem impulsionar ainda mais a posição do país nos próximos anos.
Adicionalmente, o país conta com inúmeras iniciativas de inovação aberta para abrigar empreendedores de foodtechs. Grandes indústrias como Nestlé, Pepsico, Tetra Pak, BRF, JBS, Ambev, Danone, M. Dias Branco mantêm investimentos para atrair e ajudar empreendedores de foodtech a inovarem em alimentos e serviços.

Perspectivas de investimentos em Foodtech no mundo
O Brasil e a América Latina estão conquistando espaço no setor de Foodtech, mas ainda precisam de maiores investimentos e políticas de incentivo para competirem diretamente com os grandes players globais. A ascensão de São Paulo no ranking de cidades e do Chile no ranking de países mostra que a região tem potencial para se consolidar como um polo relevante no futuro.
No entanto, o estudo mostra queda global nos investimentos em 2024, o que é um fator preocupante em face da necessidade de aumentar a disponibilidade mundial de alimentos e serviços para atender as demandas futuras. As foodtechs têm papel importante neste ecossistema de segurança alimentar e necessitam de capital para se manterem ativas.
Os dados da pesquisa Foodtech Winners contam com a parceria de dados da Crunchbase e da SemRush.