Enquanto alta no Brasil é sazonal e ligada à quaresma, nos EUA inflação persiste por surtos de gripe aviária; consumo de ovos como proteína saudável ganha força globalmente
A escalada no preço dos ovos está colocando consumidores de Brasil e Estados Unidos em alerta, mas as causas por trás do fenômeno são distintas em cada país. Enquanto a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) atribui a alta atual à sazonalidade da quaresma e custos de produção, os EUA ainda lidam com resquícios de uma crise histórica causada por gripe aviária.
Nesta análise, desvendamos os motivos dos aumentos, comparando os perfis de consumo e mostrando como o ovo se consolida como “proteína do futuro” em ambas as nações.
Brasil: Sazonalidade e Custos de Produção
De acordo com a ABPA, o preço dos ovos no país subiu devido à demanda típica da quaresma, quando parte da população substitui carnes vermelhas por proteínas brancas. Somam-se a isso:
- Aumento de 30% no preço do milho (base da ração animal) nos últimos oito meses;
- Custos de embalagens mais que dobraram;
- Temperaturas recordes, que reduzem a produtividade das aves.
A entidade projeta normalização dos preços até o fim de março, com a produção de 59 bilhões de unidades em 2025 – suficiente para manter o consumo per capita em 272 ovos/ano, um dos mais altos do mundo.
EUA: Crise Sanitária e Inflação Persistente
Nos Estados Unidos, a alta dos ovos ainda reflete os impactos da pior epidemia de gripe aviária da história, que eliminou mais de 58 milhões de aves em 2022-2023. Embora os preços tenham caído desde o pico de 2023 (US$ 4,82/dúzia), seguem 30% acima da média pré-crise, segundo o USDA. Motivos:
- Reposição de plantéis ainda em andamento;
- Custos elevados de logística e mão de obra;
- Demanda firme por ovos como alternativa econômica à carne bovina, que subiu 11% em 2024.
A alta dos preços e escassez de produtos no varejo levaram diversas pessoas a se tornarem criadoras de galinhas em casa, mesmo em grandes cidades.
Ovos Como Proteína Saudável: Brasil x EUA
No Brasil, o consumo é impulsionado por:
- Custos acessíveis (ovo é 4x mais barato que o frango);
- Tradição religiosa durante a quaresma;
- Popularização em dietas fitness e low-carb.
Nos EUA, o perfil inclui:
- Versatilidade culinária (ovos são base de cafés da manhã e meal preps);
- Forte apelo nutricional (6g de proteína/unidade);
- Expansão de nichos como ovos orgânicos e caipiras, que já representam 14% do mercado.
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Enquanto o Brasil espera estabilidade com o fim da quaresma, os EUA ainda enfrentam pressões.
Para ambos, porém, uma tendência é clara: o ovo se firma como aliado contra a fome e a inflação, com consumo global previsto para crescer 2,5% ao ano até 2030 (FAO).
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