queimadas no Brasil
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Por Gustavo Diniz Junqueira

As queimadas nas florestas, matas e plantações brasileiras representam um desafio significativo para a competitividade e a produtividade agrícola. Enquanto as causas e os impactos ambientais das queimadas recentes são amplamente discutidos, é importante focar nas ações de prevenção e controle que podem ajudar a mitigar essas perdas e proteger a economia agrícola do Brasil.

Inicialmente, é sempre útil reforçar que a prática de queimada é altamente prejudicial para a agricultura. O calor gerado pelo fogo é altamente danoso para o solo, para a qualidade das plantas e do ecossistema, dos animais, e por fim para a saúde humana. A queimada intencional (não criminosa ou por motivos naturais) para limpeza de áreas e cultivo é uma prática que foi abandonada há décadas.

Existe um consenso geral no mercado que estamos cada vez mais expostos aos riscos das queimadas por causas naturais. Mudanças climáticas, com alterações nos padrões de umidade do ar e do solo, devem ser consideradas na matriz de avaliação dos riscos. O mapeamento dessas áreas com mais vulnerabilidades ajudarão nas ações de prevenção e controle. Devemos prever a adoção de estratégias de prevenção e controle, com algumas iniciativas e inovações para que mitiguem os danos causados pelas queimadas.

Inicialmente, temos muitas opções para a adoção de tecnologias avançadas, como satélites e drones, associados aos modelos de risco baseados em aprendizado de máquina, tem se mostrado eficaz na prevenção e controle de queimadas. No bioma Cerrado, por exemplo, ferramentas como modelos de probabilidade de ocorrência de incêndios, estimativas de umidade da vegetação via satélite e mapas de risco de ignição têm sido implementadas por várias agências nacionais para monitorar incêndios e melhorar as respostas a desastres.

A gestão sustentável de florestas inclui estratégias como o desbaste de árvores, a remoção de vegetação morta, e a criação de barreiras naturais contra incêndios. Essas práticas ajudam a controlar a propagação do fogo e a reduzir a intensidade dos incêndios quando eles ocorrem. A implementação de espaços adequados entre árvores e o plantio de espécies mais resistentes ao fogo também são métodos eficazes para mitigar os riscos.

Outro bom exemplo eficaz são as brigadas de incêndio comunitárias, em modelo similar ao norte-americano. A formação de brigadas de incêndio, compostas por voluntários e profissionais treinados, tem sido uma prática eficaz para o combate e a prevenção de incêndios florestais. No Brasil, essas brigadas poderiam funcionar em colaboração com o governo e o setor privado, especialmente em áreas mais vulneráveis, como fronteiras agrícolas e biomas ameaçados.

Destaco também que é necessário um esforço coordenado entre diferentes níveis de governo e o setor privado para monitoramento contínuo de áreas de risco e resposta rápida a incêndios. O uso de sistemas integrados que combinam dados de múltiplas fontes pode melhorar significativamente a capacidade de resposta e reduzir o tempo de reação, evitando que pequenos focos se tornem grandes incêndios. A comunicação integrada entre os atores de monitoramento pode reduzir muito os desastres ocasionados pelas queimadas.

A incapacidade de controlar efetivamente as queimadas pode levar a perdas significativas de produtividade agrícola, impactando diretamente a competitividade do setor. Queimadas recorrentes danificam plantações e pastagens, aumentando os custos de produção e diminuindo a oferta de produtos agrícolas. Além disso, a destruição de terras agrícolas pode comprometer a segurança alimentar e aumentar os preços dos alimentos, afetando tanto o mercado doméstico quanto as exportações. E, na atual conjuntura de insegurança alimentar, temos que cuidar de todos os detalhes para que o problema não evolua.

Diante desses desafios, é imperativo que o Brasil intensifique suas estratégias de prevenção e controle de queimadas para proteger não apenas o meio ambiente, mas também a sustentabilidade econômica do setor agrícola. As opções existem. A adoção de tecnologias inovadoras, o fortalecimento da coordenação entre órgãos governamentais e a implementação de práticas agrícolas sustentáveis são passos relevantes para garantir que o agronegócio brasileiro continue competitivo no cenário global.

Gustavo Diniz Junqueira é empresário e ex-Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo

Artigo publicado no Estadão em 18/09 e no perfil do LinkedIn de Gustavo.

1 Comentário
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